domingo, 11 de julho de 2010
Turma da Mônica reinventada
Piteco, Astronauta, Horácio, Jotalhão, o Louco. Das dezenas de personagens secundários de Mauricio de Sousa, o indiozinho Papa-Capim talvez seja o menos lembrado. E foi justamente ele que o ilustrador pernambucano João Lin elegeu para homenagear o maior nome dos quadrinhos brasileiros. A HQ faz parte do projeto MSP + 50, coletânea a ser lançada mês que vem, durante a Bienal do Livro de São Paulo, e que traz 50 versões bastante pessoais para a longeva Turma da Mônica.
Além de revelar novos talentos, o livro trará histórias assinadas pelos maiores quadrinistas do país, como Rafael Grampá, Allan Sieber, Marcatti, Caco Galhardo, Rafael Coutinho e André Kitagawa. Junto com o MSP 50, publicado em 2009 com participação de Angeli, Laerte, Lélis, Samuel Casal, Mascaro (editor de arte do Diario) e Fábio Moon e Gabriel Bá, trata-se da mais completa homenagem a Maurício realizada pelos seus pares.
Graficamente, o MSP + 50 terá 216 páginas e impressão em papel couché, capa dura e cartonada. Sidney Gusman, coordenador editorial da Mauricio de Sousa Produções, diz que o objetivo do projeto é apresentar bons artistas ao público que só lê Turma da Mônica. "Foi uma missão e tanto. Trabalho com quadrinhos há 20 anos e sei que temos muita, muita gente boa atuando no Brasil". Parte do desafio foi reunir autores de diferentes estilos e partes do Brasil. "Fico feliz por ter conseguido essa variedade nos dois livros".
Desde que lançou a elogiada HQ Mesmo Delivery, Rafael Grampá tem sido um dos nomes mais requisitados no universo dos quadrinhos. John Constantine e Wolverine estão entre os personagens com que trabalha atualmente. Para o MSP +50, Grampá fez um desenho do Jotalhão. O elefante verde do extrato de tomate foi desenvolvido sob um céu avermelhado, em uma única prancha, sem quadros. Autor de Cachalote, Rafael Coutinho, outro nome celebrado da nova geração, imaginou o reencontro de Mônica e Cebolinha na idade adulta.
O Papa Capim de João Lin
Índios - Ilustrador de diversos livros infantis, João Lin revelou ao Diario queo processo de recriação do Papa-Capim foi um instigante desafio. "Gosto do personagem e também queria aproveitar a ocasião para dizer o que penso sobre a questão indígena no Brasil. A maneira dos índios se relacionarem com as crianças e compreenderem a infância tem muito a nos dizer sobre a relação com o espaço e com o meio ambiente".
Alguns desenhistas que participam do projeto têm o nome vinculado a histórias com viés violento ou sexual. Amparado por limites editoriais, Gusman não hesitou em convidá-los. "Os autores têm liberdade, dentro de um limite que estabeleço. Lembro a todos que o livro é uma homenagem e, por ser ligado ao Mauricio, em algum momento cairá nas mãos de uma criança".
Da turma politicamente incorreta, o gaúcho Allan Sieber mostra uma imagem subjetiva da famosa cena da coelhada, feita do ponto de vista do coelho; e o veterano Marcatti elegeu o Cascão, escolha mais que coerente com sua predileção pelo escatológico. "No primeiro livro temos o Laudo, que faz a Tianinha, uma HQ pornô, e nem por isso fez algo similar. Deixei claro a esses autores que, obviamente, não daria para levar essa homenagem a extremos. Todos foram extremamente respeitosos e curtiram participar", explica Gusman, que revela ter planos para um terceiro volume, a ser lançado em 2011. Cinquenta bons convidados não devem faltar.
Mônica, Cebolinha e Sansão, por Allan Sieber
Mônica e Cebolinha adultos, por Rafael Coutinho
A Turma, por Marcatti
Turma da Mônica por André Kitagawa
Mônica e Cebolinha por Caco Galhardo
(Diario de Pernambuco, 11/07/2010)
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Um comentário:
como uma brincadeira vá lá, mas geralmente não simpatizo muito com essas re-leituras!
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