sexta-feira, 27 de abril de 2007

Wood & Stock no Festival de Annecy (França)



Quem avisa é Marta Machado, produtora do longa:

Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll, do gaúcho Otto Guerra, baseado nos personagens de Angeli, é o primeiro longa brasileiro de animação a ser exibido no mais importante festival do gênero no mundo, o Festival de Annecy, na França. Convidado Hors Concours para a edição 2007 do festival, Wood & Stock será apreciado pelo público da cidade do sul da França e também pelo grande número de compradores de conteúdo de animação que circula pelo evento.

Este ano serão exibidos 9 longas em competição e 13 hors concours. Um crescimento fenomenal se comparado aos 5 filmes em competição no ano passado, sinalizando o crescimento de uma indústria que vive um boom no mundo todo, inclusive no Brasil. Wood & Stock chega ao DVD no Brasil em julho pela Videofilmes.

No Recife, Wood & Stock continua em cartaz no Cinema Apolo. Mais informações aqui .

You Sapo: Cidadão Instigado + Youtube



Youtube + Cidadão Instigado = You Sapo. Hoje, sexta-feira (27), tem Sapo Cururu, a terceira edição do festival de cinema alternativo, cuja seleção este ano foi feita somente de vídeos do You Tube.

O formato é o mesmo dos anos anteriores: projeção de filmes paralelos à shows e discotecagem. Mais uma vez, a festa promete. A Cidadão Instigado de Fernando catatau não toca há um ano no Recife. E a discotecagem é de Lala K (antes do show) e DJ Tarta, que toca no Cururu desde a primeira edição. A partir das 23h, no Mercado Eufrásio Barbosa (Olinda). A projeção será no Teatro Fernando Cruz, e a festa, bem, fica do lado de fora, no saguão do Mercado. Os ingressos custam R$ 10.

A idéia do Sapo Cururu é brincar e provocar as curadorias e eventos institucionalizados - o alvo principal, obviamente, é o Cine PE. Só que, como o evento ganha corpo após o término das atividades do Cine PE, de certa forma, o Cururu virou uma espécie de extensão "underground", não-oficial do "concorrente".

Em 2005, havia na programação "Bethânia Bem de Perto" (a antiga película de Júlio Bressane), Wander Wildner e 3 ETs Records!, na cobertura do antigo Cine AIP (Dantas Barreto). No ano passado, as estrelas foram o inédito "O Veneno da Madrugada", longa de Rui Guerra, e shows de Jorge Mautner e Grilowsky, no hoje extinto Cine São Luiz.

Novo projeto de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz em sessão única no Recife

Imperdível a sessão de "Carranca Acrílico Azul Piscina", de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, nesta quarta (02), às 20h, no Cinema da Fundação.

Inicialmente batizado "Sertão de Acrílico Azul Piscina", este é um exercício de 26 minutos, considerado por Gomes "um ensaio poético sobre o Sertão". Com passagem em alguns festivais do Brasil e exterior, o vídeo documenta cenas do sertão nordestino contemporâneo - figuras humanas, devoção religiosa, sol escaldante. Imagens captadas em em diferentes suportes, como o super 8, slides fotográficos e filme de 16mm.

É bom chegar com alguma antecedência, porque provavelmente as 197 cadeiras da sala serão poucas. Esta é uma versão experimental do filme, em desenvolvimento desde o ano 2000. Além de conferir esta versão prévia, o público terá a chance de participar de um papo com Marcelo Gomes, que retomou o projeto com Aïnouz este ano. A entrada é franca, pois a sessão está dentro da programação do Cine-PE. Senhas serão distribuídas na bilheteria, a partir 19h30.

Se você não pode assistir no Cinema da Fundação, há uma versão editada em 2003 de "Sertão de Acrílico" disponível em DVD, na coletânea "Brasil 3x4", produzido pelo Rumos Itaú Cultural, programa que investiu no desenvolvimento do roteiro de Gomes e Aïnouz.

Abaixo, a sinopse enviada pela Fundaj:

Em 2000, Marcelo Gomes e Karin Aïnouz iniciaram um trajeto pelo Sertão observando como a tecnologia estava afetando uma cultura essencialmente vinculada a ancestralidade. A idéia era colocar essas informações num documentário afetivo e poético sobre esse paradoxal encontro. As pesquisas e a experiência ajudaram os cineastas a desenvolver outros projetos como “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “O Céu de Suely”, ficando o documentário “Carranca Acrílico de Azul Piscina” em segundo plano. Hoje a dupla retoma o projeto que passará por um novo tratamento ao longo de 2007 e se transformará num longa-metragem, recebendo outro nome e nova abordagem.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Parakuki - novo CD com arte de Paulinho do Amparo



Saindo do forno mais um CD com a capa assinada por Paulinho do Amparo. Parakuki é o primeiro projeto solo de Shina, ex-integrante de várias bandas pernambucanas durante os anos 90. Por enquanto, ele pode ser comprado a R$ 12 pelo email shinadabanca@hotmail.com, ou então na filial da loja Chilli Beans do Shopping Tacaruna (limite Recife/Olinda). Para os leitores deste blog, sai por R$ 10. É só se identificar na hora da compra.

Capas de discos ilustradas ou com histórias em quadrinhos são uma combinação certeira. Remontam aos álbuns de jazz desenhados por Gene Deitch nos anos 30 e 40. Do namoro do underground com o rock'n'roll, o caso mais representativo é a capa de Cheap Thrills, a banda de Janis Joplin, por Robert Crumb. No Brasil, Tubarões Voadores (1984), do meu conterrâneo Arrigo Barnabé, trouxe a alucinada arte de Luiz Gê para o universo da música. Mais recentemente, Aystelum, de Ed Mota, traz no encarte uma história de detetive, arte da talentosa Edna Lopes, esposa de Motta e autora da poética HQ Amana ao Deus Dará.

Em Pernambuco, Paulinho do Amparo vem experimentando não só a linguagem dos quadrinhos em capas de CDs, mas o próprio formato e matéria prima desse produto. Os CDs de seu selo, 3 ETs Records!, são encartados em envelopes de papelão serigrafados e dobrados. O resultado, rústico e artesanal, faz seu trabalho ser como uma marca própria, reconhecida à distância. O que fez da cantora Isaar de França (CD Azul Claro), do grupos Mundo Livre (Bêbadogroove) e Orquestra Contemporânea de Olinda, e do cineasta Cláudio Assis (Baixio das Bestas) entrarem no rol dos clientes de Paulinho.

O encarte abaixo é do CD A Misteriosa Luz Negra, dos 3 ETs. Clique para ampliar.



Pra quem quiser saber mais sobre o CD de Shina, publico abaixo o texto de apresentação que escrevi para ele Parakuki:

Shina-o-town – Parakuki

"Papai, toma parakuki", disse o menino Ian, do alto dos três anos de idade. Ele segurava entre os dedos o pequeno, aliás, invisível, parakuki. O pai, codinome Shina-o-town, abriu a boca e fez que comeu. Sorriso nos lábios do garoto. Mal sabia que sua fantasia infantil renderia mais do que este momento em famíla: parakuki virou CD.

O projeto Parakuki é uma viagem com beats eletrônicos, funk, hip hop, ragga e afoxé. É também o primeiro vôo solo de Shina, "Shina com S, você jamais esquece", brinca o cantor, compositor e percussionista, para se diferenciar do quase-xará, vocalista do grupo Del Rey: a pronúncia é a mesma; o conteúdo, um tanto diferente.

As bases misturam samplers e os inconfundíveis sons low-fi produzidos no estúdio 3 ETs Records!, do olindense Paulo do Amparo. Um amigo "desde a idade da pedra lascada", Paulinho não está no projeto por acaso. Para Shina ele é uma espécie de guru. Se conheceram antes mesmo dos longínquos 1990, quando tocaram na Massa Encefálica, a banda punk hardcore que tinha na formação Hugo Carranca (ex-Bonsucesso e atual Guardaloop) e Davi Ratz-Azary na formação.

Letra e voz são matéria prima pra qualquer MC, e é onde reside a força criativa de Shina. Crescido em São José, bairro de tradicional blocos carnavalescos, ele faz questão de informar que, por volta dos dez anos, era tricampeão de frevo, e que desde cedo aterrorizava na capoeira. Passado que se reflete nas letras de Parakuki, assim como a crítica ao racismo, o registro do cotidiano dos camelôs e os recentes ataques de tubarão na praia de Del Chifre, onde costumava pegar onda na adolescência.

Parakuki é um novo "marco zero" na carreira de quem já tocou na Sô Severino (com Tânia Cristal) e Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis; gravou dois CDs com Girimum e seus Machiches, banda em que também compôs e cantou, de 1993 a 2004; teve passagem por dois Abril Pro Rock (1996 e 1997, na jam session em homenagem a Chico Science, com Max Cavalera, Otto, Nação Zumbi e O Rappa), dois PE No Rock (1997 e 2004) e pelo Festival de Inverno de Garanhuns (1996), quando Jorge Cabeleira abriu para Alceu Valença.

Se essa história fosse uma roda de capoeira, Shina arriscou levar rasteira, esquivou, ensaiou o rabo-de-arraia, saiu na bananeira e deu a volta ao mundo, pra começar tudo de novo.

Tome Parakuki você também!

André Dib

terça-feira, 24 de abril de 2007

Sofia Coppola na Rua do Amparo



O ótimo "Encontros e Desencontros" (Lost In Translation, EUA, 2003), de Sofia Coppola é o filme desta quarta (25), às 20h, na Galeria Artes e Cores. A casa fica à Rua do Amparo 319, Amparo, Olinda (Cidade Alta). A geleria tem promovido sessões semanais há pouco mais de um mês. E, pelo que tudo indica, a boa seleção continuará nas próximas semanas.

