sábado, 31 de julho de 2010

Coleção Filme Cultura

Um novo conjunto de livros chama a atenção na prateleira das livrarias. A começar pelo porte - cinco volumes em capa dura e cerca de 800 páginas cada. O conteúdo é precioso: a história recente do cinema brasileiro. Trata-se da coleção Filme Cultura (CTAV, R$ 100), que reúne em edição fac-similar todos os números da mais importante revista especializada em cinema do Brasil, que circulou entre 1965 e 1988. O projeto é obra do Ministério da Cultura, através de seu Centro Técnico Audiovisual, presidido por Gustavo Dahl.

Por ter dedicado espaço generoso ao exercício da crítica cinematográfica, não raro a Filme Cultura é comparada à revista francesa Cahiers du Cinéma ou à italiana Bianco & Nero. Se estas refletiram e influenciaram movimentos como a Nouvelle Vague, a irmã brasileira foi base estratégica para a consolidação do Cinema novo e fases subsequentes da produção nacional. Entre reportagens, entrevistas e coberturas de edições históricas dos festivais de Brasília e Gramado,há textos em primeira pessoa escritos por realizadores e convidados especiais como o poeta Carlos Drummond de Andrade, que em meados dos anos 1980 lamenta a decadência dos cinemas-palácio do Rio de Janeiro.

Nova fase - Retomada em abril a partir da numeração original, a Filme Cultura chegou este mês ao número 51, em edição temática sobre os personagens do cinema nacional. Um dos textos é de João Silvério Trevisan, que discorre sobre o descaso na criação de bons personagens ficcionais, tomando como exceções os apresentados nos filmes Lavoura arcaica e Cidade de Deus, ambos adaptações literárias. Outro, assinado por Carlos Alberto Mattos, investiga a vida posterior de pessoas registradas em documentários como Estamira, em que a "personagem", uma senhora portadora de deficiência mental, continua ligada ao diretor Marcos Prado.

Além da versão impressa, tanto a coleção histórica quanto a nova fase da revista estão integralmente digitalizadas para leitura no site www.filmecultura.org.br.

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