sexta-feira, 16 de julho de 2010

Paixão à prova de balas



É recorrente. Ao longo de Encontro explosivo, surge o sentimento de que já vimos esse filme antes. Não é só impressão. Tom Cruise pilota como em Top Gun, corre sobre telhados do mundo como em Missão impossível e vira um fora da lei perseguido pelo governo como em Minority report.

Nada de novo. Superastros, situações perigosas e românticas rendem bons resultados. Filmes de espionagem se consagraram com essa combinação. A diferença é que, mais do que entretenimento de ação vertiginiosa, a superprodução dirigida por James Mangold quer fazer comédia.

E consegue. Numa das várias sequências de ação, o casal está acuado no QG de um traficante de armas espanhol. Como se a saraivada de balas não existisse, para provar seu amor, Cruise cruza a linha de fogo e beija Cameron Diaz. Eles mal se conhecem. Durante 99% do tempo, correm risco de vida, mas nada os atinge. Estão apaixonados.

Cruise faz o heroi completo, imbatível, seguro de si, desenvolto intelectual e fisicamente, capaz de saltar de um edifício, atirar, fazer um gracejo romântico e dar uma piscadela ao mesmo tempo. Diaz é a mulher comum, eleita por um superespião para ajudá-lo em uma aventura de proporção internacional. Pode acontecer com qualquer uma.

E há o momento Lagoa azul, em que, numa ilha fora do mapa, Cruise sai do mar carregando um peixe gigante e o oferece à amada, que assiste à cena com seus olhos azul celeste. Como voltar à vida comezinha de onde foi arrancada?

Numa perseguição em que escapam de moto, Cruise pilota e atira enquanto Diaz senta em seu colo e faz o mesmo, na retaguarda. Chegam ao êxtase apertando o gatilho, em alta velocidade.

Anseios de um país que se traduz através do cinema.

(Diario de Pernambuco, 16/07/20100

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