Segundo filme da filha de Francis Ford (ela também dirigiu As Virgens Suicidas e Maria Antonieta), "Encontros e Desencontros" tem referências pop, imagens bem construídas, e boas atuações de Bill Murray e Scarlett Johanson.

Leia "Vagabond vol.12" no Dia do Samurai!



Feliz Dia do Samurai!

24 de abril é o dia do samurai. A data faz parte do calendário oficial das cidades de São Paulo (desde 2005) e Ribeirão Preto (desde 2006). Ela foi criada em homenagem ao Sensei Jorge Kishikawa, fundador do Instituto Niten, considerada a maior escola de cultura e técnica samurai fora do Japão.

Para comemorar no mundo dos quadrinhos, a Conrad lançou esta semana o 12º volume da série Vagabond (212 páginas, R$ 27,90), de Takehiko Inoue. A edição de luxo da história de Musashi é um dos melhores e mais longos trabalhos contínuos da editora paulista.

Desenhado com primazia de detalhes, o mangá tem pouca conversa e muita contemplação, intercalada com lutas violentas. Uma narrativa fluente, que prende o leitor até o a última página.

"O Alienista" em quadrinhos: um bom exemplo de adaptação



Os irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá fizeram uma bela versão em quadrinhos de "O Alienista" (R$39,90), de Machado de Assis. Editado pela Agir, recentemente adquirida pela Ediouro, o livro está sendo anunciado como o primeiro de uma série a adaptar clássicos da literatura brasileira. Que venham mais.

Longe da chatice das adaptações convencionais, os autores acertaram a mão. Não mutilaram o texto para caber em poucos quadros (tiveram espaço para isso, são 72 páginas), fizeram bom uso da linguagem dos quadrinhos: sequências em silêncio, cores em tons de sépia, uso de metáforas e um traço que caracteriza com pompa e nobreza os personagens deste conto passado no fim do século 19.

Talvez por isso a palavra "quadrinhos" está ausente da capa. Os editores preferiram usar o eloqëente "Grandes clássicos em graphic novel". Não importa o nome, a obra é um convite irresistível a conhecer o alienista original.

Outro trabalho dos irmãos desenhistas, "De:TALES" (Dark Horse), acaba de ser indicado ao Eisner Awards, o "Oscar" dos quadrinhos, na categoria "Melhor edição americana para material estrangeiro".

"Música para os Olhos": um filme à altura do poeta



Uma maravilha assistir a "Cartola - Música para os olhos" no Cinema da Fundação. Sala lotada, prazer compartilhado em silêncio, ou nem tanto: alguns cantaram baixinho as músicas do mestre. Enquanto esperava na fila, me veio a pergunta que fiz desde quando soube da produção, em 2004, enquanto Lírio Ferreira e Hilton Lacerda (também autores de "Baile Perfumado") disseminaram delírio e poesia com "Árido Movie": "um carioca não contaria com mais propriedade a vida de Angenor de Oliveira?"

A dúvida, estendida por três anos, acabou em poucos minutos. Fica claro que este não pretende ser "o" documentário sobre o sambista; será muito melhor aproveitado se entendido como "um" olhar que extrapola o personagem, aqui reconstruído de forma bem subjetiva, em imagens de arquivo, trechos de filmes nacionais, entrevistas para TV e rádio, e na fala dos amigos e familiares. A montagem é um grande mérito: hipertextual, caótica, imprevisível e entrecortada, aos poucos recria o contexto social, político e cultural do período vivido por Cartola (1908-1980).

Verbalmente, não há novidade - e nem precisa. A história de Cartola já está bem contada e recontada, da juventude boêmia para compositor e fundador da Mangueira, os anos de ostracismo, o resgate cult nos anos 60, a importância da família e a lamentada morte por câncer. Por outro lado, o material de arquivo informa mais do que a escrita pode revelar: os modos de falar, vestir e se expressar; os ambientes, as locações onde se deu boa parte da história do samba.

A abordagem é outro caso à parte. O bairro da Mangueira, por exemplo, chega através dos fios de eletricidade, as casas saindo do quadro, fora de foco. Os arcos da Lapa entram em cena pela sombra projetada nas ruas. O próprio Cartola se faz presente assim, sutil e enviezado.

Na primeira parte, ele surge aos poucos, em uma ou outra foto, com falas dispersas, um centro invisível em que giram os demais elementos. O uso de quadros dramáticos para preencher a falta de registro dos primeiros tempos lembra o excelente "The Soul of a Man", onde Wim Wenders faz o mesmo para recuperar trechos da vida de Blind Willie Johnson. Blues, samba, música negra.

"Música para os olhos" é também um diálogo com o cinema brasileiro. Nele, imagens do enterro de Cartola conversam com "Di", de Glauber, proibido no Brasil pela família do pintor. Trechos de "Brás Cubas", a adaptação de Julio Bressane para o clássico machadiano, clama pela liberdade de criação frente à importância de um ícone cultural do samba. Mário Reis arremessando discos no mar e cantando em estúdio foram pinçadas de "O Mandarim", outro filme de Bressane aqui invocado, cujas cenas exibidas ao contrário com certeza inspiraram a sequência de imagens da ditadura militar.

Em meio a tantas referências e documentos antigos, surge um recado maior do que a importância de Cartola: a necessidade de cuidar melhor de nossa memória coletiva. Fitas VHS amassadas, películas deterioradas e depoimentos desmagnetizados são problemas que poderiam pesar contra a qualidade do filme, não fossem usados a seu favor. Solução bem conhecida do cinema periférico, acostumado a transformar limitação técnica em recurso de linguagem.

São essas infinitas citações, aspecto tão instigante aqui quanto a figura de Cartola, o elemento gerador de algumas críticas negativas. Isso porque, neste documentário, o cinema tem uma carga poética tão grande quanto àquela contida em Cartola. Equilíbrio mantido até os últimos quinze minutos, quando a montagem ágil e inteligente cede espaço para a exagerada e quase submissa reverência ao compositor. Um deslize que não tira o brilho deste filme atípico entre as recentes cine-biografias nacionais.

Por fim, é muito bom constatar que, em nenhum momento, a produção pode ser considerada "pernambucana". Seu olhar não tem origem, é simplesmente "estrangeiro". A despeito dos inevitáveis pernambucanismos e carioquismos, "Música para os olhos" é, antes de tudo, brasileiro.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Cartola - Música para os Olhos



Pernambuco (também) é samba.

Estréia nesta sexta (19), no Recife, o filme Cartola - Música para os olhos, documentário da dupla pernambucana Lírio Ferreira e Hilton Lacerda. Muita expectativa em torno do projeto, que levou quase dez anos para ser concluido.

Horários e demais informações no post abaixo.

Cinema da Fundação - programação da semana

Programação de 20 a 26 de abril a 2007

Estréia EXCLUSIVA no Cinema da Fundação

Cartola: Música para Os Olhos, De Lírio Fereirra e Hilton Lacerda.
Cartola ainda criança, em roupas de demônio, corre pelas ruas do bairro das Laranjeiras, Rio de Janeiro, durante o período carnavalesco, animando o Rancho dos Arrepiados, um dos blocos que ainda existiam na ainda Capital da República. As cores do bloco são o verde e o rosa. "Cartola", o filme, foi captado com recursos digitais, o documentário conta, por meio de imagens de arquivo e depoimentos, a vida de um dos sambistas e compositor mais admirado da música brasileira. RioFilme / Inédito / Livre / 80 min. / Projeção digital / Tela plana

Horário
sex – 16h50 - 20h - 21h40
sab – 16h50 - 20h30 –
dom – 16h50 – 20h30
ter a qui – 16h50 – 18h30 – 20h20

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O Cinema da Fundação abre espaço para a Mostra “Abrindo Cabeças”, promovida pela 11º edição do Cine-PE: Festival do Audiovisual. A mostra apresenta três obras realizados no período do Cinema Novo,

Sexta, 20 de Abril, 18h30
Opinião Pública(Brasil, 1967). Documentário de Arnaldo Jabor. Em “Opinião Pública”, o diretor faz, aos 27 anos, o primeiro filme de longa-metragem no estilo cinema verdade, analisando os corações e mentes da classe média brasileira, logo depois da "revolução" militar de 1964, mostrando como a classe média, com seu conservadorismo e ingenuidade, apoiou esse retrocesso histórico no país. Cinemateca Brasileira / Livre / 65 min. / 35mm / Tela Plana / Mono

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Sábado, 21 de Abril, 18h30
Boca de Ouro (Brasil, 1962). De Nelson Pereira dos Santos. Com Odete Lara, Jece Valadão, Daniel Filho, Maria Lúcia Monteiro, Ivan Cândido, Wilson Grey. Baseado em peça homônima de Nelson Rodrigues e filmado de forma brilhante por Nelson Pereira dos Santos. Boca de Ouro (Jece Valadão) decide arrancar todos os dentes para colocar uma dentadura de ouro. Por ter sido abandonado pela mãe em uma pia de banheiro, deseja também que seu caixão seja todo de ouro, para se recuperar do trauma que sofreu. Boca de Ouro começa apresentando seu protagonista, que acabara de morrer assassinado. O repórter Caveirinha (Ivan Cândido), designado para descobrir a verdadeira história do marginal, vai entrevistar sua ex-amante, Guigui (Odete Lara), que conta três diferentes versões da vida do bicheiro. Tela plana / 14 anos / 103 min. / Mono / Cinemateca Brasileira / Livre

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Domingo, 22 de Abril, 18h30

VIDAS SECAS (Brasil, 1963). De Nelson Pereira dos Santos. Com Átila Ióri, Maria Ribeiro, Orlando Macedo, Jofre Soares, Gilvan Lima, Genivaldo Lima. Rara oportunidade de ver no cinema a obra-prima de Nelson Pereira dos Santos, uma das melhores adaptações de uma obra literária para o cinema, neste caso, da obra de Graciliano Ramos. "Vidas secas" exibe o limite da incomunicabilidade e animalização do homem na família de retirantes que se desloca em movimento circular entre uma trégua e outra dada pela hostilidade da natureza. Filme determinante no período do Cinema Novo. 103 min. / Livre / 35mm / Tela plana / Mono / Cinemateca Brasileira

Promoção: Diretoria de Cultura
Rua Henrique Dias, 609, Derby 3073.6688, 3073.6689, 3073.6712 e 3073.6651 - cinema@fundaj.gov.br – Ingressos: R$ 6,00 (inteira) – R$ 3,00 - (acima de 60 anos/estudantes)

quarta-feira, 18 de abril de 2007

CinEscola em nova temporada



A periferia mostra sua garra.

Sexta-feira (20), às 19h, começa a nova temporada do CinEscola. O projeto itinerante desta vez exibirá “Uma Onda no Ar”, de Helvécio Ratton. A primeira sessão será na Escola Municipal Diná de Oliveira, bairro da Iputinga, comunidade do Detran. A entrada é franca.

Antes, será exibido “Lixo no Lixo” (2005), animação de sete minutos, resultado de uma oficina comunitária realizada no bairro do Ibura, e selecionado para a Mostra Infantil do Cine PE 2006.

Baseada em fatos reais, "Uma Onda No Ar" conta a experiência dos criadores da Rádio Favela, fundada nos anos 80, em Belo Horizonte (MG).

Dentro da proposta de inserção e interação promovida pelo projeto, escolas com experiência em rádio comunitária vão transmitir a abertura do evento.

Até 11 de maio, sempre às 19h, "Uma Onda No Ar" será exibido em mais cinco pontos do Recife. Abaixo, o roteiro completo. Mais informações com Andréa Mota, coordenadora do CinEscola: (81) 3463.6662/ 9924.3318.

20/04 (6ª feira): Escola Municipal Diná de Oliveira, Detran. Escolas Municipais Convidadas: João Pernambuco, Arraial, Iputinga, João XXIII e Rodolfo Aureliano.

26/04 (5ª feira): Escola Municipal São Cristóvão, Guabiraba. Escolas Convidadas: Escola Municipal da Guabiraba.

03/05 (5ª feira): Escola Municipal Dom Bosco, Jardim São Paulo. Escolas Municipais Convidadas: Balbino Menelau, Manoel Rolim, Valdemar Valente e Maria da Paz Brandão.

04/05 (6ª feira): Escola Municipal Antônio Heráclio do Rego, Água Fria. Escolas Municipais Convidadas: Mário Melo, Olindina Montenegro e Paulo VI.

10/05 (5ª feira): Escola Municipal Pedro Augusto, Soledade.

11/05 (6ª feira): Escola Municipal Oswaldo Lima Filho, Pina. Escolas Municipais convidadas: Novo Pina.

Dogma 95 no Amparo



A amiga Marilda avisa há algumas semanas está rolando projeção de filmes na Galeria Cores e Arte, na Rua do Amparo, cidade alta de Olinda. O filme desta quarta-feira (18), às 20h, é nada menos do que "Festa de Família", do dinamarquês Thomas Vintemberg.

É a primeira realização do Dogma 95, movimento criado por cineastas que afrontaram Hollywood ao produzir bons filmes sob regras rígidas: câmera somente na mão, som e luz diretos, cenários reais, e sem trilha sonora ou efeitos especiais.

A força destes filmes, que incluem "Os Idiotas" de Lars Von Trier, está nas atuações, roteiro e uso criativo dos recursos de linguagem. Em "Festa de Família", por exemplo, a qualidade das imagens faz o filme parecer algo amador, gravado por aquele tio experimentando a câmera VHS.

Por isso, se você gosta de cinema com C, ou estiver de bobeira "tomando uma" na Bodega do Véio, vale a pena conferir.

domingo, 15 de abril de 2007

João Pessoa-PB comemora o Dia Mundial do Desenhista

Quinze de abril, é o Dia Mundial do Desenhista. Enquanto o site da FTD comemora com a música Aquarela, de Toquinho, o Quadro Mágico conseguiu apurar um evento comemorativo em João Pessoa-PB: uma exposição de sete artistas paraibanos.

Abaixo, matéria publicada no Jornal de Paraíba sobre o evento:

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Fazendo graça com o cotidiano
ANDRÉ CANANÉA

Eles são responsáveis pela graça do nosso dia-a-dia. Com a habilidade e o talento de desenhar e construir frases e diálogos memoráveis, os chargistas, cartunistas e caricaturistas costumam criticar, com muito bom humor, as situações políticas e sociais do nosso cotidiano. E alguns desses trabalhos feitos aqui mesmo, na Paraíba, estarão expostos, a partir desta segunda-feira, na Sala de Exposição Tomaz Santa Roza, no Casarão dos Azulejos, em João Pessoa.

Trata-se da mostra coletiva “Criadores do Humor”, que reúne 28 trabalhos, entre charges, caricaturas, cartuns e ilustrações de sete paraibanos de renome na área: Cristóvam Tadeu, Domingos Sávio, Fred Ozanan, Henrique Magalhães, Luzardo Alves, Régis Soares e William Medeiros. A abertura da exposição está marcada para as 19h30 com apresentação de música ao vivo, performance teatral e exibição de vídeos. A ação da Subsecretaria de Cultura do Estado é uma homenagem ao Dia Mundial do Desenhista, comemorado no dia 15 de abril. A exposição fica aberta à visitação até final de abril, das 12h às 17h.

Apesar de comumente serem confundidos, charge, cartum e caricatura são tipos de desenho bem distintos. A charge é uma crítica baseada em fatos reais, em acontecimentos do cotidiano. “A charge é uma palavra de origem francesa que significa ‘carga’. Então os ilustradores soltavam na charge toda sua ‘carga’ crítica e irônica através dos desenhos”, ensina William Medeiros, um dos grandes caricaturistas do Estado, que tem uma grande contribuição também como chargista.

Ao contrário da charge, o cartum não tem amarras com fatos reais. “É uma piada desenhada, com um tema universal, um tema livre”, conceitua William. Já a caricatura é uma distorção da fisionomia de uma pessoa. “Muita gente confunde charge e caricatura, mas são coisas distintas. A caricatura pode fazer parte da charge”, explica. Alunos da UFPB também mostrarão seus dotes artísticos na coletiva. Alisson Ricardo, Galdino Otten, Jacqueline Lima, Leonildo Galdino, Maximiano Fernandes, Miguel Felipe, Nícollas Golzio, Raoni Xavier e Ricardo Jaime - a maioria design ou ilustrador.

sábado, 14 de abril de 2007

Gilberto Freyre, escritor, pintor e desenhista



Será nesta terça-feira (17), às 19h, no auditório da Livraria Cultura do Recife, o lançamento do livro "DO MUCAMBO À CASA-GRANDE - Desenhos e pinturas de Gilberto Freyre" (Companhia Editora Nacional), organizado e com comentários do antropólogo Raul Lody, curador da Fundação Gilberto Freyre e também da Fundação Pierre Verger.

O livro reúne desenhos, aquarelas e óleos de Freyre, ao longo de sete capítulos: O olhar ecológico, A casa é o Recife, Ao abrir a porta, A casa de moradia, Os santos da casa, A casa de Gilberto Freyre e O artista Gilberto Freyre. Além disso, há um ensaio de Lody sobre o significado da casa na obra de Freyre, e um poema inédito deste famoso escritor pernambucano sobre os mucambos do Recife.

O livro tem 180 páginas, e está sendo vendido a R$ 62. A Livraria Cultura fica no Shopping Paço Alfândega (Rua Madre de Deus, s/n - Bairro do Recife).

Informação extre: no site da Fundação Joaquim Nabuco há alguns textos sobre o lado pintor de Gilberto Freyre, escritos por Francisco Brennand, Lula Cardoso Ayres e João Câmara, entre outros.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

19º HQ Mix - lista dos indicados para o troféu

Antes mesmo do site oficial, o blog Universo HQ já está divulgando os indicados à 19a. edição do Troféu HQ MIX, uma das mais respeitadas premiações do país. A enorme lista (são 47 categorias) publicada no blog inclui talentos nacionais e internacionais, como Lourenço Mutarelli (Caixa de Areia), Fido Nesti (Os Lusíadas) e Milo Manara (El Gaucho, Bórgia - Poder e Incesto, Clic). Por si, a lista dos indicados serve como um ótimo guia para saber o que houve de melhor no mundo dos quadrinhos em 2006.



O primeiro volume da coletânea pernambucana Domínio Público - Literatura em Quadrinhos mandou ver em cinco indicações. O projeto, que adapta contos clássicos para as histórias em quadrinhos, concorre como melhor Publicação Mix e melhor Publicação Independente. Os artistas que trabalharam na Domínio Público também estão na fita. Na categoria Desenhista Nacional foram indicados os grandes Mascaro (por O Soldado Jacob, de Medeiros e Abulquerque) e Samuel Casal (por A Ilha de Cipango, de Augusto dos Anjos). Na categoria revelação está o brasiliense Kleber Dantas, meu parceiro de trabalho na adaptação de A Cartomante, de Machado de Assis, em que produzi o roteiro. Uma responsa, "editar" um texto machadiano...

Ainda entre os pernambucanos, figuram o Festival Internacional de Quadrinhos de Pernambuco e a jornalista especializada Carol Almeida, do Jornal do Commercio.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Lançamento paulista de "Sexo, Glamour e Balas"



Essa é pra quem mora em Sampa. A Opera Graphica e a Livraria Cultura convidam para o lançamento do livro "Sexo, Glamour e Balas", de Eduardo Torelli. Dia 18, 18h30, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Loja de Artes) - Av. Paulista, 2073, telefone (11) 3170-4033.

