quinta-feira, 22 de julho de 2010
Entrevista // Marco Nanini
Qual a importância de trazer Odorico para os dias de hoje?
Ele é um personagem emblemático da dramaturgia brasileira. Está sempre sendo citado e já passou por climas distintos e várias fases políticas. Odorico faz parte da nossa cultura, é um tipo de político brasileiro. Ele fala as mesmas coisas, que se inserem em todas as épocas. E tambem está dentro do próprio brasileiro, que sempre tem um jeitinho, uma malandragem. É um tipo escancarado, visto contemporaneamente. E o brasileiro percebe muito bem esse temperamento em outros tipos emblemáticos, como o Amigo da Onça, o Zé Carioca.
Além do texto de Dias Gomes, onde você buscou inspiração para compor o personagem?
Eu parti do zero e deixei a coisa vir. Busquei a emoção e raciocínio próprios do personagem, com foco no gestual. Como a história de Dias Gomes é uma farsa, busquei muita verdade para conseguir credibilidade. Criei uma espécie de roteiro interior para evitar o raciocínio crítico e entrar no sistema do personagem sem a minha interferência.
Antes do filme ser rodado, você interpretou Odorico no teatro. Essa foi a origem do projeto?
Alguns anos atrás o Guel me convidou para fazer o filme, que demorou a sair. Um dia, por curiosidade, vi que os direitos para o teatro estavam livres e pensei "pelo menos não fico com o fantasma". Falei com Guel e ele topou fazer a adaptação para o palco. Isso terminou alavancando o filme, pois foi um exercício extraordinario repetir Odorico todos os dias. Durante o período de ensaio, experimentei mas ele não dava liga. Queria que ele me desse algum prazer, mas não conseguia acreditar plenamente no personagem. Já estava ficando nervoso, mas no ensaio geral Odorico veio com tudo.
(Diario de Pernambuco, 22/07/2010)
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Um comentário:
e esse povo com roupa vintage ai atras???
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