domingo, 25 de setembro de 2011

R$ 2 milhões para o Cine Olinda


Crédito da foto: Passarinho

O dinheiro que faltava para a volta do Cine Olinda chegou através de duas emendas parlamentares, obtidas pelos deputados federais Luciana Santos - PCdoB (R$ 1,5 milhão) e João Paulo - PT (R$ 500 mil). Com exceção de um breve período nos anos 1980, quando voltou a funcionar como Cine Bajado, o local está há mais de 40 anos sem exibir filmes. Se os recursos chegarem ainda neste ano, a previsão é de que seja reinaugurado no fim de 2012.

“Novos deputados têm direito a recuperar, no primeiro mandato, até R$ 1,5 milhão. Decidi direcionar tudo para o Cine Olinda”, conta Luciana. Após décadas de abandono, foi durante seu mandato como prefeita, entre 2002 e 2006, que o prédio foi restituído em sua arquitetura original art déco. “É uma grande conquista. Quando assumi o cargo, ele era uma ruína com risco de desabamento. Fizemos a recuperação física, mas ficou faltando recursos para o restante. Olinda é um pólo elevado de produção, tem uma juventude emergente, um núcleo de cinema de animação. A cidade não pode ficar sem cinema”.

Na mesma época, o projeto que instalaria a parte acústica, climatização, equipamento e mobiliário, seria executado com R$ 1,3 milhão do BNDEs, mas foi suspenso porque a Fade, proponente do projeto, não prestou as contas da primeira parcela corretamente. Após um período de auditoria pública, a obra foi liberada para uso em 2009, quando passou a abrigar cursos, oficinas e eventos esporádicos, como a Mostra de Cinema Sapo Cururu. Atualmente, o prédio está sendo adaptado para, a partir de 7 de novembro, sediar a Casa Cor 2011.

Primeira ação do Pólo Carmo - Quando ficar pronto, o Cine Olinda será a primeira unidade de um projeto maior, o Pólo do Carmo, que englobará o Clube Atlântico e os casarões anexos, até pouco tempo batizados de “Casas da Cidadania”. De acordo com Márcia Souto, o local manterá um cineteatro e um minicentro de convenções com dois auditórios (com capacidade para 80 e 40 pessoas), uma sala multimídia para 30 pessoas, espaço para copa e lanchonete. O salão principal comportará 320 cadeiras. A secretária justifica a opção pelo espaço múltiplo: “é difícil para um cinema se sustentar sozinho. Além disso, o público fica muito segmentado. É importante garantir a diversidade”.

O cineasta Cláudio Assis, que elegeu o Sítio Histórico para fincar a produtora Parabólica Brasil e, há sete anos, liderou um movimento pela volta do Cine Duarte Coelho, festeja a possível volta do Cine Olinda, mas alerta para que artistas e moradores fiquem de olho no uso do dinheiro destinado ao Cine Olinda.

“Quem garante que esse dinheiro vai ser aplicado onde deve? O Duarte Coelho recebeu dinheiro várias vezes, nas gestões de Germano Coelho, Zé Arnaldo e Jacilda Urquisa e não fizeram nada, ficou lá, abandonado. Placas foram colocadas, ficaram podres e o dinheiro não veio. Em 2006, o Cine Olinda foi ‘inaugurado’ com cadeiras de plástico, alugadas, porque era final de gestão. Temos que parar de achar que vão dar as coisas de mão beijada e fiscalizar. Se não, o dinheiro vai embora”.

(Diario de Pernambuco, 25/09/2011)

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