Quando um filme ganha a tela, o público pode se envolver a tal ponto a esquecer que, por trás de uma boa produção, existe um roteiro pensado à exaustão. Nas adaptações literárias, aumenta ainda mais a importância deste fio condutor entre palavra escrita e a peculiar gramática audiovisual. De forma que escrever roteiros é um ofício que exige esforço e talento de seus autores.
O jornalista Valdir Oliveira é um deles. Com a experiência de quem conhece intimamente estes dois mundos, ele apresenta hoje, no auditório da Livraria Cultura, o curta de ficção Por uma tecla. Na equipe estão Diogo Balbino (produção), Maria Pessoa (fotografia), Séphora Silva (arte), Marcelo Lordello (montagem), Manoel Constantino (preparação de elenco) e Lucas Brandão (música original).
A produção, realizada com recursos captados pelo Sistema de Incentivo à Cultura municipal, tem como base um conto do mesmo autor, em que um escritor de meia-idade é assombrado por personagens que elemesmo criou. Este é apenas um dos contos reunidos no livro Depois do desejo (Edições Bagaço, R$ 25), que também será lançado hoje, com sessão de autógrafos.
No total, são seis histórias, que tratam na paixão em diferentes níveis (inclusive a sua ausência) e situações urbanas levadas ao limite. Quatro delas também estão publicadas em versão "roteiro", valorizando assim esse objeto quase sempre oculto. Um deles, Andar da Boa Vista, traz na boca de um dos personagens uma interessante afirmação: "não quero ter certeza, minha senhora. Preciso de liberdade".
Profissional veterano na televisão pernambucana, Valdir Oliveira se aperfeiçoou na arte de produzir roteiros, ao ponto de fazê-lo com naturalidade. "Como trabalho em TV desde 1981, me habituei ao processo de narrar uma história a partir da edição de imagens. Estar nesse meio é o que me permite brincar com várias linguagens".
Valdir é também um escritor precoce (começou aos 17), e hoje acumula mais de 30 textos, entre contos, roteiros e peças para teatro. "Chegou o momento de colocar para fora", diz.
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