sábado, 9 de junho de 2007

"Lost Girls", HQ de Alan Moore e Melinda Gebbie, na Folha de Pernambuco de hoje



Alan Moore e Melinda Gebbie: união amorosa e trabalho de qualidade

Hoje saiu uma matéria minha sobre o lançamento de Lost Girls - Meninas Crescidas na Folha de Pernambuco. Para ler, clique aqui. Ontem publiquei outro texto sobre o assunto aqui no Quadro Mágico.

Abaixo, reproduzo o texto publicado no jornal, na íntegra:
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09/06/2007
Clássicos infantis em versão para adultos

André Dib
Especial para a Folha

Alice, Wendy e Dorothy, as meninas dos clássicos infanto-juvenis “No País das Maravilhas”, “Peter Pan”, e “O Mágico de Oz”, já tiveram suas aventuras contadas inúmeras vezes. Mas nunca assim, tão apimentadas quanto no álbum em quadrinhos “Lost Girls - Meninas crescidas”, de Alan Moore e Melinda Gebbie, que acaba de ser lançado no Brasil. Este livro, somente para adultos, é o primeiro de três volumes que compõem uma das mais belas e provocantes histórias em quadrinhos já feitas.

A história se situa no ano de 1913, quando as personagens, já adultas, se encontram num luxuoso hotel austríaco. Lá, confidenciam detalhadamente suas experiências sexuais. O projeto levou quase 20 anos para ficar pronto e, durante o processo, os dois artistas iniciaram um relacionamento amoroso que dura até hoje.

Naquele tempo, Moore começava a se destacar por suas narrativas iconoclastas e terrivelmente bem construídas, como “Watchmen”, em que super-heróis são usados na guerra fria, e logo depois “V de Vingança”, a distopia orwelliana que dinamitou o discurso da democracia ocidental. Em “Lost Girls”, a subversão está em mostrar sexo explícito com a mesma naturalidade e bom gosto presentes nos escritos originais.

O projeto começou quando Moore entendeu os vôos mágicos de Peter Pan e Wendy como uma metáfora para as descobertas sexuais da adolescência. Sob este ponto de vista legitimamente freudiano, situações como o apressado Coelho Branco que leva Alice ao País das Maravilhas, e Dorothy a dar piruetas dentro do furacão, ganham dimensões insuspeitas até então.

A estética muda de acordo com cada capítulo, seguindo padrões de uma exaustiva pesquisa do casal sobre a pornografia feita na era vitoriana e na Belle Époque, “muito mais humana e centrada no prazer” do que a atual, “quase toda fotográfica”, disse o escritor ao periódico eletrônico Sci Fi Weekly, na ocasião do lançamento.

Ainda na entrevista, ele afirmou que o sexo tem sido sub-representado na literatura. “Há gêneros dedicados a todos os outros campos da experiência humana - até os mais rarefeitos como o mundo dos detetives, astronautas ou caubóis. Já a pornografia, o único gênero em que o sexo pode ser discutido abertamente, não tem reputação alguma, é desagradável, de baixo nível, e consumida às escondidas”.

Na contra-corrente do sexo tosco e perverso mostrado nas “Tijuana Bibles” dos anos 30 e 40, e das sacanas montagens digitais com bichinhos fofinhos que circulam na internet, cada quadro de “Lost Girls” é marcado por muito requinte e delicadeza. Um produto que eleva este gênero tão desqualificado ao nível da mais pura e transcendente arte.

Serviço
Lost Girls - Livro Um: Meninas Crescidas (Devir Livraria)
Quanto: R$ 65 (112 páginas)

2 comentários:

Unknown disse...

salve, grande André.
que maravilha, hein? 10 mil acessos...
sucesso!

abração

maurício k.

Lia Leticia disse...

andré!
massa,parábens
fico sempre dando uma olhadinha or aqui,uma revista de dicas!
valeu!