sábado, 30 de junho de 2007

Matéria sobre erotismo em quadrinhos no Diário do Nordeste (Fortaleza)



Hoje saiu uma matéria sobre erotismo em quadrinhos, com ênfase em "Lost Girls", de Alan Moore, no Diário do Nordeste, de Fortaleza (Ceará). Nela, o repórter DELLANO RIOS fala sobre os títulos recentemente lançados, como "Valentina", de Guido Crepax e "O Espinafre de Yukiko", de Frédéric Boilet, ambos editados pela Conrad Livros, e "Gullivera", de Milo Manara (Pixel Media).

Para ler a matéria, clique aqui.

Hoje tem novos lançamentos da Livrinho de Papel Finíssimo (Recife)



Corrigindo (e detalhando) o post abaixo:

"Hai-Kaidos Volume 2", de Samuca e Ricardo Mello, será lançado hoje, às 16h, no Bar do Lula (Rua Padre Roma, 722, Parnamirim). Vale a pena visitar o blog do projeto.

Na tarde de hoje, ele estará à venda por R$ 5. Camisetas confeccionadas com reproduções dos textos e desenhos serão vendidas por R$ 15,00. Um kit com livreto, camiseta e mini-pôster sai por R$ 20.

Já o livro de João Lin (sem título) e outro, de Fernando Duarte, ("Corte Digitao"), serão lançados hoje, às 20h, no Bar do Biu (Rua do Sossego, 144, Boa Vista). O preço de cada um é R$ 5.

Se trata de 34 desenhos aditivados por comentários de vários amigos. Entre as participações ilustres estão a dos artistas Clériston, Fábio Zimbres, Neilton (guitarrista do Devotos), Renato Valle, Públius (da banda Azabumba e Forró Rabecado), Rosinha Campos e Braz Marinho.

Os livros estão sendo lançados pela editora Livraria de Papel Finíssimo, o coletivo que produz revistas, livros e zines a baixo custo.

É exemplar ver artistas de porte como os acima publicando material nesse sistema faça-você-mesmo, quase artesanal. Uma luz para que outros, por falta de patrocínio, não deixem seu material parado na gaveta.

Abaixo, reproduzo matéria publicada no Diario de Pernambuco de hoje:

Pequenos prazeres ilustrados
Livretos de João Lin, Fernando Duarte e a dupla Samuca e Ricardo Mello devolvem a graça das velhas (e boas) impressões na máquina xerox
Júlio Cavani
DA EQUIPE DO DIARIO

"É importante que existam publicações de luxo com produção cara, mas para fazer um bom trabalho não é preciso patrocínio ou leis de incentivo". Esse pensamento do artista plástico Fernando Duarte expressa bem o espírito independente dos três livros de bolso que são lançados hoje no Bar do Biu, impressos com qualidade em uma máquina de xerox, no lema do faça você mesmo. Junto com ele, o desenhista João Lin e a dupla Samuca & Ricardo Mello também criaram seus livretos ilustrados.

Para fazer seu livro, que não tem título, Lin produziu um conjunto de 34 desenhos e pediu para amigos escreverem textos espontâneos que expressassem impressões e sentimentos provocados pelas imagens. Seus traços, que combinam técnicas artesanais e digitais, sem deixar aparente onde começa e onde termina cada uma, são econômicos e labirínticos e se concentram no potencial poético da linha preta sobre fundo branco (e vice e versa).

Entre os convidados que participaram do livro com palavras, que mesmo assim ficaram bastante visuais, estão Clériston, Fábio Zimbres, Neilton, Renato Valle, Públius, Rosinha Campos e Braz Marinho. Em cada página, Lin apresenta um personagem novo, com corpos e rostos cujas formas traduzem seus estados de espírito.

Corte digitao, de Fernando Duarte, é uma espécie de caderno de anotações do artista. Se seus quadros já costumavam ser divididos em retângulos preenchidos por pequenos desenhos, o formato limitado da publicação ficou perfeito para seus seres imersos em reflexões sobre a vida cotidiana e as questões essenciais do ser humano.

Oportunidade - A liberdade de expressão é o que mais chama atenção em Corte digitao, que se parece com um diário de esboços. Fernando diz que está com pouco tempo para produzir seus quadros, mas não pára de desenhar e tem centenas de imagens para mostrar, então o recurso do livrinho se mostrou oportuno para compartilhar essa produção com o público. Só de rostos, o artista tem um caderno com mais de 200. Ele diz que não conseguiria ser cartunista porque seu traço é solto demais e nãosegue regras de organização narrativa.

Hai-kados 2, de Samuca (desenhos) e Ricardo Mello (texto), é formado por ilustrações simples que acompanham poemas simples. A lógica da economia de informações que se abre para múltiplas interpretações se manifesta tanto nas imagens quanto nos versos. Seus pequenos poemas ilustrados são como lampejos de idéias mínimas que podem se maximizar nas interpretações do leitor. Juntos, eles dois já fizeram sete livros, incluindo o primeiro Hai-kados.

"A gente só tá fazendo isso porque rolou uma ação coletiva. Cada um no seu canto não faria esse negócio", admite Lin. Os três trabalhos foram impressos pela Livrinho de Papel Finíssimo Editora, que funciona na mesma Rua do Sossego onde se localiza o Bar do Biu. A noite de autógrafos começa às 20h, mas antes, às 16h, Samuca e Ricardo também lançam Hai-kados 2 no Bar do Lula, em Parnamirim. Além de assinarem os livros, todos eles prometem fazer desenhos nas contracapas para tornar único cada exemplar.

Serviço
Lançamento dos livros de João Lin, Fernando Duarte e Samuca & Ricardo Mello
Quando: Hoje, às 20h
Onde: Bar do Biu (Rua do Sossego, 144, Boa Vista)
Informações: 3222-6422

Lançamento de Hai-kados 2, de Ricardo Mello & Samuca
Quando: Hoje, às 16h
Onde: Bar do Lula (Rua Padre Roma, 722, Parnamirim)
Informações: www.hai-kados.blogspot.com

Tela Grande (estréia): "Quarteto Fantástico e Surfista Prateado"



Adaptação dos quadrinhos para o cinema, o Quarteto Fantástico chega ao segundo longa, bem mais de acordo do que no desastroso debut, em 2005. A estréia nos cinemas brasileiros é neste fim de semana. Assim como o antecessor, "Quarteto Fantástico e Surfista Prateado" (Fantastic Four: the rise of Silver Surfer), é um filme bastante conservador na forma, mas que pode funcionar positivamente para todas as partes envolvidas. Os fãs, que podem curtir os heróis com som e movimento; os neófitos mais jovens em férias escolares, ansiosos por filmes de ação, raios e muita quebradeira; e os bolsos dos produtores – continuações quase sempre são fruto de pesquisas de mercado que apontam lucro certo.

