A vencedora do concurso que leva um leitor do Diario de Pernambuco para participar do júri popular do festival, com todas as despesas pagas, é a estudante de jornalismo Maria Doralice Amorim. Sua resenha crítica sobre o filme Viajo porque preciso, volto porque te amo, foi selecionada entre 14 concorrentes, pelos jornalistas André Dib e Carolina Santos, da equipe do Viver.
A seguir, o texto premiado.
Viajo porque preciso, (não) volto porque (ainda) te amo
por Maria Doralice Amorim
Um filme de amor e de estrada. Foram essas as palavras do diretor Marcelo Gomes sobre o seu novo filme, dirigido em parceria com Karim Ainöuz, Viajo porque preciso, volto porque te amo. A obra é constituída de imagens e registros adquiridos, nos últimos dez anos, em estradas e locações no interior do nordeste e teve sua estreia mundial em agosto de 2009, no Festival Internacional de Cinema de Veneza. No Recife, foi exibido nos meses de junho e julho, no Cinema da Fundação.
Gomes e Ainöuz conseguiram transpor para o seu filme a atmosfera do Sertão a partir de imagens, que muitas vezes parecem ter sido feitas pelo próprio José Renato (personagem principal interpretado por Irandhir Santos), que vai narrando, como se estivesse dirigindo-se para alguém (talvez para o próprio público), as suas sensações e sentimentos, ao longo de uma viagem por paisagens estagnadas no tempo. O Sertão é trabalhado não como local de denúncia, mas como um ambiente próprio para a reflexão.
O personagem central, um geólogo, iniciou a sua viagem, primeiramente, porque precisava realizar um projeto a trabalho e deixou, em casa, a sua "Galega". Ao longo da travessia, ele se depara com um ambiente árido, sem cores e, muitas vezes, imóvel. A câmera parada em algumas cenas intensifica a sensação de imutabilidade daquela paisagem e aguça o sentimento de solidão e de desespero do personagem para acabar logo a viagem e ver a mulher amada.
É curioso analisar como, ao longo do filme, José Renato encontra pessoas que possuem - de diferentes formas - relações com a sua própria história. A solidão acaba sendo um elo entre o personagem, a paisagem e os habitantes "de beira de estrada". Os espectadores também são atingidos por esse vinculo. "Quero uma vida lazer", disse uma das mulheres que aparecem no filme.
Não há como ficar indiferente àquelas imagens e histórias. Um dos grandes méritos do trabalho é a incorporação, do personagem, das mudanças da paisagem em sua própria transformação, ou melhor, superação. Viajo porque preciso, volto porque te amo éum filme belíssimo e vem ganhando o destaque que merece por onde passa - dentre outros, Gomes e Ainöuz ganharam o prêmio de melhor direção no Festival do Rio 2009 e de melhor filme do júri no 12º Festival de Cinema Brasileiro de Paris.
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