sábado, 17 de julho de 2010

2010 é o ano dos Beatles - mas qual não é?



Pessoas adoram números e, para a cultura dos Beatles, 2010 está repleto deles. As principais efemérides apontam para o início e o fim da banda, assim como o da vida de John Lennon, que em 9 de outubro completa 70 anos de nascimento e em 8 de dezembro, 30 anos desde que foi assassinado pelo fã Mark Chapman, em frente ao Edifício Dakota, na cidade de Nova York. Vinte anos antes, nascia o nome The Beatles, por sugestão de um amigo, que imaginou o meio termo entre Beetles (besouros) e Beatals (referente a ritmo e à cultura beat).

Motivos não faltam para homenagens e comemorações. A começar pelo próprio baterista, Ringo Starr, que completou 70 primaveras declarando que quer ser Lady Gaga. Semana passada, aliás, Ms. Gaga foi flagrada tocando nas teclas do piano branco em que Lennon compôs Imagine. A foto foi postada no Twitter de seu filho, Sean, e tem provocado polêmica entre admiradores do pai.

E é em torno de Lennon que o mercado mundial se organiza. Em outubro, a gravadora EMI abastece o mercado nacional com versões remasterizadas para seus sete álbuns originais e o póstumo Milk and honey, de 1984. Além disso, uma compilação de hits e uma caixa com raridades, singles, textos e imagens está a caminho. No mesmo mês chega ao circuito brasileiro o filme O garoto de Liverpool (Nowhere boy, Inglaterra, 2009), sobre a infância e adolescência do compositor, com Aaron Johnston (Kick Ass).

Há 40 anos - Das datas redondas, as que remetem a 1970 parecem ser as mais significativas em termos de produção criativa. Foi quando a banda chegou oficialmente ao fim, é verdade, com o processo que Paul McCartney moveu contra a banda, há tempos abandonada por George Harrison e Lennon. Mas é também o ano de lançamento do álbum Let it be, em maio. Como todo fim é um começo, no mesmo ano, McCartney lança o primeiro disco solo e Lennon descobre a terapia do grito primal, utilizada para compor Mother, canção mais sofrida do álbum / supergrupo Plastic Ono Band.

"Foi triste porque a banda terminou, mas em termos de produtividade os fãs não tiveram o que reclamar",diz o produtor e pesquisador musical Marcelo Fróes, que preparou uma série de tributos pelo selo Discobertas. "Entre 1970 e 1975, praticamente todo mês tinha algum LP ou compacto novo pra comprar de um dos quatro. A (gravadora) Apple continuou a pleno vapor, então de certa forma eu considero que o fim do sonho aconteceu em 1975, quando eles celebraram o acordo da separação e a Apple fechou as portas".

Um dos tributos preparados por Fróes é uma releitura de Let it be por bandas e cantores brasileiros, entre eles Zé Ramalho, Jane Duboc, Zélia Duncan, Sá & Guanabyra e o grupo pernambucano Profiterolis, que regravou I me mine, de George Harrison. Outro é o relançamento do projeto Mr. Lennon, homenagem de Nando Reis, Cássia Eller, Lobão, Arnaldo Baptista, Zeca Baleiro, Gilberto Gil, Lulu Santos e Herbert Vianna a fase solo do cantor.

Fróes também lança em formato CD de dois volumes o que até então era um projeto virtual: o Sgt. Peppers Brazuca Club Bands, com boas versões da safra de 1967, tocadas por Autoramas (Magical Mistery Tour), Reino Funghi (It's all too much) e a pernambucana Sãomer Zwadomit (I am the walrus). Yoko Ono, com quem Lennon compartilhou os últimos anos de vida, também está contemplada com o álbum Mrs. Lennon, em que participam Sílvia Machete, Angela Ro Ro, Ampslina e outros.

Claro que números são apenas uma desculpa para celebrar o universo beatle, que nunca saiu de pauta. Se os anos continuam sendo contados, é porque os quatro de Liverpool nunca deixaram de estar presentes. No diagnóstico de Fróes, sua obra "é eterna" porque tem qualidade. "São canções bonitas, bem construídas e bem gravadas por ótimos músicos, excelentes cantores, em estúdios maravilhosos, com um produtor impecável e magníficos engenheiros de som".

(Diario de Pernambuco, 17/07/2010)

Um comentário:

Anônimo disse...

Ola Dib!

Assunto preferido com comentário excelente. Parabéns!

V.Z.