O novo longa dirigido por Tim Story (Táxi) não é tão bom quanto Homem-Aranha e X-Men (outros títulos da Marvel Comics), mas consegue ser melhor do que o antecessor, lançado em 2005. A história ganhou mais ritmo e humor, e os efeitos especiais, bastante melhorados.

Contextualizando: Reed Richards (Ioan Gruffudd), Susan Storm (Jéssica Alba), Johnny Strom (Chris Evans) e Ben Grimm (Michael Chiklis) são quatro cientistas-astronautas que, durante uma missão, acidentalmente receberam uma chuva de raios cósmicos. Com isso, ganharam superpoderes colaterais: Dr. Fantástico se estica como borracha; o Coisa é uma criatura de pedra; o Tocha-Humana pega fogo e voa; e a Mulher-Invisível, bem, fica invisível. Como heróis, salvam a Terra repetidas vezes. O preço é a perda do anonimato e do sossego.

O novo filme começa com o casamento de Richard e Susan, ameaçado por perturbações climáticas geradas por uma forte radiação. Descobrem que a ameaça é o Surfista Prateado, que veio anunciar a chegada de seu mestre Galactus, o devorador de mundos. De forma que entra em cena o Exército americano, a convocar o Quarteto para uma associação com seu maior inimigo, Victor Von Doom (Julian McMahon), o Dr. Destino.

Juntos, tentam reverter o poder cósmico do Surfista, sem saber que seu chefe é que é o verdadeiro problema. No meio do quebra-quebra, dá pra entender um pouco de origem do personagem: que seu nome é Norrin Radd, e que deixou-se escravizar por Galactus,
desde que seu planeta natal fosse poupado. Sua concepção visual está impressionante, mais até dos que nos quadrinhos. A altivez de sua postura, por exemplo, comunica bem o espírito do personagem, digno, consciente e quase sempre acima do bem e do mal. Seu olhar, amargurado, solitário, completa a composição com chave de ouro. Um sinal de que seu longa solo, previsto para 2009, deve acertar no ponto.

Os acontecimentos se desenrolam de forma frustrante, tendo em vista a história em quadrinhos original que inspirou o roteiro (The Galactus Trilogy ). Quem leu, sabe do que estou falando. O temido Galactus, por exemplo, não entra em cena uma vez sequer. Dr. Destino, vilão tipicamente soturno e quase sempre estático, não deveria "pilotar" a prancha do surfista.

É importante dizer o que já parece óbvio: o Surfista, uma animação digital, é melhor do que todos os outros atores juntos, mais o roteirista, o diretor, e a equipe toda. Uma pena que o tom filosófico-existencialista, marca registrada de suas histórias, se resumiu à frase: "Sim, nós sempre temos uma escolha". Felizmente, isso vale para o próprio filme.

Tela Grande (estréia): "13 homens e um novo segredo"



Já nos estilosos créditos iniciais, "13 homens e um novo segredo" (Ocean's Thirteen) não esconde a que veio: angariar muito dinheiro, como um dos tantos caça-níqueis instalados num cassino de luxo, cenário principal do filme. A receita é tão infalível que, no momento em que escrevo este texto (27 de junho, 14h48), ele figura em segundo lugar na lista dos mais vistos no Brasil (só perde para Shrek Terceiro).

Ao contrário do que ostenta o infeliz título traduzido para o mercado nacional, não tem segredo, nem mistério. É só juntar atores estelares, cenários suntuosos, figurino de capa de revista, e música supercool. A superprodução, dirigida por Steven Sodebergh, é um filme com muita chinfra. Como uma boa casa de jogos de Las Vegas deve oferecer, é claro.

A estética retrô anos 60 paga tributo ao filme que deu origem à série. O primeiro "Ocean Eleven" foi feito em 1960, com Frank Sinatra no papel de Danny Ocean, o líder dos golpistas. Sinatra que, aliás, está presente não só numa seqüência musical, mas também como personagem desta nova empreitada.

Para colocar a coisa de forma econômica (até para não revelar muito a história), a trama gira em torno de um cassino cinco estrelas e um suposto código de honra, que proibiria a trapaça entre aqueles que um dia apertaram a mão do velho cantor de olhos azuis. O bom humor e as cenas grandiosas entretém até o final, mas o efeito não dura mais do que cinco minutos após a projeção.

Hoje vivido por George Clooney, o malandro-golpista-bem-vestido Danny Ocean parece estar enfadado, burocrático. Assim como seus 12 companheiros (o novo integrante é um antigo inimigo cooptado), e o antagonista interpretado com exageros por Al Pacino. Talvez seja hora da franquia parar, pois insistir no mesmo golpe pode pegar mal com o espectador.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Novos lançamentos da Livrinho de Papel Finíssimo!



Texto de divulgação
2 lugares, 3 revistas e 4 autores.

As 16h, Samuca e Ricardo Melo lança o seu livreto "HAI -KADOS" no bar do Neno.

*Samuca trabalha há mais de 20 anos com desenho. Já aventurou-se pelo universo das charges, dos cartuns, das caricaturas e dos quadrinhos. Ricardo Mello é jornalista, poeta e escritor. “O que queremos é produzir, estimular a circulação de bens culturais na nossa cidade e fora dela. È importantíssimo valorizar esse tipo de ação desenvolvida pela editora que proporciona escoamento de produção a baixo custo com ótima qualidade gráfica”, afirma Samuca
Logo em seguida, 19h, com a parceria da Livrinho de Papel Finíssimo Editora e Ragu zine. Serão lançados mais dois zines: Arritmia (João Lin) e Corte Digitao (Fernado Duarte) no bar de Seu Biu - na rua do sossego, próximo ao príncipe.

**Arritmia é uma experiência de livre-criação, uma brincadeira desenhada entre amigos, um rascunho de pensamento livre da auto-censura, sem medo de expor o inacabado, um livro de desenhos de verdade.

***Lin define o conteúdo do trabalho como “desenho livre, descomprometido, despretensioso, indefinido, ambíguo, non-sense, a simples materialização do livre pensar gráfico”.""

Lançamento do livreto Hai-Kados
30 de junho – 16h
Bar do Neno
Preço do exemplar – 5 reais

Lançamento do livrinho Arritmia e corte digitao
Dia 30 de junho - 19h
Local - Bar do seu Bio (Rua do Sossego, 144)
Preço do exemplar – 5 reais

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Palestra sobre literatura adaptada em quadrinhos no Recife

Saiu no Diario de Pernambuco de hoje:

PALESTRA - Mascaro e Lin falam sobre Hq

Experimentação nas artes gráficas é o tema das palestras que acontecem hoje, às 19h30, na Escola Oi Kabum (Rua do Bom Jesus, 147, Bairro do Recife). Na ocasião, os quadrinistas Christiano Mascaro e João Lin, responsáveis pelos livros do projeto Domínio Público e pela revista Ragú, discutem quadrinização da literatura, e Renato Alarcão fala sobre Diários gráficos. A entrada é gratuita.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Warner divulga primeiras imagens de "Dark Knight", o novo filme de Batman



Este é o Batman de "The Dark Knight", a continuação de "Batman Begins", ambos dirigidos por Christopher Nolan (Amnésia, Insônia e O grande truque).

Apesar do nome ser o mesmo do clássico em quadrinhos de Frank Miller lançado em 1987, a história de "The Dark Knight" tem a ver com o surgimento dos vilões Harvey Dent (Duas Caras) e um tal Coringa.

Aqui, ele pilota a nova moto, batizada BatPod. Pode?

O Incrível Hulk visita o Brasil em setembro

O boletim especializado em cinema Filme B informou que uma equipe de oito pessoas chegou hoje ao Rio de Janeiro para começar a pré-produção de "The Incredible Hulk" no Brasil.

Também conhecido como "Hulk 2", o filme será dirigido por Louis Leterrier (Danny the Dog) e conta com Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth e William Hurt no elenco. A estréia está marcada para 2008.

No Brasil, a produção será wem setembro e outubro, em locações no Rio de Janeiro. De acordo com o jornal O Globo, um dos locais pode ser a favela Tavares Bastos, no Catete. Na história, Bruce Banner (Norton) foge do exército e se esconde em uma favela. É mole?

É bom lembrar que a relação do gigante verde com nosso país não vem de agora. Mike Deodato, desenhista responsável pelo personagem durante um bom tempo, é de Campina Grande, Paraíba.

Alguns blogs especulam que "The Incredible Hulk" não seja exatamente uma sequência do interessante "The Hulk", dirigido por Ang Lee em 2003. Que o novo filme seria mais fiel à série televisiva do começo dos anos 80 e à origem do personagem registrada nos quadrinhos.

Tem Miró nas universidades do Recife



Lembrando que hoje tem dois eventos acadêmicos em torno do grande poeta marginal Miró da Muribeca (foto acima). Para saber mais, clique aqui.

Surfista Prateado, o herói existencialista, nos cinemas a partir de sexta-feira



Nem nos meus mais remotos sonhos imaginaria o dia em que eu fosse ao cinema assistir a um filme com Norrin Radd, o Surfista Prateado. Pois esse dia chegou. Ele é a estrela de "Quarteto Fantástico e Surfista Prateado" (Fantastic Four: Rise of the Silver Surfer), o novo filme baseado nos personagens da Marvel Comics. Totalmente criado por computado, ele tem as feições do ator Doug Jones e a voz de Laurence Fishburne.

Criado por Stan Lee e Jack Kirby, o personagem apareceu pela primeira vez na revista "Fantastic Four" nº48 (1966), durante a chamada "The Galactus Trilogy".



Fortemente ligado ao imaginário dos anos 60, a grande popularidade do Surfista garantiu a ele revista própria. Suas histórias giram em torno de sua amargura em estar preso num planeta cuja população não o compreende (a Terra). Impossibitado de voltar ao planeta natal (Zenn-la), resta ao herói questionar a própria existência e o sentido da vida num mundo estrangeiro e desprovido de razão.

Algm alinhamento com o existencialismo de Sarte? Muito do comportamento da humanidade mostrada nestes quadrinhos encontram paralelo em "A Peste", de Albert Camus.

O espírito, eis aí o diferencial que fez a Marvel desbancar a antiquada DC Comics como potência dos quadrinhos norte-americanos. Nem dá pra comparar a profundidade psicológica do Surfista, Homem-aranha, X-Men e cia com os cartesianos Super-homem, Mulher-maravilha, e até mesmo o Batman antes das reformulações dos anos 80 (quem se lembra da série da TV)?

Resta saber como um personagem tão especial será adaptado para o cinema. A confiança dos produtores é alta, pois anunciaram o filme solo "Silver Surfer" para 2009. Abaixo, uma das peças de divulgação da estréia, instalada no Multiplex Recife. Em breve, mais notícias aqui no Quadro Mágico.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

"Fetichast", um retrato tenebroso da "geração X(uxa)"



Estes são os primeiros quadros de "Fetichast - províncias dos cruzados", uma história em quadrinhos totalmente desenhada e finalizada a lápis por J. Márcio Nicolosi, e editado pela Devir Livraria (112 páginas, R$ 30).

A trama é construída em torno de uma distopia em que a república fictícia de Fetichast é controlada por um único canal de TV. Os personagens são ou pessoas sedentas por poder, ou apresentadoras de programas infantis seminuas, ou meninos e meninas pobres, que vivem nos sinais de trânsito.

Naquele país ninguém fala corretamente sua língua. E, assim como no livro “Fahrenheit 451” (de Ray Bradbury, filmado por François Truffaut), a leitura parece estar abolida. A história é contada por um violeiro ao estilo “mariachi”, que encontra três crianças numa encruzilhada qualquer. A música, assim como o cinema, são possibilidades para entender que o mundo é bem maior do que o que passa na telinha, mas será que ainda restam possibilidades de convivência não totalitárias nessa sociedade "midiotizada"?



Veterano da HQ nacional, Nicolosi desenha profissionalmente desde 1974, como funcionário da Maúrício de Souza Produções. Nos anos 80 partiu para uma carreira independente no ramo da animação publicitária. Em 1990, volta para a MSP para trabalhar nos desenhos animados da Turma da Mônica. Atualmente, desenvolve o material para o projeto "Cine Gibi 3" e para o longa animado do dinossauro Horácio.

Este é o segundo volume de “Fetichast”, projeto explicitamente autoral e independente, começou a ser desenvolvido em 1991, em plena era Collor. Na época, o Brasil passava por vários escândalos políticos e ao mesmo tempo vivia um “boom” comercial de programas infantis.

sábado, 23 de junho de 2007

"Baixio das Bestas" no topo do Overmundo



Uma crítica de minha autoria sobre "Baixio das Bestas" está gerando uma boa discussão no site cultural Overmundo. Para ler e trocar idéias, clique aqui.

No Recife, o filme continua em cartaz esta semana, no Cinema da Fundação (Derby), em três sessões especiais: segunda e quarta, às 15h30, e quinta, às 18h40.

"Um contrato com Deus", de Will Eisner, na Folha de Pernambuco de hoje



A Folha de Pernambuco de hoje publica mais uma matéria de minha autoria. Desta vez é sobre "Um contrato com Deus", de Will Eisner, que acaba de ser relançado pela Devir Livraria. Para ler, é só clicar aqui.

