segunda-feira, 18 de junho de 2007

Devir relança "Um Contrato Com Deus", de Will Eisner



A Devir Livraria acaba de relançar "Um Contrato com Deus e outras histórias de cortiço" (R$ 48,50), um livro em quadrinhos assinado pelo mestre Will Eisner. A edição tem 200 páginas, capa dura com detalhes dourados e miolo em um papel fosco especial, o "chamois", perfeito para o tom sépia utilizado por Eisner nesta e em outras graphic novels de sua autoria. Esta é a terceira vez que o livro é publicado no Brasil - a primeira foi em 1978 pela editora Baronet, e a segunda dez anos depois, pela Brasiliense.

O cuidado editorial dispensado ao livro faz jus à sua importância. Afinal, esta foi a primeira HQ classificada como "graphic novel" (romance gráfico). O termo foi utilizado pelo próprio Eisner (1917-2005), para definir sua nova série de trabalhos, voltados para o público adulto.

Dividido em quatro histórias ambientadas nos cortiços do Bronx (bairro pobre de Nova York), “Um Contrato com Deus” foi o primeiro de uma série de clássicos sobre conflitos provocados por relacionamentos, intolerância, e convicções religiosas.

Muitos deles foram publicados no Brasil, como “Um Sinal do Espaço”, "No Coração da Tempestade" (1991), "O Edifício" (1987), e mais recentemente "Fagin, o Judeu", "O Nome do Jogo" (2003) e "O Complô" (2005), seu último trabalho, recentemente lançado pela Companhia das Letras.

Abaixo, duas imagens de "Um Contrato Com Deus".





"Passei uma longa carreira - que atravessa oito décadas - combinando e refinando palavras e imagens. Meus primeiros trabalhos em tiras de jornais e revistas em quadrinhos me permitiram entreter milhares de leitores semanalmente, mas sempre achei que havia mais coisas a dizer. Eu fui o pioneiro no uso dos quadrinhos em manuais de instrução para soldados americanos, cobrindo três guerras importantes e, mais tarde, usei os quadrinhos para educar crianças na escola primária", explica o próprio Eisner, na introdução escrita em 2004 para "Contract with God Trilogy", lançada nos EUA um ano antes de sua morte.

"Numa idade em que poderia ter me aposentado, escolhi, em vez disso, criar quadrinhos literários, na época um termo paradoxal. (...) Não consegui encontrar um editor importante para publicar 'Um Contrato com Deus' há um quarto de século, e agora as graphic novels reperesentam o segmento da indústria literária de maior crescimento", avalia o artista. O texto está na íntegra na nova edição nacional.

Criador da revista "Spirit"nos anos 1940, não há como calcular a importância do trabalho de Will Einser. Além de toda sua obra de ficção, é dele o primeiro estudo das HQs como linguagem própria, o livro "Quadrinhos e arte sequencial". Por tudo isso, desde 1988 ele dá nome ao Eisner Awards, o Oscar dos quadrinhos.

A Devir anunciou ainda para este ano o lançamento de "A Força da Vida", o segundo título da trilogia de Einser sobre a vida nos cortiços. O terceiro, "Avenida Dropsie", foi lançado pela editora em 2004.

Nenhum comentário: