quarta-feira, 25 de março de 2009

Festival de Curitiba // Entre a vida e a morte



Por um fio, adaptação de Moacir Chaves para livro de Dráuzio Varella; Aquela mulher, monólogo de Marília Gabriela com texto de José Eduardo Agualusa; A cabra, ou quem é Silvia?, de Edward Albee, direção de Jô Soares e estrelado por José Wilker; A mulher que escreveu a Bíblia, monólogo de Inez Viana e texto de Moacyr Sciliar.

Na noite de segunda-feira, estas quatro peças foram encenadas simultaneamente na mostra oficial do 18º Festival de Curitiba. A escolha deste repórter recaiu sobre Por um fio, primeira estreia nacional trazida pelo evento, apresentado no espaçoso e ao mesmo tempo aconchegante Teatro da Reitoria, com todas as cadeiras ocupadas.

A peça apresentou um esquema único, em que Regina Braga e Rodolfo Vaz atuam entre árvores ressecadas e folhas caídas por todo o chão de uma praça de tons amarelo-outono, que ganha e perde profundidade de acordo com a luz.

Os atores se revezaram em monólogos e duetos, sempre direcionados ao público. A experiente Regina Braga, esposa de Varella, com estilo vocal próximo ao do marido, estranhamente, tropeçou mais de uma vez nas palavras. Mais desenvolto, Rodolfo Vaz estabeleceu empatia instantânea com a plateia curitibana.

Como um livro lido em voz alta, eles descreveram relatos em primeira pessoa, histórias verdadeiras em que nem sempre a vida prevalece, contadas com coloquialismo suficiente para emocionar.

Até certo ponto, pois, ao longo de 80 minutos, essa abordagem excessivamente verbal se mostrou cansativa - o tempo todo havia alguém se dirigindo para a saída, e ao redor deste repórter, pelo menos cinco pessoas não resistiram a um bom cochilo. A maioria, no entanto, escutava atentamente e ao final aplaudiu em pé, sinal de que a montagem pode obter sucesso comercial.

Fringe - Somente entre as 11h e meia-noite desta segunda-feira, 84 peças foram apresentadas no circuito do Fringe, festival paralelo que toma conta da cidade. Até o fim da semana, Pernambuco será representada por duas peças que adaptam a obra de Caio Fernando Abreu: Fio invisível da minha cabeça, da Cia do Ator Nu, e Que muito amou, da Cênicas Companhias de Repertório.

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