Poeta Miró é tema de documentários em vídeo e dissertação de mestrado



Para quem ainda não conhece a arte do poeta Miró (da Muribeca), esta terça-feira (26) é uma boa ocasião para fazê-lo. Neste dia haverá dois eventos acadêmicos voltados para o artista: um vídeo documentário e uma dissertação de mestrado.

Quem informa é o pesquisador e poeta André Telles do Rosário, que nesta mesma data (terça-feira, 26) se tornará mestre em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ao defender, às 15h, sua dissertação sobre a pulsânime literatura de Miró, intitulada "Corpoeticidade – Poeta Miró e sua literatura performática".

A defesa se dará às 15h, no Centro de Artes e Comunicação da UFPE, sala do Conselho Departamental (térreo).

Abaixo, Telles explica alguns detalhes da dissertação:

"Demonstrarei os principais pontos de minha pesquisa sobre o corpo como suporte para a poesia, para a conclusão do mestrado em Teoria Literária, Programa de Pós-Graduação em Letras.

Fazem parte da banca meu orientador, Anco Márcio Tenório; a Professora do Programa, e do Departamento de Teoria da Arte, Maria do Carmo Nino; e a Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Ângela Prysthon.

Para retratar melhor o panorama em que se incluem os poemas de Miró, procurei momentos na História em que o corpo serviu de suporte para a poesia. Desde antes do livro, com os trovadores, passando pelas experiências futuristas e da contracultura da metade do século passado, até chegar à poesia de “depois do livro”, como a Slam Poetry (torneios de poesia que acontecem nos Estados Unidos e na Europa desde a década de 80), e a Poesia Marginal dos anos 70, origem dos recitais que se espalharam pelo Brasil desde a Abertura.

Mostrado esse panorama, a pesquisa se volta para a poesia de Miró, sua origem e sua história. E depois, ainda, na busca de um ponto de apoio para ler a obra do poeta, o estudo descreve a Corpoeticidade da literatura de Miró, isto é, as dialéticas entre três elementos constantemente presentes em seu trabalho: o Corpo, a Poética e a Cidade".

Por sua vez, o vídeo "Onde estará a norma? um poeta, uma cidade" será exibido às 18h, no 5º andar do Bloco A da Unicap (bairro da Boa Vista), na sala 511. Ele foi finalizado recentemente como projeto de graduação das estudantes de jornalismo da Universidade Católica (Unicap), Bárbara Cristina, Jacqueline Granja e Patrícia Gomes. Sob orientação do Professor Cláudio Bezerra, as jornalistas produziram um registro de 23 minutos sobre a obra e da trajetória de Miró, com declarações de amigos e estudiosos sobre sua poesia.

O outro projeto audiovisual sobre o poeta ainda está em produção, sob a direção de Wilson Freire (Uma Cruz, uma história e uma estrada, vencedor do Doc TV 3).

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Valentina, 42 anos, continua em ótima forma



O ARTISTA E SUA MUSA EM CARNE E OSSO, NOS ANOS 60

Desde 2006, Valentina, a obra prima de Guido Crepax está recebendo um tratamento de primeira categoria, com todas as suas histórias publicadas cronologicamente em livros de luxo publicados pela Conrad Livros. "Valentina 66-68", à venda desde a semana passada (R$ 55), é o segundo volume da série.

Desta vez, a sobrecapa do livro é também um pôster gigante duplo (64 x 84 cm): de um lado, o mapa dos Subterrâneos onde se passa a primeira história do álbum, e do outro uma montagem com as melhores imagens da heroína.

São 152 páginas de alucinação e erotismo, em que um visual muito maneiro compensa a falta de consistência do roteiro. Ou seja, o conteúdo de Valentina é sua forma. O prazer de folhear um trabalho do italiano Crepax (1933-2003) está justamente em curtir seu traço refinado, hoje considerado um clássico da arte do século 20.



Em 2005, em comemoração aos 40 anos desta verdadeira pin up, a editora Opera Graphica publicou um estudo aprofundado sobre esta que é uma das maiores musas da nona arte, "Desnudando Valentina", um estudo do pesquisador paulista Marco Aurélio Lucchetti.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Sorteio de HQs no Quadro Mágico: confira os contemplados

O Quadro Mágico tem o prazer de divulgar o resultado de sua primeira grande promoção. Os vencedores, listados abaixo, devem enviar seus dados (endereço completo e telefone) para receber os prêmios no conforto de suas casas.

Dias atrás, um grato reforço surgiu de um dos editores da Ragú, João Lin. Ele aditivou nosso sorteio com um kit formado pelas três últimas edições da coletânea, por sinal, a mais pedida pelos leitores deste blog. De forma que quatro nomes estão sendo contemplados com a revista, a saber:



RAGÚ Nº4 (Via Lettera)
Renato Teles (Recife - PE)
Rodrigo Almeida (Recife - PE)


RAGÚ Nº5 (Opera Graphica)
Rosana de Lucena (João Pessoa - PB)



RAGÚ Nº6 (independente)
Lêda Santos (Recife - PE)



FRONT Nº17 (Via Lettera)
Mayra Meira (Recife-PE)

Curiosamente, ninguém se interessou pelo PEQUENO LIVRO DE ESTILO DE SNOOPY, de Charles Schulz (Conrad). Será que o cachorrinho estiloso está tão em baixa assim? Bem, a todos, obrigado pela participação. Em breve, mais promoções..!

"Chiclete Com Banana", de volta às bancas



Los Três Amigos atacam novamente. Está de volta às bancas um clássico obrigatório da imprensa alternativa brasileira. Graças a uma parceiria entre a Devir Livraria e a Sampa Editorial, Chiclete Com Banana (R$ 5,90) ataca novamente, em formato "antologia" de 16 revistas, um material selecionado das 44 edições, publicadas entre 1985 e 1995.

Por enquanto, a área está restrita às bancas do Rio e São Paulo. Se você mora em outros estados, precisa esperar alguns meses, ou comprar direto no site da Devir.

De acordo com Toninho Mendes, criador da Circo Editorial e editor da antologia, as 800 páginas escolhidas "representam a síntese do espírito da revista. São cartuns, quadrinhos, textos e desenhos que têm como marca registrada um humor corrosivo, cínico, anarquista e transgressor sobre as décadas de 1980 e 1990".

A reedição preserva o formato da revista original, do número de páginas (52) ao papel de qualidade duvidosa (barato), mas adequado à guerrilha que deve ter sido manter a Chiclete circulando por 10 anos seguidos.



Abaixo, o cartum que ilustrou o editorial assinado por Angeli no número de estréia, em outubro de 1985, época em que as revistinhas de Walt Disney e de Maurício de Souza reinavam absolutas.

