terça-feira, 13 de setembro de 2011

Quando o mundo era partido em dois



Fernando Morais acaba de lançar seu novo trabalho. O título, Os últimos soldados da guerra fria (Companhia das Letras, 408 páginas, R$ 42), evoca o espírito de um período em que o mundo era dividido entre duas superpotências, os Estados Unidos e União Soviética. O autor está no Recife, onde dará palestra e sessão de autógrafos hoje, às 19h, na Livraria Cultura (Paço Alfândega).

O livro-reportagem de Morais conta a história do que aconteceu após o fim do regime comunista, quando o embate se reduziu aos esforços de organizações com base na Flórida em derrubar a supremacia de Fidel Castro em Cuba. No começo dos anos 1990, Havana passou a sofrer ataques terroristas, dedicados a abalar a principal fonte de renda da ilha, o turismo. Em resposta, o serviço de inteligência cubano inflitrou espiões em Miami, no que ficou conhecido como Operação Vespa. Tudo foi observado com complacência pela CIA, até o desmonte da operação em 1995. Protagonistas da narrativa, os agentes cubanos rendem ótimos personagens. São retratados em detalhes biográficos e situações relatadas com tal precisão que causam a impressão de que Morais esteve realmente lá.

Desde que escreveu o best-seller A Ilha, Morais estabeleceu boa relação com Fidel, o que facilitou o acesso a documentos até então restritos. Além de pesquisar tais arquivos, ele passou os últimos anos entrevistando quase todos os envolvidos e seus familiares. Com competêcia literária e jornalística, o livro é repleto de reviravoltas e ritmo de thriller cinematográfico. Coincidência ou não, o produtor de cinema Rodrigo Teixeira comprou os direitos de filmagem de Os últimos soldados da guerra fria. Morais já teve outros livros adaptados para o cinema, como Corações sujos e Olga, mas nenhum deles teve os direitos de filmagem comprado antes mesmo da obra ter sido escrita. Com o dinheiro, Morais viabilizou a produção da reportagem.

(Diario de Pernambuco, 13/09/2011)

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