quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A volta da inocência



Escrito, coproduzido, dirigido e estrelado por Tom Hanks, Larry Crowne - O amor está de volta (EUA, 2011) é uma comédia romântica de pequenas proporções, onde a marca autoral de Hanks faz toda a diferença. O tom afetivo e descompromissado predomina, principalmente, na evocação à cultura dos anos 1950 e 1960, já bem exploradas em seu projeto anterior, The Wonders (1996), banda-paródia dos Beatles. Há também ecos de Forrest Gump, papel que definiu sua carreira. De certa forma, pode-se dizer que, finalmente, Forrest fica com sua Jane. Ou melhor, com a professora Mercedes (Julia Roberts).

Assim como o personagem que lhe rendeu o Oscar, Larry tem um grande coração, mas apresenta certo déficit intelectual. Fez o serviço militar, se veste de forma cafona e tem um amigo negro, um vizinho com quem negocia bugigangas. Larry é o funcionário mais dedicado da loja em que trabalha, mas sua falta de formação acadêmica acaba por colocar um fim em sua carreira.

Atordoado, vai à faculdade e se matricula em um curso de comunicação e oratória, ministrado por Mercedes. Ela está desmotivada com o casamento e o ofício de professora, algo aparentemente dissonante, mas que - aos poucos - reaproxima a atriz Julia Roberts do papel de namoradinha no qual está eternizada.

O melhor está nas inúmeras referências, impregnadas de inocência. Na gangue de scooters (sim, eles andam de lambreta) que “adota” Larry, através de uma jovem colega da faculdade. Ou no professor de economia, vivido por ninguém menos que George Takei, o Sr. Sulu de Jornada nas Estrelas.

Tudo é retrô, simpático, caricato. A história de amor se parece com tantas outras do cinema norte-americano, só que contadas como tivéssemos cinco anos. Dá pra imaginar Tom Hanks saindo da sala de aula direto para o banco de praça, caixa de bombons a postos. É estranho perceber isso, mas 20 anos depois, Forrest dirige o seu próprio filme.

(Diario de Pernambuco, 07/09/2011)

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