quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Em busca do cinema mudo



Em 2007, o músico Alex Mono foi convidado para participar da Jornada Brasileira de Cinema Silencioso, realizado em São Paulo pelo também músico Lívio Tratenberg. A experiência o instigou a, naquele mesmo ano, trazer para o Recife a Jornada de Cinema Silencioso, realizado no Cinema da Fundação e com abertura no Teatro de Santa Isabel.

Agora, com patrocínio do Funcultura, ele promove a Primeira Mostra do Cinema Silencioso, que reviverá, no São Luiz (Boa Vista), os primórdios da cinematografia pernambucana e mundial, no sentido de ressuscitar a antiga prática de exibir filmes com áudio tocado por músicos, ao vivo. O evento começa hoje e vai até domingo, com sessões de Revezes (1927), de Chagas Ribeiro, musicado pelo maestro Ademir Araújo e Orquestra Popular do Recife e A filha do advogado (1926), de Jota Soares, musicado por Arrigo Barnabé e Vitor Kisil.

Os dois filmes fazem parte do chamado Ciclo do Recife, cuja produção remonta à aurora do cinema feito no estado. De acordo com Alex - que na sexta-feira faz a música para Retribuição (1924), de Gentil Roiz, e, no sábado, para Veneza Americana (1924), de Ugo Falângola J. Cambieri -, o evento tem como objetivo circular essa valiosa produção e apresentá-la para novas gerações, incentivar o mercado de trilha sonora e reviver o ambiente dos cinemas do começo do século passado, quando a música ao vivo era a única possibilidade de apreciação sonora dos filmes. “Com isso, Recife entra na rota de festivais semelhantes, de outras partes do mundo”.

Para Ademir Araújo, que se apresenta hoje, às 18h30, junto com os filmes Grandezas de Pernambuco, Recife no Aniversário da Confederação do Equador e Carnaval de 1926, este será um novo desafio em sua longa carreira. Pela primeira vez, ele assumirá a função de seu professor, o maestro Nelson Ferreira, que quando jovem tocava piano em sessões no Teatro do Parque.

Nesta edição, a mostra é dedicada especialmente aos filmes do Ciclo do Recife, que foram produzidos por jovens inquietos da época, que com todas as dificuldades deram uma grande contribuição no início da história do cinema.

Ainda hoje, às 20h30, Livio Tratenberg se apresenta durante sessão de Aitaré da praia, com participação do sanfoneiros cegos Josildo, Muniz do Arrasta-Pé e Diógenes. Amanhã, o músico paraibano Pedro Osmar (Jaguaribe Carne) toca com Mário Sérgio e Hindenburgo uma trilha especialmente composta para Sob o céu nordestino, o primeiro longa-metragem da Paraíba. Todas as sessões têm entrada franca, com ingressos distribuídos na bilheteria, uma hora antes de cada sessão.

(Diario de Pernambuco, 29/09/2011)

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