Mais detalhes sobre o livro estão numa postagem anterior.

Oi Kabum: Jovens artistas saindo do forno



Nesta sexta (13), a partir das 16h, acontece a Mostra Aí Kabum! - I Exposição dos Jovens do Projeto Oi Kabum!. A exposição é resultado de um projeto mantido pela escola de arte e tecnologia Oi Kabum!, que visa capacitar jovens com aulas de fotografia, vídeo e outras áreas produtivas da cultura. A atividade é fruto de uma parceria entre a ONG Auçuba, a Oi Futuro e a Prefeitura do Recife. O endereço de lá é Rua do Bom Jesus, 147 - Recife Antigo, e o telefone para visitas guiadas, 3224-0281. A exposição ficará aberta durante um mês, entre 16 de abril e 16 de maio (segunda à sexta), das 14h às 18h.

Entre os instrutores do projeto está o artista gráfico João Lin, responsável pelas aulas de design ao lado de Rosana Aires. A julgar pelo excelente nível cartaz acima (clique para ampliar), de autoria de Fred Silva, 19 anos, os alunos aprenderam rapidinho. Orientado para criar um desenho inspirado no artista plástico Mondrian, Fred Silva extrapolou as expectativas criando numa estética bem parecida com a do gaúcho Fábio Zimbres. Seu cartaz foi selecionado entre 20 trabalhos da classe, segundo João Lin, todos muito bons. Ou seja, parabéns à turma de estreantes!

Cine Ceará: inscrições abertas até 20 de abril



A assessoria de imprensa do Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema avisa que as inscrições para a 17º edição do evento continuam abertas até o dia 20 de abril. Neste ano, o melhor longa receberá como prêmio a quantia de 10 mil dólares.

As inscrições são gratuitas para a competição de curtas e longas. O festival acontecerá entre 1º e 8 de junho de 2007, em Fortaleza/CE.

A ficha de inscrição deverá ser preenchida e enviada pelo correio com a data de postagem até 20 de abril. Tanto o regulamento do festival quanto a ficha de inscrição estão disponíveis no site do festival.

Os gêneros aceitos são documentário, ficção, experimental e animação, com o tempo de no máximo 20 minutos para os curtas, e no mínimo 70 minutos para os longas, produzidos a partir de abril de 2006, e finalizados em 16 e 35 mm ou vídeo.

Este ano, o longa vencedor receberá um prêmio de 10 mil dólares. Mais informações podem ser obtidas com a organização do festival, a Casa Amarela Euselio Oliveira.

Informações sobre o festival:

Casa Amarela Euselio Oliveira
(85) 3366-7773 / 3366-7772

No ano passado o Cine Ceará passou a ser íbero-americano, e a estrela do evento foi o cinema argentino, tanto em número de prêmios, quanto pela presença de Fernando Birri, o veterano diretor do país do tango. Cuba também teve presença forte, sendo a Escuela de Cinema de San Antonio de Los Baños, uma grande homenageada.

Atipicamente, os filmes pernambucanos não apareceram na programação do ano passado. Em 2004, por exemplo, "Amarelo Manga" foi ovacionado por lá. Espera-se que "Baixio das Bestas "(que ainda este mês será exibido no Cine-PE), cause o mesmo efeito de seu antecessor.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Jim Jarmusch na estréia da nova cafeteria do Cinema da Fundação


Sobre Café e Cigarros , o excêntrico longa de Jim Jarmusch ("Flores Partidas", "Dead Man", "Down By Law"), está de volta ao Recife, em exibição única nesta quinta (12), no Cinema da Fundação. Mais que conveniente, o motivo é celebrativo: a reinauguração da cafeteria do cinema, batizada sugestivamente "Café Castigliani". Era o que estava faltando desde que o local foi inteiramente reformado, no começo do ano passado.

Os novos responsáveis pelo estabelecimento são o cineasta Leonardo Lacca e sua parceira, Nara Oliveira. O que antes era uma lanchonete um tanto limitada, agora parece que vai combinar bem com a tradicionalmente elogiada programação de filmes. É verdade, não é comum um cineasta ser dono do café de cinema. Lacca, no entanto, foi além: ele e Oliveira se especializaram no assunto fazendo um curso de barista no Centro de Preparação de Café de São Paulo.

A exibição está marcada para às 20h20. No fim da projeção, Lacca e Oliveira fazem discotecagem. Com a programação especial, a Fundaj informa que a sessão de O Homem Duplo, marcada para esta data e horário, está cancelada. Abaixo, uma sinopse feita pela Fundaj para o filme de Jarmusch, que conta com a participação de seus atores prediletos: Tom Waits (contracenando com Iggy Pop), Roberto Benigni, Bill Murray, Alfred Molina, e mais os irmãos Jack e Meg White (da banda White Stripes).

Antes, uma suposição sobre o nome do bistrô: Castigliani é o sobrenome da família de mafiosos que perseguem um personagem de David Lynch no intrigante "Cidade dos Sonhos". No filme, um dos irmãos experimenta um 'espresso' curto, mas, exigente que é, cospe o líquido preto num guardanapo de pano...

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Sobre Cafés e Cigarros
Quinta-Feira, 20h20, dia 12. Ingresso: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia)

Reunindo uma série de 11 curtas-metragens, o filme apresenta diversos personagens que, bebendo café e fumando cigarros, discutem os mais variados temas, tais como picolés com cafeína, Abbott & Costello, a ressurreição de Elvis Presley, a forma correta de se preparar um chá inglês, as invenções de Nikola Tesla, desentendimentos familiares, Paris nos anos 1920, rock, hip hop e o uso da nicotina como inseticida.
Filmes do Estação / Tela Plana / Projeção Digital / 96 min. / Dolby Digital / 14 anos.

Cinema da Fundação - programação da semana



- adaptado do release da Fundaj

CINEMA da FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO

Promoção: Diretoria de Cultura - Rua: Henrique Dias, 609, Derby 3073.6688 e 3073.6689 - cinema@fundaj.gov.br – Ingressos: R$ 6,00 (inteira) – R$ 3,00 - (acima de 60 anos/estudantes

Todas as Quartas-Feiras, Professor apresentando documentação tem entrada franca no Cinema da Fundação, via “Sessão Bossa Mestre”

Além de dar continuidade à programação normal (2a. semana de Em Direção Ao Sul, 3a. semana de Pro Dia Nascer Feliz), O Cinema da Fundação traz esta semana a mostra especial Globalização, Globalizações, organizada em parceria com o Ministério Francês das Relações Exteriores e a Aliança Francesa do Recife.

Destaque da programação vai para o filme O PESADELO DE DARWIN (Le Cauchemar de Darwin, 2004), documentário indicado ao Oscar.

Esta programação terá entrada franca. Apresentaremos na Sala João Cardoso Ayres e na sala de cinema (Cinema da Fundação) uma seleção de documentários unidos pelo tema Globalização, tema que revela-se uma das principais preocupações do mundo contemporâneo. As projeções serão seguidas de um debate com especialistas e o público.

Programação de 13 a 19 de abril de 2007

2ª semana
Em Direção ao Sul (Vers le Sud, França/Canadá, 2005). De Laurent Cantet. Com Charlotte Rampling. Uma professora (branca) de literatura nos seus 50 e poucos anos visita o Haiti, nos anos 70. Desencantada com a rotina da sua vida normal, ela descobre um novo prazer nos belos corpos de rapazes negros da praia paradisíaca que visita, corpos que podem ser comprados por quantias irrisórias. O diretor Laurent Cantet investiga a divisão entre mundo rico e mundo pobre, questões de raça e sexualidade nesse filme que vira a mesa em temas geralmente vistos como “delicados” quando o ponto de vista é masculino.

105 min. / Imovision / Dolby SR / Inédito / 16 anos / Tela Plana

Sexta: 16h20 / 20h10
Sáb / dom: 18h10 / 20h10
Ter: - 16h30
Qui – 18h

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Pro Dia Nascer Feliz (Brasil, 2006). De João Jardim. Depois de investigar o olhar no bem sucedido Janela da Alma (lançado no Recife em 2002 pelo Cinema da Fundação), o cineasta João Jardim registra o adolescente brasileiro e sua relação com a escola. São meninas e meninos, ricos e pobres, em situações que revelam precariedade, preconceito, violência e esperança. Em três estados brasileiros (Pernambuco, Rio, São Paulo), em classes sociais distintas, adolescentes falam da vida na escola, seus projetos e inquietações numa fase crucial da formação. Professores também expõem seu cotidiano profissional, ajudando a pintar um quadro complexo das desigualdades no país a partir da realidade escolar. Prêmio especial do júri no Festival de Gramado 2006. Exibição em digital / Tela Plana / Dolby / 88 min. / Copacabana Filmes / Livre

HORÁRIOS
Sexta – 18h20
Sab / Dom / Qui : 16h20
Qua: 17h30

MOSTRA GLOBALIZAÇÃO GLOBALIZAÇÕES
SEGUNDA FEIRA 16
17H - Sala João Cardoso Ayres
Globalização, Violência ou Diálogo? + debate . Mondialisation, violence ou dialogue? (França, 2002). De Patrice Barrat. Cores. Duração 52’. Após os violentos eventos de Seattle e Gênova, por ocasião das cúpulas do G8, vêm o 11 de setembro e suas repercussões mundiais. A ideologia do Bem contra o Mal, a de uma guerra entre diferentes culturas e o confronto entre religiões também se enquadram no âmbito da globalização. Embora, por enquanto, as oposições entre partidários e contestadores da globalização sejam apenas verbais, não deixa de ser verdade que as visões antagonistas entre “a sociedade civil” e “os poderes instituídos” são tão generalizadas que o nosso mundo pode vir a cair na armadilha de forças que o paralisarão. Seleção Oficial - Festival do Filme de Shanghaï, 2002 - CinemAmbiente, Festival do Filme Ambiental, Itália, 2002 - 7° Festival do Filme Ambiental, Turquia, 2003 - Encontros Mídias Norte-Sul, 2003 - Festival de Bombaim, WSF, 2003.

