domingo, 21 de janeiro de 2007

Um Will Eisner engajado


Eu era um menino, e meu pai, um imigrante libanês, alertava sobre o plano do “sionismo internacional” para dominar o mundo, ao posicionar judeus em cargos de decisão nos governos e meios de comunicação. Nunca mais pensei nisso, até estes dias atrás, quando li O Complô – a história secreta dos protocolos dos sábios de Sião, derradeira obra de Will Eisner (1917-2005). A HQ é resultrado de uma pesquisa de 20 anos que, sem querer, virou um minucioso e angustiado legado pós-morte.

Problemas no comportamento humano como a intolerância e o fanatismo sempre foi o seu tema preferido, e muito bem trabalhado em Um contrato com Deus, O edifício, Pequenos milagres, Avenida Dropsie, só para citar alguns títulos. A perseguição vivida pelos judeus, no entanto, só encontra precedente em Fagin, o Judeu, onde Eisner analisa a forma como a literatura trata o anti-semitismo, a partir de um personagem de Oliver Twist.

Os protocolos dos sábios de Sião é um livreto editado em vários países (inclusive o Brasil), surgido pela primeira vez em 1905, quando serviu para justificar a perseguição judaica na Rússia Czarista. Certo da falsidade deste manual judeu para a supremacia global, Einser alimentou a esperança de que, uma vez em quadrinhos, o alerta ganhasse mais força.

Sem talvez perceber que os árabes, seguramente o povo mais perseguido do século 21 (inclusive por Israel), sofrem hoje da mesma perseguição: provas falsas contra uma minoria com histórico de rejeição, para justificar uma conduta desumana. Mudam os atores, mas a história se repete...

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