Curso de Histórias em Quadrinhos no Museu Murilo La Greca

Desde ontem estão abertas as inscrições para o Curso Intensivo de História em Quadrinhos e também para uma Oficina Lúdica de Gravura. Quem promove é o Museu Murilo La Greca (Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, 366, Parnamirim - Recife / Telefones: (81) 3232.4276 | 3232.4255)

Mais informações no site JC ONline.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Devir relança "Um Contrato Com Deus", de Will Eisner



A Devir Livraria acaba de relançar "Um Contrato com Deus e outras histórias de cortiço" (R$ 48,50), um livro em quadrinhos assinado pelo mestre Will Eisner. A edição tem 200 páginas, capa dura com detalhes dourados e miolo em um papel fosco especial, o "chamois", perfeito para o tom sépia utilizado por Eisner nesta e em outras graphic novels de sua autoria. Esta é a terceira vez que o livro é publicado no Brasil - a primeira foi em 1978 pela editora Baronet, e a segunda dez anos depois, pela Brasiliense.

O cuidado editorial dispensado ao livro faz jus à sua importância. Afinal, esta foi a primeira HQ classificada como "graphic novel" (romance gráfico). O termo foi utilizado pelo próprio Eisner (1917-2005), para definir sua nova série de trabalhos, voltados para o público adulto.

Dividido em quatro histórias ambientadas nos cortiços do Bronx (bairro pobre de Nova York), “Um Contrato com Deus” foi o primeiro de uma série de clássicos sobre conflitos provocados por relacionamentos, intolerância, e convicções religiosas.

Muitos deles foram publicados no Brasil, como “Um Sinal do Espaço”, "No Coração da Tempestade" (1991), "O Edifício" (1987), e mais recentemente "Fagin, o Judeu", "O Nome do Jogo" (2003) e "O Complô" (2005), seu último trabalho, recentemente lançado pela Companhia das Letras.

Abaixo, duas imagens de "Um Contrato Com Deus".





"Passei uma longa carreira - que atravessa oito décadas - combinando e refinando palavras e imagens. Meus primeiros trabalhos em tiras de jornais e revistas em quadrinhos me permitiram entreter milhares de leitores semanalmente, mas sempre achei que havia mais coisas a dizer. Eu fui o pioneiro no uso dos quadrinhos em manuais de instrução para soldados americanos, cobrindo três guerras importantes e, mais tarde, usei os quadrinhos para educar crianças na escola primária", explica o próprio Eisner, na introdução escrita em 2004 para "Contract with God Trilogy", lançada nos EUA um ano antes de sua morte.

"Numa idade em que poderia ter me aposentado, escolhi, em vez disso, criar quadrinhos literários, na época um termo paradoxal. (...) Não consegui encontrar um editor importante para publicar 'Um Contrato com Deus' há um quarto de século, e agora as graphic novels reperesentam o segmento da indústria literária de maior crescimento", avalia o artista. O texto está na íntegra na nova edição nacional.

Criador da revista "Spirit"nos anos 1940, não há como calcular a importância do trabalho de Will Einser. Além de toda sua obra de ficção, é dele o primeiro estudo das HQs como linguagem própria, o livro "Quadrinhos e arte sequencial". Por tudo isso, desde 1988 ele dá nome ao Eisner Awards, o Oscar dos quadrinhos.

A Devir anunciou ainda para este ano o lançamento de "A Força da Vida", o segundo título da trilogia de Einser sobre a vida nos cortiços. O terceiro, "Avenida Dropsie", foi lançado pela editora em 2004.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Quadro Mágico completa 10 mil acessos e sorteia 3 HQs

Dez mil acessos em 70 dias não é um número extraordinário para um blog, considerando a magnitude da audiência proporcionada pela internet. Mesmo assim, é motivo de celebração, já que este Quadro Mágico se sustenta com as próprias pernas, independente de grandes portais ou patrocinadores.

O contador foi instalado recentemente, mas este sítio está na ativa desde setembro de 2006. O formato “blog” é efêmero, por não permitir uma navegação horizontal: uma postagem praticamente anula a anterior, formando arquivos nesses links da coluna à direita. Nessas gavetinhas, orgulho-me de ter arquivado críticas de HQs, filmes de ficção e documentários, entrevistas, notícias, programação de cinema e espaços alternativos, oficinas de arte e outros eventos.

Dividindo essa alegria, este blog promove pela primeira vez o sorteio de três HQs:



PEQUENO LIVRO DE ESTILO DE SNOOPY, de Charles Schulz (Conrad)



Revista RAGÚ nº 4 (R$ 23, Via Lettera)



Revista FRONT nº 17 (R$ 32, Via Lettera)

Para concorrer, basta enviar um email para andrehdib@gmail.com, escolhendo qual a publicação preferida. O resultado sai na semana que vem.

terça-feira, 12 de junho de 2007

73 anos de Pato Donald



Donald Fauntleroy Duck, mais conhecido como Pato Donald, completou 73 anos no último dia 9 de junho. Uma boa forma de comemorar a data é curtindo as histórias criadas por Carl Barks (1901-2000), o desenhista/roteirista que praticamente inventou o personagem. Claro que ele já existia antes de Barks, mas foi ele quem deu personalidade ao pato, criou quase todos os outros personagens (Tio Patinhas, Gastão, Professor Pardal, Irmãos Metralha e Maga Patalógica) e até mesmo colocou Patópolis no mapa.

Apesar das histórias que criou não levarem sua assinatura (havia apenas um automático "Walt Disney"), elas são facilmente identificáveis não somente pelo traço, mas também pelo alto grau de inventividade em relação à maioria das HQs Disney. Barks era quase um poeta dos quadrinhos. Na foto abaixo, ele autografa revistas em evento na Finlândia.



A Editora Abril, que mantém a revista Pato Donald desde 1950 (foi a primeira publicação da empresa), está relançando cronologicamente todas as histórias de Carl Barks. Atualmente, as Obras Completas de Carl Barks estão no 27º volume.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Oficina de Serigrafia Guerrilheira em Olinda



O artista gráfico Paulinho do Amparo volta a oferecer as antológicas Oficinas de Serigrafia Gerrilheira, onde participo como produtor. O objetivo é repassar a técnica e os segredos de como reproduzir rapidamente qualquer imagem, desenho ou foto com baixo custo e poucos recursos. Para impressão em papel, parede, tecido ou qualquer outro suporte (sólido).

O oficineiro, por exemplo, há tempos vem aplicando a metodologia para produzir cartazes, capas de CD e camisetas, bem conhecidas no meio cultural Recife-Olinda. Você pode saber um pouco mais sobre seu trabalho clicando aqui.

Esta é a chance de aprender esta arte zen da reprodução de imagens artesanais, com o mestre dos cartazes mais roubados da cidade.

A duração da oficina é de uma tarde de sol, onde será ensinado como esticar uma tela serigráfica, transferir qualquer imagem para a tela, e fazer uma boa impressão em qualquer suporte. Quem quiser imprimir um desenho pra levar, deve trazer papel, camiseta ou outro suporte de preferência.

As vagas são limitadas - apenas 10 pessoas por turma. A primeira turma está marcada para o próximo sábado (dia 16), às 13h. Inscrições podem ser feitas pelo telefone (81) 3439-5806 / (81) 9675-6252, pelos emails paulodoamparo@gmail.com e andrehdib@gmail.com, ou até mesmo mediante comentário neste blog.

sábado, 9 de junho de 2007

"Lost Girls", HQ de Alan Moore e Melinda Gebbie, na Folha de Pernambuco de hoje



Alan Moore e Melinda Gebbie: união amorosa e trabalho de qualidade

Hoje saiu uma matéria minha sobre o lançamento de Lost Girls - Meninas Crescidas na Folha de Pernambuco. Para ler, clique aqui. Ontem publiquei outro texto sobre o assunto aqui no Quadro Mágico.

Abaixo, reproduzo o texto publicado no jornal, na íntegra:
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09/06/2007
Clássicos infantis em versão para adultos

André Dib
Especial para a Folha

Alice, Wendy e Dorothy, as meninas dos clássicos infanto-juvenis “No País das Maravilhas”, “Peter Pan”, e “O Mágico de Oz”, já tiveram suas aventuras contadas inúmeras vezes. Mas nunca assim, tão apimentadas quanto no álbum em quadrinhos “Lost Girls - Meninas crescidas”, de Alan Moore e Melinda Gebbie, que acaba de ser lançado no Brasil. Este livro, somente para adultos, é o primeiro de três volumes que compõem uma das mais belas e provocantes histórias em quadrinhos já feitas.

A história se situa no ano de 1913, quando as personagens, já adultas, se encontram num luxuoso hotel austríaco. Lá, confidenciam detalhadamente suas experiências sexuais. O projeto levou quase 20 anos para ficar pronto e, durante o processo, os dois artistas iniciaram um relacionamento amoroso que dura até hoje.

Naquele tempo, Moore começava a se destacar por suas narrativas iconoclastas e terrivelmente bem construídas, como “Watchmen”, em que super-heróis são usados na guerra fria, e logo depois “V de Vingança”, a distopia orwelliana que dinamitou o discurso da democracia ocidental. Em “Lost Girls”, a subversão está em mostrar sexo explícito com a mesma naturalidade e bom gosto presentes nos escritos originais.

O projeto começou quando Moore entendeu os vôos mágicos de Peter Pan e Wendy como uma metáfora para as descobertas sexuais da adolescência. Sob este ponto de vista legitimamente freudiano, situações como o apressado Coelho Branco que leva Alice ao País das Maravilhas, e Dorothy a dar piruetas dentro do furacão, ganham dimensões insuspeitas até então.

A estética muda de acordo com cada capítulo, seguindo padrões de uma exaustiva pesquisa do casal sobre a pornografia feita na era vitoriana e na Belle Époque, “muito mais humana e centrada no prazer” do que a atual, “quase toda fotográfica”, disse o escritor ao periódico eletrônico Sci Fi Weekly, na ocasião do lançamento.

Ainda na entrevista, ele afirmou que o sexo tem sido sub-representado na literatura. “Há gêneros dedicados a todos os outros campos da experiência humana - até os mais rarefeitos como o mundo dos detetives, astronautas ou caubóis. Já a pornografia, o único gênero em que o sexo pode ser discutido abertamente, não tem reputação alguma, é desagradável, de baixo nível, e consumida às escondidas”.

Na contra-corrente do sexo tosco e perverso mostrado nas “Tijuana Bibles” dos anos 30 e 40, e das sacanas montagens digitais com bichinhos fofinhos que circulam na internet, cada quadro de “Lost Girls” é marcado por muito requinte e delicadeza. Um produto que eleva este gênero tão desqualificado ao nível da mais pura e transcendente arte.

Serviço
Lost Girls - Livro Um: Meninas Crescidas (Devir Livraria)
Quanto: R$ 65 (112 páginas)

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Tela Grande (em cartaz): "Esses Moços", de José Araripe Jr.



Esses Moços”, em cartaz no Cinema da Fundação, enfoca poeticamente a vida dos moradores de rua - para usar um termo tão bem intencionado e politicamente correto quanto é este primeiro longa do baiano José Araripe Jr. Um filme que, se não atingiu a plenitude de seus intentos, ao menos evitou o tom panfletário ongueiro, viés tão perigoso e alienado quanto a mentalidade classe média apavorada com a violência nos sinais de trânsito.

Nem uma coisa, nem outra. Araripe aposta no humanismo ao promover o encontro entre duas irmãs fugidas da zona rural baiana (Darlene e Daiane, interpretadas por Chaeind Santos e Flaviana Silva), e Diomedes (Inaldo Santana), um homem idoso e sem memória. Concebido com nuances do vagabundo de Charles Chaplin (mudo, magro, de terno, chapéu e óculos escuros), Diomedes logo é chamado de “vô” por Daiane, a irmã mais nova e carente de família.

As duas meninas compõem em si um rico núcleo para tratar dos problemas de cidades grandes e empobrecidas, cuja infância se perde entre sinais de trânsito, turismo sexual e grupos de extermínio. Darlene, com aproximadamente 12 anos, já se traumatizou o suficiente para ter seu coração endurecido e descrente. Ela explora sua irmã mais nova, a inocente Daiane, que apanha e se vê obrigada a pedir esmola nos cruzamentos de Salvador. Da tensão dramática entre as duas, fatos e conseqüências as levam pela cidade.

O ritmo dos acontecimentos e diálogos é lento, como se os personagens vivessem num mundo paralelo, próprio das crianças e idosos. Mais ainda, dos moradores da rua, alheios ao caos urbano que os cerca. Uma invisibilidade, aliás, de mão dupla. Que permite liberdade para ambos os lados, até se quebrar, em situações-limite. Um bom conceito que, fosse mais nítido, obteria melhores resultados.

Filmes relacionados: “Capitães de Areia”, “Pixote” e “Como Nascem os Anjos”.

Lost Girls: a obra prima pornográfica de Alan Moore e Melinda Gebbie



A Devir Livraria acaba de publicar uma obra prima em quadrinhos. Lost Girls - Meninas Crescidas, é fruto de 15 anos de trabalho feito a quatro mãos por Alan Moore (roteiro) e Melinda Gebbie (desenhos). Por conter cenas de sexo explícito, é proibido para menores de 18 anos. Por ter como protagonistas Alice, Wendy e Dorothy, famosas personagens da literatura infanto-juvenil, Lost Girls vem chamando a atenção e provocando polêmica.

No Reino Unido, terra natal de Moore e Gebbie, o livro está censurado. Só será liberado em 2008, quando a obra Peter Pan and the Lost Boys cairá em domínio público. Os atuais detentores dos direitos autorais não querem endossar a manipulação pornográfica a que os personagens foram submetidos.