Debatedores: Jacques Laberge e Marcos Guedes de Oliveira

Marcos Guedes de Oliveira tem pós-doutorado em Relações Internacionais pelo IHEAL de Paris, é professor de Política Externa Brasileira na UFPE e pesquisador do CNPq.

Jacques Laberge é psicanalista. Foi membro da École Freudienne de Paris. Participa da Intersecção Psicanalítica do Brasil.

19h (Cinema da Fundação) - Ilha das Flores (Brasil, 1989). De Jorge Furtado. Cores. Duração 13’. Um tomate é plantado, colhido, vendido e termina no lixo da Ilha das Flores, entre porcos, mulheres e crianças. Entre documentário e ensaio poético-político, o realizador decompõe simplesmente os mecanismos da globalização. Melhor curta, melhor montagem, melhor roteiro e prémio da crítica e do público – Festival de Gramado 1989. Urso de prata - Festival de Berlim, 1990. Prêmio da crítica e do público – Festival de Clermont-Ferrand, 1991. Prêmio do Público – competição No Budget do Festival de Hamburgo, 1991

19h15 (Cinema da Fundação) - O Pesadelo de Darwin + Debate (Darwin's Nightmare, França/Áustria/Bélgica/França, 2004). De Hubert Sauper. Cores. Duração 107’. Classificação etária Livre. Poderia começar como uma lenda oriunda da África. Nos anos 60, na Tanzânia, um peixe chamado perca do Nilo, um predador voraz que dizima todas as outras espécies, foi introduzido no Lago Victoria. Desta catástrofe ecológica nasceu uma indústria lucrativa, pois a carne branca do enorme peixe é exportada com sucesso para todo o hemisfério norte, para os países ricos. Mas, no lago, imensos aviões cargueiros da ex-URSS compõem um balé constante, abrindo caminho para um outro comércio. Pescadores, políticos, pilotos, prostitutas e industriais tornam-se cúmplices ou vítimas de um drama que ultrapassa a imaginação. As margens do maior lago tropical do mundo são hoje palco de um pesadelo da globalização. Melhor Filme Documentário Europeu - EFA 2004. Prêmio Europa Cinémas - Festival Internacional do Filme de Veneza 2004. Grande Prêmio Documentário - Festival do filme do Meio Ambiente de Paris 2004. Prêmio do Publico - Festival de Belfort 2004. Grande Prêmio do Melhor Filme - Festival de Copenhague 2004. Prêmio do Melhor Documentário - Festival de Montreal 2004. César 2006 do Melhor Primeiro Filme.

Debatedores: Marcelo de Almeida Medeiros e Fábio Hazin

Marcelo de Almeida Medeiros é Doutor em Ciência Política pela Universidade de Grenoble (França). Pesquisador do CNPq, é Professor de Ciência Política da UFPE onde, atualmente, exerce a chefia do Departamento de Ciências Sociais.

Fábio Hazin é diretor do Departamento de Pesca e Aqüicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE / PE e presidente do Cemit (Comitê Estadual de Monitoramento de Incidência de Ataques de Tubarão).

TERCA FEIRA 17
ECONOMIA - DIREITO

16h45 (Sala João Cardoso Ayres) - Por um comércio eqüitativo (Vers un commerce équitable). De Jean Lefaux, Martine Bouquin. Cores. Duração 47’. Embora o planeta se enriqueça cada vez mais, a economia dos países do Sul não consegue erradicar o círculo vicioso da miséria, sendo excluída do mercado mundial. Frente a uma economia neoliberal submetida às flutuações aleatórias do mercado, um certo número de pessoas decidiram instaurar uma maior eqüidade entre produtores e consumidores. O documentário dá a palavra aos protagonistas da produção de cacau e nos apresenta o “comércio eqüitativo” como uma outra via possível para a economia mundial, baseada em regras e valores mais humanos.

17h35 (Sala João Cardoso Ayres) - O Combate dos Juizes (Le Combat des Juges, França, 2000). De Yves Billy. Cores. Duração 52’. A criação dos Tribunais Penais Internacionais para a Iugoslávia e para Ruanda, com a finalidade de julgarem os crimes de guerra contra a humanidade e os genocídios, tornaram-se etapas necessárias na constituição de uma Corte Penal Internacional. A tenacidade de determinados homens e mulheres terminou por convencer numerosos Estados da eficácia e do potencial desses procedimentos excepcionais. O direito internacional ganha, assim, em legitimidade e abre caminho para outros recursos que no futuro serão possíveis, para que sejam respeitados os direitos humanos, econômicos e sociais de todos. Seleção francesa FIPA, 2002 (Biarritz)

ECONOMIA

18h30 - (Cinema da Fundação) - The Corporation + Debate. De Jennifer Abbott e Mark Achbar. Cores. Duração 135’. A partir da polêmica decisão da Suprema Corte de Justiça americana que atribui às corporações o status de "pessoa", são analisados os poderes destes organismos. Neste documentário, Mark Achbar e Jennifer Abbot mostram as repercussões da hegemonia das corporações na sociedade e na vida das pessoas (a exploração da mão-de-obra barata nos paises em desenvolvimento, a devastação do meio ambiente...). Baseado no best seller The Corporation: The Pathological Pursuit of Profit and Power, foram convidados CEOs, lobistas, gurus, espiões, jogadores, hipotecários, corretores de títulos e estudiosos para revelar o trabalho, impactos controversos e futuros possíveis de quatro grandes corporações. O documentário apresenta entrevistas de presidentes da Nike, Shell e IBM, além de Noam Chomsky, Milton Friedman e Michael Moore. Prêmio especial do Júri no Festival Internacional do Documentário de Amsterdã 2004. Prêmio do Público no Festival de Sundance 2004. People's Choice Award no Festival Internacional de Toronto 2003.

Debatedores: Ernani Carvalho e Ivan Moraes

Ivan Moraes Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco e integrante do Centro de Cultura Luiz Freire, onde participa de ações de promoção do direito humano à comunicação e de análise crítica da mídia. Também ocupa a função de articulador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos em Pernambuco.

Ernani Carvalho é Doutor em Ciência Política pela USP e Professor de Ciência Política da UFPE.

QUARTA FEIRA 18

SOCIAL

17h - (Cinema da Fundação) - Uma Empresa Decente + Debate . (A Decent Factory. França/Finlândia, 2004). De Thomas Balmès. Cores. Duração 79’. Ter lucros ou guiar-se por princípios morais? A questão é crucial para uma empresa como a Nokia, que está transferindo a sua produção para a China, país em que a mão de obra é barata. Seu “especialista em civilidade” visita, então, a fábrica chinesa para ver como se organiza o seu fornecedor e para tentar remediar as conseqüências da transferência de mão de obra para o exterior: corrupção, direitos humanos, higiene e habitação deixadas de lado. Mas, o que é uma empresa correta? Se as multinacionais têm tentado se dotar de uma nova imagem ética, a questão da responsabilidade social estendida aos serviços terceirizados permanece sendo um dos grandes desafios da globalização. Seleção IDFA Amsterdã, 2004 - Film Forum New York, 2005 - It’s all true Rio de Janeiro, 2005, DOCAVIV Tel Aviv, 2005 - Visions du Réel Nyons, 2005 - HOT DOCS Toronto... Prêmio Europa Festival de Berlim, 2005

Debatedores: Ana Cristina Fernandes e Marcos Costa Lima.

Ana Cristina Fernandes é arquiteta, PhD em geografia econômica pela Universidade de Sussex, Inglaterra, professora do Depto. de Ciências Geográficas da UFPE e professora orientadora do Mestrado e Doutorado em Geografia desta universidade. Bolsista do CNPq, vem trabalhando em temáticas como configurações espaciais do capitalismo contemporâneo, desenvolvimento regional e inovação tecnológica.

Filipe Reis Melo é economista, doutor em ciência política pela Universidade de Deusto (Espanha), coordenador do curso de Ciências Econômicas da Faculdade São Miguel. Atua na área de política internacional como pesquisador do D&R, grupo de pesquisa do Departamento de Ciência Política da UFPE, e da Cátedra José Martí, do Centro de Educação da UFPE.

19H15 (Cinema da Fundação) Operárias do Mundo + Debate. Ouvrières du Monde (França/Bélgica, 2000). De Marie-France Collard. Cores. Duração 57’. No outono de 1998, a marca Levi’s anuncia a sua intenção de reestruturar as suas atividades na Europa, transferindo para o exterior seus locais de produção. Na Bélgica e na França, operárias vivem seus últimos meses de trabalho na fábrica, enquanto que na Turquia, nas Filipinas e na Indonésia outras operárias lhes fazem, involuntariamente, uma concorrência fatal, sem no entanto recolher os respectivos frutos. Ao ritmo de seus combates e negociações, um sentimento de impotência persiste, face à lógica implacável da globalização econômica. Prémio do Público 11° Festival do Filme de Mulheres de Colônia, 2002 - Prémio do Público Festival Internacional Dignidade e Trabalho de Gdansk, 2004 - Prémio do melhor documentário no Festival de vídeo de Tema social de Liège, 2005.

Debatedores: Jackeline Natal, Michel Zaidan.

Jackeline Natal é pesquisadora e Supervisora do Escritório Regional do DIEESE/PE (Depto. Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Michel Zaidan possui graduação em Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco, mestrado em História pela Universidade Estadual de Campinas e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor titular da UFPE. Tem experiência na área de História , com ênfase em Teoria e Filosofia da História.

