quarta-feira, 18 de março de 2009

Biblioteca para quem precisa de livros



"Minha fia, eu não sabia que minha vida estava todinha nesse livro", disse a artesã Dona Antônia à jovem Lílian. Elas moram na pequena Mucambo, interior do Ceará. Dona Antônia não sabe ler ou escrever, mas saboreou palavra por palavra lida em voz alta por Lílian, que acabou de completar o ensino médio. Este momento especial só foi possível graças ao projeto Agentes de Leitura, que desde 2005 promove o gosto pelas letras nas casas, bibliotecas e escolas cearenses.

Quem conta a história é Fabiano dos Santos Piuba, que acaba de ser nomeado responsável pela diretoria do livro e leitura, cadeira inédita na secretaria de articulação institucional, braço do MinC responsável pelo Programa + Cultura. Seu know-how advém do Ceará, onde coordenou a política estadual de livros e acervos. De lá ele trouxe o projetos inspiradores como os Agentes de Leitura, que a partir de abril ganhará âmbito nacional.

Piuba esteve no Recife ontem, onde teve agenda cheia com gestorespúblicos, entre eles a representante regional do MinC Tarciana Portela, o secretário de cultura municipal Renato L e o coordenador de literatura da Fundarpe, Samarone Lima. Entre as novidades, está um novo modelo de gestão, que, assim como os Pontos de Cultura, será regionalizado através de unidades gestoras, responsáveis pela execução dos projetos. Pernambuco, conta o diretor, foi um dos primeiros estados a aderir.

Em conversa com o Diario, Piuba revelou novidades para os pernambucanos. A principal é que não haverá mais cidades sem biblioteca no estado. "Faltam apenas oito municípios para isso", afirma o diretor. Santino Cavalcanti, da representação regional do MinC, informou quais são eles: Águas Belas, Buenos Aires, Feira Nova, Manari, Mirandiba, Passira, Salgadinho e Terra Nova. Cada um ganhará mobiliário, acervo em torno de 3 mil títulos e equipamento multimídia. A ação integra uma das prioridades do governo Lula, que é equipar todos as cidades do Brasil com pelo menos uma biblioteca. Outra boa notícia é que a Biblioteca Pública do Estado acaba de ganhar um aporte de R$ 2,5 milhões, destinado à reforma, restauro de livros e aquisição de acervo.

Piuba considera a promoção do acesso ao livro como o pagamento de uma grande dívida social. A médio prazo, ele prevê o investimento em projetos de formação de leitores. "Não adianta implantar e modernizar os equipamentos, é preciso criar programas consistentes que levem ampliar a capacidade crítica e inventiva da população. Se não, as bibliotecas serão apenas depósitos de livros".

O orçamento total destinado a projetos de leitura em Pernambuco é de R$ 21 milhões, valor dividido entre governo federal (R$ 14 milhões) e estadual (R$ 7 milhões). Isso inclui o lançamento de três editais, que em Pernambuco contemplarão 130 Pontos de Leitura (além dos 33 já selecionados em dezembro), 500 agentes de leitura, modernização de 50 bibliotecas municipais e 20 bibliotecas comunitárias, que receberão móveis, mais acervo e equipamento para projeção audiovisual.

publicado no Diario de Pernambuco

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