sábado, 31 de julho de 2010
Garota poderosa num filme sem "salt"
Mulheres boas de briga estão em alta em Hollywood. Somente este ano, assistimos as neófitas Scarlett Johansson como a ruiva Natasha Romanov (Homem de ferro 2) e Cameron Diaz como June Heaven (Encontro explosivo). Ainda em cartaz, há as garotas em fúria de Tarantino em À prova de morte. E o que dizer de Chloe Moretz, como a garota prodígio Hit Girl, em Kick Ass?
No thriller de ação Salt, que estreia hoje nos cinemas do país, Angelina Jolie é a durona da vez. Ao contrário das colegas acima, o papel não chega a ser novidade em sua carreira. Basta lembrar que em 2001 ela encarnou a aventureira Lara Croft, em Tomb Rider.
Jolie luta para se manter no primeiro escalão de estrelas de cinema. E consegue. Para isso, apesar da breguice do filme dirigido por Phillip Noyce (Jogos patrióticos, Perigo real e imediato), ela investe na interpretação. Salt traz a atriz como devotada agente da CIA no fim do expediente, cuja maior pretensão é encontrar o marido para jantar. Plano atrapalhado por um espião russo que, interrogado, revela que ela também serve a um resquício da KGB, que planeja uma grande vingança, batizada de Dia X, contra os EUA. Seus companheiros de inteligência, entre eles o empenhado amigo Ted (Liev Schreiber), precisam detê-la, mas Salt foge, aparentemente para salvar o marido, assim como o cachorrinho Yorkshire. Até ali, o roteiro não permite saber se ela é ou não uma ameaça, do tipo From Russia with love.
Se o filme já começa na pancadaria, com Salt sendo torturada pelo governo da Coreia do Norte, ela continua em 90% da história. Isso não impede Jolie de exercer seu charme, mesmo enquanto, sem alterar o penteado, pula entre os tetos de caminhões em movimento e constrói bazucas com canos do sistema da ventilação. O tom sério da produção ressuscita a velha tensão nuclear Oriente x Ocidente e contrasta com as cenas de ação inverossímeis protagonizadas por Salt.
Não chega prejudicar o filme mais do que a trilha sonora redundante, que ou atrapalha ou não faz diferença alguma. E causa certa graça, como quando Salt promove umasérie de acidentes espetaculares de trânsito e sai da cena como se estivesse desfilando numa passarela. Ou então quando um espião russo programado para matar a cúpula de segurança e o presidente norte-americano se identifica como Nicolai... Tarkovski.
(Diario de Pernambuco, 30/07/2010)
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