QUINTA FEIRA 19
DESENVOLVIMENTO

17h (Sala João Cardoso Ayres) O Banqueiro dos Humildes . (Le Banquier des Humbles. França/Índia, 2000). De Amirul Arham. Cores. Duração 52’. Em Bangladesh, Muhammed Yunus, economista de renome, aceitou o desafio de só conceder empréstimos aos pobres, sem preconceitos econômicos ou políticos. Criou, assim, o primeiro banco de micro-crédito, o Grameen Bank. O princípio é simples: permitir que os mais desfavorecidos e em particular as mulheres possam ter acesso ao capital para financiar suas atividades. Esta revolução silenciosa afeta milhões de indivíduos, reinventando duravelmente a relação entre o banqueiro e os seus clientes. E se a miséria deixasse de ser uma fatalidade?

18h (Sala João Cardoso Ayres) Nossos Amigos do Banco + Debate. (Nos Amis de la Banque. França, 1997). De Peter Chappell. Cores. Duração 84’. A dívida dos países do Sul estaria nas mãos de uma meia dúzia de pessoas, em Washington, numa instituição financeira pouco conhecida, o Banco Mundial? Durante vários meses, são realizadas negociações entre o Banco Mundial e um país paralisado pelo seu endividamento excessivo : Uganda. Esta pesquisa de campo realça os mecanismos da tomada de decisão no mais alto nível e o envolvimento determinante do Banco Mundial e do FMI no funcionamento dos países do Sul. FIPA d’argent, 1998 – Prêmio da Biblioteca Nacional - Festival du Cinéma du Réel, 1998. Prémio do Festival Internacional do Filme Okomedia e do Festival de Freiburg, 1998. Menção do Júri da seção Ecrans Nord-Sud - Festival Vues d’Afrique Montréal 1998.

Debatedores: Clovis Cavalcanti e José Alexandre Ferreira Filho

José Alexandre Ferreira Filho é professor do departamento de economia e administração da Universidade Católica e auditor fiscal do tesouro estadual da Secretaria da fazenda; fiz mestrado em economia e doutorado em ciência política, ambos na UFPE.

Clóvis Cavalcanti é economista ecológico, pesquisador social da Fundação Joaquim Nabuco e professor da Universidade Federal de Pernambuco. Escreve quinzenalmente, aos domingos, no Diário de Pernambuco.

20h - (Cinema da Fundação) - O Pesadelo de Darwin (reprise).

"Wood & Stock" adiado para domingo

Poderia ser um plano dos membros da TFP - Tradição, Família e Propriedade, mas foram só alguns problemas de percalço.

A estréia recifense do longa de animação "Wood & Stock - sexo, orégano e rock'n'roll", de Otto Guerra, não ocorreu, pois o rolo do filme foi mandado para outro destino, que não o Recife. Por isso, se você for ao cinema hoje (quarta), na ânsia de curtir os personagens dos quadrinhos de Angeli na tela grande, esqueça e vá fazer outra coisa. A estréia foi transferida para o domingo (dia 15).

Quem explica tudo é a Downtown Filmes, a distribuidora responsável pelo título. De acordo com Aguinaldo Silva, o programador de lá, a trapalhada foi da empresa responsável pelo transporte dos filmes, que mandou "Wood & Stock" para sua terra natal, Porto Alegre. Para o Recife veio mais uma cópia de "O Céu de Suely", de Karim Aïnouz (que já está em cartaz no Teatro do Parque).

Ou seja, alguma sala lá em Poa deve estar amargando a mesma situação que o Cinema Apolo, administrado por Marcos Enrique Lopes. Ontem estava ele próprio na frente do cinema explicando o cancelamento da sessão pra todos que se deslocaram ao cinema, provavelmente pilhados pela convocação geral alardeada pela imprensa. As matérias foram generosas nos jornais. O Diario de Pernambuco deu contra-capa com uma foto enorme, e o Jornal do Commercio convidou o experiente Ernesto Barros pra fazer uma crítica ao filme. Estranhamente, muitos veículos informaram que "Wood & Stock" estaria relegado a apenas duas sessões, informação corrigida por Lopes: ele pretende que o desenho dos dois velhos hippies fique por um bom tempo no Apolo. Que assim seja.

Já faz um bom tempo que "Wood & Stock" estreou comercialmente no Rio, São Paulo e Porto Alegre (outubro de 2006) e, apesar da boa recepção por aqui durante o Cine PE 2006, só agora chega ao circuito local. Em fevereiro passado ele ameaçou entrar no mesmo Apolo, que já exibia o trailer e anunciou o filme na agenda cultural da cidade.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Wood & Stock, finalmente em cartaz no Recife



O Cinema Apolo terá a honra de receber a temporada recifense do longa de animação "Wood & Stock - sexo, orégano e Rock'n'roll", dirigida pelo gaúcho Otto Guerra. Os horários e dias estão reduzidos às terças e quartas, às 20h. Por isso, é bom se agendar pra não perder esta rara gema do audiovisual brasileiro.

Afinal, os personagens de Angeli adaptados para o cinema já podem ser chamados de clássico da contracultura tanto quanto seus ídolos, os Freak Brothers. Ou o Grande Lebowsky, comparação feita na crítica de Kleber Mendonça Filho, escrita na época da première.

O desenho de Otto Guerra tem uma relação especial com o Recife. Ele estreou mundialmente aqui, no festival Cine PE, mês de abril de 2006. Foi ovacionado e levou três prêmios: trilha sonora, atriz coadjuvante (para Rita Lee, que dubla Rê Bordosa) e o prêmio especial do júri, dividido com o documentário Pro Dia Nascer Feliz, de João Jardim (também em cartaz no Recife). Desde então, o filme tem ganhado mais prêmios nas suas andanças pelo mundo.

Mesmo com todo esse respaldo, estranhamente "Wood & Stock" teve dificuldade de estrear comercialmente na cidade, uma das últimas a receber o filme. Antes tarde do que nunca: palmas para Marcos Enrique Lopes, o responsável pela programação dos Cinemas Apolo e do Parque - é bom lembrar que o Cinema do Parque está exibindo o excelente "O Céu de Suely" (Karim Aïnouz) por apenas R$ 1.

Em tempo: o próximo trabalho do núcleo de animação Otto Desenhos será "Fuga em ré menor para Kraunus e Pletskaya", um musical. Confira mais notícias sobre o assunto aqui no Quadro Mágico.

Ah, sim. o endereço do Cinema Apolo é Rua do Apolo, 91, Bairro do Recife. Fone: 3232.2028. A entrada custa R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia). É bom lembrar que as sessões de "Wood & Stock" estão proibidas para menores de 16 anos.

Bond, James Bond, em livro da Opera Graphica


JAMES BOND - 007: MAIS SEXO, MAIS GLAMOUR E UMA RAJADA DE BALAS

A Opera Graphica acaba de lançar um livro de luxo sobre o agente 007, James Bond, de autoria do pesquisador Eduardo Torelli. Mais informações no release abaixo:

Sai edição luxuosa e grandiosa sobre um dos ídolos máximos da mitologia pop internacional, de popularidade comparável aos ícones Elvis, Marilyn e Bruce Lee: mesmo em nível internacional, nenhum outro livro foi tão longe ou se mostrou tão completo em relação ao Agente Secreto 007 James Bond quanto Sexo, Glamour e Balas, da Editora Opera Graphica, que tem se destacado por apresentar obras originais, com pesquisas muito bem fundamentadas.

Criado na década de 1950 pelo escritor inglês Ian Fleming, James Bond é um personagem indestrutível dentro e fora das telas, enfrentando organizações superpoderosas sem desfazer o nó da gravata. A maior proeza do herói é manter-se ucesso de bilheteria desde 1962, quando primeiramente se apresentou às platéias dos cinemas como "Bond... James Bond". De lá para cá, o agente não parou de percorrer o mundo na pista de terroristas internacionais e atraentes rabos-de-saia. Entre um martini com vodca e outro, seduzir lindas garotas é a segunda ocupação do herói. Este é Bond, James Bond.

Em Sexo, Glamour e Balas, o jornalista Eduardo Torelli recordou os thrillers de 007 que conquistaram leitores anônimos e célebres (como o ex-presidente John Kennedy), os filmes que cunharam sua imagem junto ao público. O livro esgota o tema para os bondmaníacos, incluindo capítulos dedicados ao marketing do personagem, às dezenas de sites na Internet e às aventuras de 007 escritas por John Gardner, Raymond Benson e Charlie Higson, publicadas nos anos 1980, 1990 e 2000, com autorização do espólio de Ian Fleming.

"Agora, podemos garantir que o fã terá o livro definitivo sobre Bond", garante Torelli. Completando a obra, há um capítulo inteiro sobre 007 - Cassino Royale, o último filme da série, e uma longa entrevista com Daniel Craig, o novo James Bond, substituto de Pierce Brosnan no papel, conduzida pelo editor-chefe da revista SET, Rodrigo Salem.

BOND, JAMES BOND...
Criado no Pós-guerra, quando o "Império" britânico estava implicado em um processo de "descolonização" (e era eclipsado pelos EUA, que detinham o poder econômico e ideológico no bloco capitalista), o superagente James Bond representa a aspiração máxima da Grã-Bretanha no campo do entretenimento. 007 (nêmesis de supervilões como Dr. No, Goldfinger e Ernst Stavro Blofeld, sem mencionar as organizações SMERSH e S.P.E.C.T.R.E.) atenuou o impacto da "nova ordem social" sobre os súditos de Sua Majestade - que, em episódios de tensão referenciais para a Guerra Fria (como a Crise dos Mísseis em Cuba, ocorrida em 1962), representaram um papel secundário nas intrigas que redefiniam o destino do mundo. Embora, ao criar 007, a intenção básica de Ian Fleming (1908-1964) fosse apenas entreter, Bond acabou, inadvertidamente, tornando-se um mecanismo de compensação para o ego dos leitores ingleses.

