sexta-feira, 7 de agosto de 2009
"Caramelo" // Longe da mesquita, as preocupações cotidianas
Curioso o longa Caramelo (Caramel, França/Líbano, 2007). Ao impor desgostos e alegrias a um grupo de mulheres de Beirute, direciona um olhar diferente para a bela e combalida capital. Nada de burkas, atentados a bomba ou fanáticos se flagelando na mesquita. Longe de qualquer estereótipo relacionado ao mundo árabe, é na intimidade de um salão de beleza que todos os dramas se resolvem.
Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, Caramelo revela para o mundo o talento de Nadine Labaki, diretora de videoclipes em seu primeiro trabalho para o cinema. Ela dirige e atua como Layale, proprietária do Si Belle, salão especializado em cortes de cabelo e depilação à base de açúcar derretido - o caramelo. Em torno dos cabelos negros e olhos amendoados de Layale estão clientes e funcionárias, envolvidas em preocupações de ordem pessoal: uma precisa de emprego; outra, forjar a virgindade para o noivo. A própria Layale ambiciona se aproximar de um policial casado.
Todos elesesbarram no maior dilema cultural vivido por jovens do Oriente Médio "democrático": assumir os valores liberais do Ocidente (o segundo idioma do Líbano é o francês) e seus consequentes itens de consumo, ou se curvar para a tradição conservadora baseada, entre outros princípios, na submissão da mulher ao homem. A tensão existe, mas não comprome a proposta de um filme leve, colorido e aprazível.
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