A versão brasileira chega um ano depois da obra pronta, mas o atraso valeu a pena. A edição da Devir está impecável, caprichada em cada detalhe. Da tradução ao tratamento gráfico, que inclui sobrecapa em papel couché e capa com detalhes em dourado. O único lamento é que o volume único americano foi desmembrado em três por aqui. O primeiro volume, lançado semana passada, tem 112 páginas, e está sendo vendido por R$ 65. A opção pelos três volumes provavelmente foi tomada porque seria impraticável para o mercado nacional vender um livro por R$ 200, e um desperdício lançar o livro com menos qualidade gráfica.



Na ocasião do lançamento norte-americano, Moore lamentou que a pornografia tenha se tornado um gênero empobrecido, sub-utilizado como produto de entretenimento barato. Para ele esta seria a única forma de literatura onde é possível discutir o sexo em todos os sentidos. Por isso, Lost Girls foi concebido de acordo com a pornografia da era vitoriana, sob uma estética da Belle Èpoque.

Uma HQ que surpreende não só pelo requinte e ousadia visual, mas por trazer a assinatura de Alan Moore. Da minha parte, confesso não ter esperado nada tão bonito e poético da parte deste artista, mais conhecido por mostrar o lado podre da humanidade (vide Watchmen, V de Vingança, A Piada Mortal e Do Inferno).

Lost Girls , uma ode aos prazeres da vida, é a prova de que um artista pode se reinventar sem abrir mão do melhor de si.

Alto-imagem: Cinema e outras ações culturais no Alto José do Pinho (Recife)



É hoje à noite!!!

aLto-imagem
Ações artísticas na & com a comunidade de Alto José do Pinho

08/06/2007, sexta-feira, a partir das 17hs
Na Praça Amaro Lopes (Praça da Maconha).
Se chover: no Mercado Público, Espaço Poesis 2
Alto José do Pinho, Recife

Realização:
Grupo Poesis +
epa! +
Oficina circuitos compartilhados +
grupo segura a onda +
Centro de Formação de Artes Visuais da Fundação de Cultura da Cidade do Recife


PROGRAMAÇÃO:
17H às 18H: chamamento para encontro & espaço performático
18h30: Visse? mentalizações sobre o ambiente

19H: Estréia mundial do filme Art-Door
Realizado por Jomard Muniz de Britto, o documentário em Super-8 é um registro da I Exposição Internacional de Art-Door, intervenção em espaço público ocupando 100 outdoors da cidade do Recife com trabalhos de mais de 100 artistas, de 30 países. As duas edições da Art-Door ocorreram nos anos de 1981 e 1982, e foram coordenadas por Paulo Bruscky e Daniel Santiago.

19H30: Lançamento da 2ª edição do Jornal OBS.: , informativo da circuitos em vídeo, com textos e sinopses dos filmes e dos 57 coletivos de artistas participantes da mostra circuitos em vídeo.

19H às 21h: Mostra Circuitos em Vídeo (programação para aLto-imagem)
- Mau-Wal – Encontros traduzidos. (Maurício Dias, Walter Riedweg, Fabiana Werneck, Marco Del Fiol, VideoBrasil)
- A última feira (Ideário)
- Liberte-se. (A Revolução Não Será Televisionada & Cia. Cachorra)
- Olho Grande. (Alexandre Vogler)
- 468 (Bijari)
- Destruindo o monolito. (Telephone Colorido)
- Workshop com Willi Dorner e Anna MacRae. (Acervo Casa Hoffmann)
- Ocupação Guapira. (Catadores de histórias)
- Peneira. ( Cia Cachorra)
- Me convida. (Projeto Matilha)
- Quem representa o povo? (GIRA)

21h às 21h30: Recital Poético Performático / Grupo Poesis
com: Magda Santiago, Gerson Braga & Jailson de Oliveira

21h30 às 22h: Exibição do filme Auto-estima , documentário sobre a comunidade de Alto José do Pinho

Fanzines e Fanzineiros, Recife-Fortaleza : Debate em Casa Amarela (Recife)

Yuri Brusky convida:

Debate com fanzineiros em Casa Amarela

"Fanzines e Fanzineiros, Recife-Fortaleza. Discutir formas de organização e trocar experiências de comunicação alternativa é o objetivo do encontro que acontece a partir das 14h desta sexta-feira (8), na Biblioteca de Casa Amarela.

O bate-papo terá como ponto de partida o exemplo de Fortaleza, um dos principais pólos de fanzineiros no Brasil, não só pelo volume de produção como também pela realização mensal, há cinco anos, do encontro Zine-se. Para falar do assunto, estará presente a fanzineira e oficineira Fernanda Meireles, diretora da ONG cearense Zinco (Centro de Estudo, Pesquisa e Produção em Mídia Alternativa). Ao final do debate com Fernanda, será exibida a terceira edição do "Arquivo Geral Vídeo-Zine", dos paulistas José Nogueira e José Salles.

FANZINE - publicação independente feita por uma só pessoa ou pequenos grupos, o fanzine surgiu na década de 1930, nos Estados Unidos, como alternativa para a publicação de novos autores de ficção científica. Agregando recursos e temáticas, os zines atuais usam diferentes suportes e abordam os mais variados temas, como música, política, poesia e cotidiano."

Fanzines e Fanzineiros, Recife-Fortaleza
08 de junho (sexta-feira), 14h
Biblioteca Popular de Casa Amarela - R. Major Afonso Leal, s/n.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Tela Grande (especial): Tintin e eu



A dica de hoje é assistir ao longa documentário "Tintin e eu" (Tintin et moi), produzido em 2004 pelo dinamarquês Anders Østergaard.

O filme-animação é baseado numa entrevista de quatro dias feita por Numa Sadoul com Hergé, o criador do personagem, em 1971, transformada em 1975 no livro "Tintin e Eu: conversando com Hergé". O arquivo de som, nunca aproveitado na íntegra, está de volta com animações e imagens de arquivo nunca vistas.

Quando passou em São Paulo (em abril), dentro da programação do festival É Tudo Verdade, a sessão lotou rapidinho. Na etapa Recife, o filme será exibido hoje, às 19h, em sessão única no Cinema da Fundação (Rua Henrique Dias, 609, Derby. Telefones: 3073.6688, 3073.6689.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Tela Grande (estréia): Dois festivais de documentários simultâneos no Recife

A partir de amanhã, Recife se transforma na capital do cinema documental. Por coincidência, dois eventos dedicados a esta forma de fazer filmes concorrem pela atenção do público: entre os dias 2 e 6 (de sábado a quarta-feira) há o Panorama Recife de Documentários 2007, organizado pela Prefeitura do Recife; e de 4 a 10 (de segunda a domingo), se realiza o projeto Documentário em Pauta, produzido pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Entre as presenças ilustres a debater seus filmes e discutir os rumos e sentidos do documentário, figuram João Moreira Salles, diretor de "Santiago" (2007), Amir Labaki - organizador do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, e Linduarte Noronha, que vem apresentar "Aruanda" (1960), marco zero do documentário sociológico brasileiro, e uma das sementes responsáveis pelo Cinema Novo.