Apresentado ao público na obra "Cassino Royale", James Bond protagonizou doze romances de Fleming, além de duas coletâneas de contos ("Somente Para Seus Olhos", de 1960, e "Octopussy", postumamente publicada, em 1966). A popularidade de Bond foi consideravelmente ampliada quando o herói migrou para o cinema, por obra dos produtores Albert "Cubby" Broccoli e Harry Saltzman - fundadores da EON Productions, que realizou todos os filmes oficiais de 007, a partir de 1962. A consolidação da cinessérie deu-se em 1964, ano em que foi lançado o longa-metragem 007 Contra Goldfinger, estrelado por Sean Connery. Na Europa e nos EUA, a fama de Bond equiparou-se à dos Beatles - outro fenômeno britânico surgido nos Swinging Sixties, que revolucionou a cena pop do período.

Eduardo Torelli constrói um informativo e minucioso perfil de James Bond, discutindo a relação do personagem com a moda, as mulheres, a música e a psicologia, já que 007 era uma versão superlativa de seu próprio criador. "Descobri que era possível identificar nitidamente os principais eventos políticos ocorridos entre 1953 e o 11 de Setembro de 2001 por meio da leitura dos livros ou da apreciação dos filmes", ressalta o autor. "Aos poucos, o anticomunismo do herói passou a ser substituído por uma postura mais 'liberal', resultante da distensão, da Perestroika e da queda do Muro de Berlim, embora as características essenciais de Bond tenham sido mantidas."

A obra complementa-se com perfis dos astros que interpretaram o personagem no cinema (Sean Connery, George Lazenby, Roger Moore, Timothy Dalton e Pierce Brosnan), análises individuais de todos os romances e filmes de James Bond e um checklist de suas trilhas sonoras, obras literárias e filmes (nos formatos VHS e DVD).


SEXO, GLAMOUR E BALAS
Opera Graphica Editora
ISBN 97771518 842000
Autor: Eduardo Torelli
Formato: 26 x 35,5 cm
304 páginas p/b, papel off-set 120, com capa dura em cores
R$ 119,00
Distribuição e vendas: Comix Book Shop
Al. Jaú, 1998
São Paulo - SP
Fone: (0xx11) 3088-9116
Site: www.comix.com.br

SOBRE O AUTOR:
Nascido em São Paulo (em 1970), o jornalista Eduardo Torelli é editor-assistente da revista Vídeo Zoom Magazine (Crazy Turkey Editora), voltada ao mercado de vídeo-produção, e colaborador das revistas SET - Cinema & Vídeo (Editora Peixes) e Herói (Editora Conrad). Em 1999, foi editor da revista Sci-Fi News (67 Editora), especializada no segmento de ficção científica.

Formado em 1993, o autor teve artigos publicados em revistas como Sexy (Editora Peixes), Putz (Companhia de Revistas) e Replicante (Editora Brainstore). Também é um dos colaboradores do CD-ROM Enciclopédia Herói (Editora Acme/Publifolha).

domingo, 8 de abril de 2007

Quadrinista americano Art Spiegelman vem ao Brasil, a convite do Flip 2007



Não é especulação, nem boato. Art Spiegelman estará no Brasil entre 4 e 8 de julho, a convite do Festival de Literatura Internacional de Parati - Flip, no Rio de Janeiro. É o que informou o caderno "Ilustrada" (Folha de São Paulo), na última sexta-feira. Segundo a matéria de Eduardo Simões, a confirmação veio diretamente da organização do evento, na pessoa de Cassiano Elek Machado, o novo diretor de programação do Flip.

Machado acertou em cheio: neste momento em que a "nona arte" está consolidando o inequívoco status de gênero da literatura, nada melhor do que convocar um vencedor do Pulitzer de melhor obra de ficção, pela graphic novel Maus, em 1992.

Esta será a primeira edição do Flip a incluir uma mesa redonda sobre quadrinhos na programação oficial.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Literatura em quadrinhos: Marcatti revela como adaptou Eça de Queiroz



Assim como muitos, fui apresentado ao trabalho do grande Marcatti nos idos de 1986, folheando a revista Chiclete Com Banana. Diferente da acidez de Angeli e do pastelão de Glauco, suas HQs faziam comédia de humor negro com todo tipo de perversão sexual e escatológica. Ou seja, com treze anos, aprendi que uma história em quadrinhos pode ser uma coisa bem suja.

Corta pra 2006. Marcatti surpreende ao lançar "Mariposa" (pela Conrad), história longa e trágica de um triângulo amoroso, em formato livro, capa e papel especial. Bem diferente do papel jornal da chiclete ou da revista em quadrinhos que lançou nos anos 90, Fráuzio. Até agora, foi o melhor tratamento dado a um trabalho seu.

Digo até agora porque a Conrad está rodando "A Relíquia", em que Marcatti adaptou para os quadrinhos o romance do escritor português Eça de Queiroz (1845-1900). O resultado são 186 páginas de quadrinhos, produzidas em 17 meses de trabalho. O lançamento será ainda neste semestre.




Pelos desenhos, dá pra sacar que vem por aí material de primeira qualidade.

Na entrevista abaixo, Marcatti falou para o Quadro Mágico sobre o processo de recriação de "A Relíquia", e suas impressões sobre quadrinhos e literatura. Ao que parece, ele deu um tempo na escatologia explícita para se dedicar à obra de Eça de Queiroz, de acordo com Marcatti, uma corrosiva crítica à burguesia católica do século 19.

ENTREVISTA // MARCATTI
"Foi a mais longa e trabalhosa HQ que já fiz"

Qual o motivo da escolha de "A Relíquia"?

Foi sugestão da Conrad a adaptação da obra de Eça de Queiroz através do meu trabalho. O Alexandre Linares enviou-me uma cópia de "A Relíquia" deixando-me completamente à vontade para fazer da forma que eu quisesse. Essa liberdade permitiu que eu tomasse todas as decisões a respeito. Mesmo assim, acabei por optar em fazer a adaptação buscando o máximo de fidelidade. Eu nunca havia lido qualquer livro do Eça e fiquei muito impressionado com sua força e, em muitos casos, com a ousadia com que ele abordou a burguesia católica do século 19!

Fale um pouco sobre o método adotado na "tradução" para a linguagem dos quadrinhos. Foi algo pré-estabelecido, ou mudou no desenrolar do trabalho?

De início, fiquei preocupado. Uma obra clássica com longos trechos que, apesar de contundentes e fascinantes, pouco tinha de cenas e movimentos que dessem fluência na linguagem das HQs. Minha solução foi utilizar e embutir essas magníficas observações do Eça de Queiroz dentro das cenas e das condutas das personagens. Fiz com que suas atitudes e comportamentos tentassem traduzir a carga corrosiva das críticas do autor. Foi tudo construído na fase de desenvolvimento do roteiro. Decidi que só começaria a desenhar quando eu tivesse definido completamente a mecânica narrativa.

Pensar um romance em imagens deve pedir muita imaginação e pesquisa. Como foi o seu processo de criação?

A maior parte da pesquisa que fiz foi em relação a arquitetura e o vestuário comuns em Portugal do século 19. Transformar o livro em imagens é que foi mais trabalhoso. Primeiro anotei somente as cenas do livro. Em separado, fiz um resumo conceitual do livro. Um resumo bem pequeno, quase uma resenha. Apenas para registrar o foco geral do livro. Como se eu tivesse perguntado diretamente ao Eça: "Que tipo de reação você esperava das pessoas que leram essa obra?". Infelizmente, coube a mim dar a resposta. Mas foi justamente esse ponto de vista que alicerçou e orientou toda a recriação das cenas. Gostei bastante dessa experiência e fiz com tanto prazer que nem parece que levei 17 meses nessa adaptação.

Deve ter sido o teu quadrinho mais trabalhoso, não?


De fato, foi a mais longa e trabalhosa HQ que já fiz. Mas, eu não sinto isso. Quando olho as datas que coloquei em cada uma das páginas originais, eu fico surpreso. Tenho realmente a sensação que fiz tudo em pouco mais de 2 meses. Foi uma lição! O Eça é uma escola. Acho que, se não fosse por esse trabalho, eu precisaria fazer mais umas 10 histórias para aprender tudo o que aprendi fazendo "A Relíquia".

Na sua opinião, os quadrinhos compreendem um gênero literário?

Sempre pensei em HQ como forma literária. Para mim, não faz nenhum sentido a distinção entre "literatura e quadrinhos". Soa-me estranha a expressão. Acredito que a forma pouco respeitosa como os norte-americanos enxergam a linguagem das HQs, somada a indiscutível influência cultural que exercem sobre o resto do planeta, contribuiu muito para essa distinção. Enquanto na Europa muios autores de HQ são reverenciados como gênios literários, a maioria dos grandes nomes da HQ norte-americana têm esse reconhecimento graças muito mais pelo sucesso comercial.

Tal como subdividir em prosa, verso, conto, novela etc, HQ é uma forma de exercer literatura. Caso contrário é o mesmo que fazer a distinção entre "conto e literatura".

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Não perca: O Homem Duplo (A Scanner Darkly), em cartaz na Fundaj



"A Scanner Darkly" continua em cartaz no Cinema da Fundação (horários abaixo). Com certeza ele figura entre os melhores filmes produzidos em 2006. A técnica de rotoscopia, também utilizada pelo diretor Linklater em "Waking Life" (2002), transformou os atores, objetos e locações em um desenho animado psicodélico e por vezes nauseante, ambiente ideal para o desenrolar da trama em que um policial (Keanu Reeves) infiltrado numa turma de junkies (Robert Downey Jr., Woody Harrelson e Winona Rider) tenta descobrir conexões criminosas no tráfico do "D", uma droga extraída de flores azuis, e com o poder de queimar os neurônios um por um.

