sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Um Bourne pós-adolescente
Poderia ser um “como tudo começou” para um Jason Bourne de 18 anos, mas não chega a tanto. Sem saída (Abduction, EUA, 2011), de John Singleton, existe mais para promover o frisson em torno de seu ator principal, Taylor Lautner, o Lobisomem da série Crepúsculo. Pois como filme de ação e entretenimento não passa de um produto mal-acabado, previsível e sem o mínimo de originalidade para se sustentar enquanto cinema.
A comparação com o famoso personagem de Matt Damon não é incidental. O próprio Natan (Lautner) se compara ao ator quando vê uma foto sua em site de crianças desaparecidas. Ele descobre que sua vida toda é uma farsa, ao lado de Karen (Lily Collins), seu par romântico. Quando vê seus supostos pais serem assassinados, começam as fugas e reviravoltas para que o mocinho saiba quem realmente é e porque a CIA (Alfred Molina e Sigourney Weaver são os agentes) e espiões russos estão atrás dele.
Como produto comercial, Sem saída funciona como um bom provocador de suspiros. No mais, força a barra até dizer chega. Para se ter uma ideia do nível, o casal de heróis está em um trem, tem uma DR pós-teen que termina com um beijo, seguido do comentário dela: “é melhor do que na oitava série”.
Escorado em fórmulas, Singleton oferece uma versão piorada do que já foi visto. Pega mal para o diretor que se lançou em 1991 com Os donos da rua (Boyz'n the hood), partiu para Um tira da pesada 3 (1994) e Shaft (2000). Por outro lado, serve de propaganda para a Apple, onipresente. Quando pelo menos três maçãzinhas de Steve Jobs surgem na tela, é a deixa para contrariar o filme: sempre há saída, nem seja a porta de entrada.
(Dairio de Pernambuco, 23/09/2011)
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