Pela primeira vez, o É Tudo Verdade estende sua programação até o Recife. A abertura é de "O Longo Amanhecer", a cinebiografia de Celso Furtado, assinada pelo carioca José Mariani. Krzysztof Kieslowski, um dos diretores homenageados este ano, integra a programação com três curta-metragens: "O Escritório" (1966), "Curriculum vitae" (1975), e "Meu Kieslowski", uma entrevista com a filha do cineasta polonês feita por Irina Volkova. Na quarta-feira, é a vez dos curtas "Aruanda" e "O Cajueiro Nordestino" (1962), do paraibano Linduarte Noronha, outro grande nome homenageado. O filme tem proporções míticas, e adquire ainda mais importância com a presença do diretor. Amir Labaki, o idealizador da mostra, estará na terça-feira lançando três livros por ele escritos ou organizados: Introdução ao Documentário Brasileiro; Reflexões sobre a Cultura do Documentário; e O Cinema do Real.

Por sua vez, a quarta edição do Panorama Recife de Documentários traz uma maratona de 40 produções audiovisuais de 14 estados brasileiros e nove países, para as telas os municipais Cinema Apolo (com entrada franca) e Cinema do Parque (R$ 1). São 12 longas-metragens, sete médias e 21 curtas. Além disso, haverá debates na Livraria Cultura (Paço Alfândega – Recife Antigo). A homenagem desta edição vai para a TV Viva, sediada em Olinda, que está representada na programação com o curta "Desde Cuba Hasta Pernambuco", de Nilton Pereira (Cinema Apolo, domingo, às 15h).

"Oscar Niemeyer - A Vida É Um Sopro", de Fabiano Maciel, abre a mostra numa cidade em pleno fogo cruzado quando o assunto é o arquiteto comunista – pois é dele o polêmico projeto para o futuro Parque de Boa Viagem. João Moreira Salles vem ao Recife apresentar seu "Santiago" na quarta-feira, às 19h, no Apolo. O filme é uma entrevista com o mordomo de Salles, que revela em suas memórias sua vasta cultura.

A programação completa do É Tudo Verdade está aqui, e do Panorama Recife de Documentários, aqui.

Tela Grande (estréia): Extermínio 2



O título original, "28 weeks later" (28 semanas depois) é auto-explicativo para a seqüência do filme "Extermínio" (28 days later). O primeiro, dirigido por Danny Boyle, mostra o que aconteceria se fosse disseminado na Inglaterra um vírus com o poder de transformar pessoas em zumbis sanguinários.

"Extermínio 2", a cargo Juan Carlos Fresnadillo (e produzido por Boyle), retoma a narrativa quando a cidade britânica começa a voltar ao normal, ainda que sob a vigilância do exército norte-americano. Os minutos iniciais enfocam no drama de uma família sobrevivente. Os filhos, Tammy e Andy ( Imogen Poots e Mackintosh Muggleton) se alegram em reencontrar o pai (Robert Caryle) e a mãe (Catherine Mccormack).

É através desta mãe portadora, mas imune ao vírus, que a epidemia volta às ruas, mobilizando franco atiradores, seguidos de fogo e bombas de gás, fazendo Londres arder em chamas novamente. Para representar os ataques do ponto de vista dos infectados, a câmera se movimenta de tal maneira que parece ter sido colocada na mão de um Diabo da Tasmânia. Um filme de terror OK.

Tela Grande (estréia): Zodíaco, de David Fincher



Downey JR. e Jake Gyllenhaal: grandes atuações

Jack o Estripador, o primeiro serial killer a virar celebridade, era inglês. Apesar disso, a fama obtida pelo maníaco naquela época não é nada se comparada com a obsessão norte-americana em torno do tema. Gente maluca que sai matando existe em qualquer lugar, mas é nos EUA que eles alcançam status de efêmeros popstar. Um deles, surgido em San Franscico no fim dos anos 60, se auto-batizou Zodíaco, se comunicava por complexos criptogramas enviados para a imprensa, e acaba de ter sua história recontada com competência no novo filme de David Fincher ("Clube da Luta"), que estréia hoje nos cinemas do Brasil.

Subgênero recorrente na indústria hollywoodiana, os filmes sobre serial killer quase sempre usam a mesma fórmula para produzir tensão no público, e podem ser tão ou mais numerosos do que os casos reais. No suspense "Zodíaco" (Zodiac, 2007), Fincher volta ao tema, já trabalhado em "Seven - Os Sete Pecados Capitais", só que menos apelativo, sem tantos clichês. O diretor fez um filme investigativo, sóbrio e de marcha lenta, ambientado em sua maior parte dentro de uma redação de jornal.

Zodíaco nunca foi capturado, apesar de todas as evidências apontarem Arthur Leigh Allen como o matador. Nesse processo, o jornalista Paul Avery (Robert Downey Jr., em grande interpretação) e o policial Dave Toschi (Mark Ruffalo) vêem suas carreiras escorrer ralo abaixo. Aos poucos, Zodíaco sai de cena, mas o cartunista político Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal), o cartunista político fissurado em decifrar códigos obscuros, decidiu continuar a busca de evidências. Autor de sete livros sobre serial killers, ele dedicou dois deles para o Zodíaco. Ele acredita que, usando como precedente o exemplo de um casal de históriadores que decifrou - antes do FBI, CIA ou Nasa - as mensagens do Zodíaco publicadas nos jornais, algum espectador consiga solucionar os códigos em aberto e, quem sabe assim, encerrar o caso.

O encadeamento cerebral e a longa duração (mais de 2h30), características constantes nos trabalhos de Fincher, caem como uma luva como representação do cansaço e frustração decorrentes de um caso nunca resolvido. Sem clímax ou redenção, este quebra-cabeça infinito guarda seu talento na estética estabelecida, atuações instigantes, e uso de uma métrica linear de narração. Fincher aprendeu com mérito a lição de Alan J. Pakula ("Todos os homens do presidente"), Sidney Lumet ("Um Dia de Cão") e do mestre maior, Alfred Hitchcock. A trilha sonora, uma seleção de vigorosos temas de rock'n'roll do período, é outro ponto positivo deste filme nada comum.

Piratas do Caribe no site da Continente Multicultural



Saiu hoje minha crítica sobre "Os Piratas do Caribe: no fim do mundo", que estreou no circuito nacional de cinema nesta última sexta. Para ler, é só clicar aqui.