O roteiro impressiona pela condução inteligente (inclusive o timing) ao revelar as informações cruciais. Adaptação da obra de Philipp K. Dick (famoso por ter inspirado "Blade Runner" e "Total Recall"), a frieza e amoralismo ao tratar do vício por drogas alteradoras da percepção fazem do filme mais do que um ousado exercício de forma. Em duas palavras: não perca.

Cinema da Fundação - programação da semana

CINEMA da FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO
Promoção: Diretoria de Cultura - Rua: Henrique Dias, 609, Derby

Fones: 3073.6688 - 3073.6689 – 3073.6712 e 3073.6651 - cinema@fundaj.gov.br - www.fundaj.gov.br

Ingressos: R$ 6,00 (inteira) – R$ 3,00 - (acima de 60 anos/estudantes)

Todas as Quartas-Feiras, Professor apresentando documentação tem entrada franca no Cinema da Fundação, via “Sessão Bossa Mestre”

Programação de 6 a 12 de abril a 2007
Estréia, Sexta, 6 de Abril
Em Direção ao Sul (Vers le Sud, França/Canadá, 2005). De Laurent Cantet. Com Charlotte Rampling. Uma professora (branca) de literatura nos seus 50 e poucos anos visita o Haiti, nos anos 70. Desencantada com a rotina da sua vida normal, ela descobre um novo prazer nos belos corpos de rapazes negros da praia paradisíaca que visita, corpos que podem ser comprados por quantias irrisórias. O diretor Laurent Cantet investiga a divisão entre mundo rico e mundo pobre, questões de raça e sexualidade nesse filme que vira a mesa em temas geralmente vistos como “delicados” quando o ponto de vista é masculino.
105 min. / Imovision / Dolby SR / Inédito / 16 anos / Tela Plana

Sexta: 16h20 / 20h20
Sábado: 18h10 / 20h20
Domingo: 18h
Ter, Qua & Qui: - 18h10
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3a. Semana

O HOMEM DUPLO(A Scanner Darkly, EUA, 2006). De Richard Linklater ("Antes do Pôr-do-Sol” e “Waking Life”). Com Keanu Reeves, Robert Down Jr., Winona Ryder, Wood Harrelson. “A Scanner Darkly” é um ensaio fascinante sobre os estados alterados da mente humana, em especial através de drogas químicas. Ambientado em pelo menos quatro camadas possíveis de realidade, o filme adapta a obra de Philip K. Dick (cujos escritos também inspiraram Blade Runner – O Caçador de Andróides) como uma análise da percepção inusitada do mundo, e a tristeza da mais dura loucura. Com imagens na técnica Rotoscope (animação sobreposta a imagens ‘live-action’) também usada em “Waking Life”, o filme nos leva ainda a uma Los Angeles de um futuro não muito distante, quando um policial usa um novo sistema de disfarce para investigar os seus próprios amigos. E a ele próprio. Seleção Festival de Cannes 2006 – Fora de Competição. 100 min. / Tela Plana / Dolby SR / Inédito / Warner / 16 anos.

Horário:
Sexta, 18h20
Sábado: 16h10
Domingo: 20h10
Ter, Qua & Qui: 20h20

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Pro Dia Nascer Feliz (Brasil, 2006). De João Jardim.
Depois de investigar o olhar no bem sucedido Janela da Alma (lançado no Recife em 2002 pelo Cinema da Fundação), o cineasta João Jardim registra o adolescente brasileiro e sua relação com a escola. São meninas e meninos, ricos e pobres, em situações que revelam precariedade, preconceito, violência e esperança. Em três estados brasileiros (Pernambuco, Rio, São Paulo), em classes sociais distintas, adolescentes falam da vida na escola, seus projetos e inquietações numa fase crucial da formação. Professores também expõem seu cotidiano profissional, ajudando a pintar um quadro complexo das desigualdades no país a partir da realidade escolar. Prêmio especial do júri no Festival de Gramado 2006.
Exibição em digital / Tela Plana / Dolby / 88 min. / Copacabana Filmes / Livre

HORÁRIO
Domingo: 16h10
Terça, Qua e Quinta: 16h30

terça-feira, 3 de abril de 2007

Prestando reverência à HQ, "300" renova um gênero do cinema



A estréia do filme "300" em 550 salas brasileiras a partir de hoje (sexta-feira), 30 de março, significa mais uma vitória para o marketing cinematográfico – especialmente os bolsos dos envolvidos na produção – do que para os admiradores da HQ originária e seu autor, Frank Miller.

Não que a adaptação seja ruim – ela não é. É que o circo em seu redor extrapolou a obra em si. Pouco importa do que se trata – o filme virou assunto do momento em quase todos os veículos de imprensa ocidental. Sobre a reepercussão no oriente, trataremos um pouco mais abaixo.

No Brasil, foi alta a febre nas semanas precedentes à estréia. Boa parte da quentura proveio da presença de Rodrigo Santoro no elenco, o que certamente fará diferença na bilheteria nacional de “300”, e nada mais. Interpretando a divindade digitalmente adulterada Xerxes (o Rei da Pérsia) durante duas ou três seqüências, Santoro não ajuda nem atrapalha. É certo que, para o ator, o papel coadjuvante (ou co-protagonista) pode garantir a oportunidade de trabalhar, desta vez com seu próprio corpo e voz, em outras boas produções. Já para quem assiste, bem, qualquer um poderia estar no lugar de Santoro.

A agressiva estratégia da produtora Warner, onipresente na mídia publicitária e espontânea (imprensa e fãs de quadrinhos), talvez tenha sido adotada tendo em vista a camisa de força em que sua cria se meteu: com a proibição para menores de 18 anos (certamente menos pelas duas cenas de sexo do que pelo sangue característico e constante nas histórias de Miller), a horda de adolescentes fissurados em “Senhor dos Anéis” ficou excluída. Os excessivos efeitos especiais e bichos estranhos de “300” com certeza fariam a cabeça deles.

Assim como os 157 minutos que mostram como inúmeras espadas se enfiaram nas carnes de quem lutou na Batalha das Termópilas, em 480 a.C., não chegam a compor um exemplo do que se chama filme épico, no sentido clássico (Ben Hur, Spartacus, Gladiador, Alexandre). Ponto a menos entre os adultos mais conservadores.

Sendo assim, como explicar as centenas de milhões que o filme dirigido por Zack Snyder (A Madrugada dos Mortos) vem arrecadando nestas três semanas em cartaz nos EUA? Enquanto Snyder humildemente repete mundo afora que sua pretensão foi “apenas quis fazer uma adaptação fiel à graphic novel”, Hollywood e sua máquina mais feroz do que a ira dos espartanos liderados pelo Rei Leônidas (em boa interpretação de Gerald Butler), mostra as suas garras.

Ao que parece, pela primeira vez sentida com toda a sua força no Brasil. A super-coletiva de imprensa ocorrida no Rio duas semanas atrás convocou 60 jornalistas latino-americanos, num evento de luxo inédito na terrinha – até então, o México ou os EUA era o anfitrião para os junkets. O resultado? Basta dizer que neste fim de semana de estréia a imprensa multiplica massiva e mais ou menos homogeneamente o mesmo mantra: incenso em Snyder, Butler e Santoro, interpretações políticas contestadas, milhões de dólares, etc. Poucos são aqueles que fizeram da própria coletiva a notícia, explicitando os mecanismos que regem a atual indústria de cinema americana.

Finalmente, ao filme. Mais transposição do que adaptação. Nada tão obsessivo quanto o quadro-a-quadro de Sin City, outra obra de Miller celebrada no cinema. Aqui, há alguns enquadramentos idênticos às páginas da HQ, intercaladas com seqüências que só a tecnologia do atual cinemão blockbuster pode oferecer: slow motion / fast-foward, manobras radicais de câmera, centenas de camadas de filtros e efeitos afins.

Praticamente toda a filmagem foi realizada em fundo azul, ou seja, com cenários criados em computador. O que permitiu a almejada “fidelidade” não só na caracterização dos personagens e seus diálogos. A luz, as belas cores de Lynn Varley, os cenários e até o traço espesso e áreas cheias de pontos granulados, estética adotada pelo desenhista permaneceram intactos. Uma estética que funciona extremamente bem no papel, em imagens estáticas. Ora, os excessos de “Sin City” já provaram que cinema não é quadrinhos em 24 frames por segundo. Em “300”, a presença da linguagem dos quadrinhos está melhor dosada, o que não impediu um cansativo clima de artificialidade.

Nem uma vírgula da narrativa original foi retirada, sendo uma tramóia acrescentada provavelmente para aumentar o papel de uma mulher entre tantos homens na tela. Nela, a rainha espartana (Lena Haedey) tenta convencer os subornados políticos gregos a apoiar a defesa do território capitaneada por Leônidas.

Quanto à trilha sonora, destaque para a cena em que os 300 espartanos marcham ao som pesado de guitarras. Renovação pop no gênero épico histórico? Muito provavelmente.

História da luta de uma minoria contra a expansão do mais poderoso império até então, “300” tem gerado interpretações contraditórias no tocante aos conflitos contemporâneos. A história tanto pode ser atualizada como a resistência árabe contra o deus Xerxes-Bush, quanto, no extremo oposto, ser entendida como um discurso de superioridade ocidental sobre o obscurantismo bárbaro dos persas / árabes.

Daí os protestos que fizeram o filme ser banido dos cinemas do Irã, país remanescente da Pérsia. Não ameniza a situação a máxima bushiana proferida aos gregos antes da luta decisiva contra os “bárbaros” persas: “hoje livraremos o mundo da tirania e misticismo”. Polêmica sempre é bom para aumentar o caixa.

Resenha originalmente publicada no site da Continente Multicultural