quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Festival de Brasília, noite 2 - ótima recepção para As Hiper Mulheres

Foi um sucesso a sessão de As hiper mulheres, produção pernambucana/carioca dirigida por Leonardo Sette, Carlos Fausto e Takumã Kuikuko. A sessão, que abriu a mostra competitiva do 44º Festival de Brasília, foi bastante aplaudida pelo público, que por falta de espaço, se espalhou na escadaria do Cine Brasília. Vencedor do prêmio especial do júri e na categoria montagem no último Festival de Gramado, o longa mostra como a tradição do canto é passada de uma geração à outra, em momentos de tanta poesia que geraram aplausos durante a projeção e no final, quando o público marcou com palmas o ritmo da música.

Assinado pela produtora olindense Vídeo nas Aldeias, o filme ganhou elogios do crítico Jean-Claude Bernadet, que estava presente na sessão e no debate, na manhã de ontem. Diferentemente de Gramado, quando somente os irmãos Takumã e Mahajugi, agora os Kuikuro estiveram representados pelas mulheres dententoras do tradicional canto, uma verdadeira comitiva liderada pelo cacique, Afukaká Kuikuro. Um dos diretores, o antropólogo Carlos Fausto diz que, além do reconhecimento estético, a evidência do longa nos festivais pode gerar um trunfo político, pois os Kuikuro lutam pelo reconhecimento de suas aldeias como território místico, ou seja, patrimônio imaterial a ser reconhecido pelo Iphan. Mas no filme não há nenhuma dimensão política. É um belo trabalho que leva ao deleite estético, sensorial, que em novembro poderá ser assistido no Recife, na Janela Internacional de Cinema.

Um pouco antes, a competição de curtas também começou bem, com o gaúcho Céu, inferno e outras partes do corpo, de Rodrigo John, abrindo a mostra de animação, e o baiano Ser tão cinzento, de Henrique Dantas (Filhos de João), a nacional de curtas. Com 25 minutos, o filme destrincha a produção nacional Manhã cinzenta (1967), de Olney São Paulo, uma radical crítica aos regimes totalitários que levou ao cineasta a ser perseguido pela ditadura e, sete anos depois, à morte por câncer. Enquanto o filme de Henrique revisita Manhã cinzenta, membros da sua equipe, entre eles o crítico de José Carlos Avellar, que fez a fotografia, relembra os bastidores da ação militar.

(Diario de Pernambuco, 29/09/2011)

Nenhum comentário: