domingo, 25 de setembro de 2011

Uma cidade sem palco e sem tela


Há 12 anos fechado, Teatro do Bonsucesso deve voltar em 2012

Ano que vem, Olinda completará 30 anos do reconhecimento, pela Unesco, como Patrimônio Cultural da Humanidade. No entanto, há tempos a cidade tem sido criticada por não oferecer espaços como um cinema ou um teatro municipal. Uma carência que está prestes a ser amenizada com a abertura de três equipamentos: o Cine Olinda, o Teatro do Bonsucesso e a Caixa d’Água do Alto da Sé.

Esta última está pronta e deve abrir para o público no próximo 3 de outubro. Três pavimentos serão usados como galeria. Fechado há 12 anos, durante a gestão de Jacilda Urquiza, o Teatro do Bonsucesso está previsto para voltar à ativa no começo do ano que vem. A primeira etapa foi concluída em 2008, com R$ 250 mil trazidos por emenda parlamentar pelo deputado Fernando Ferro - PT. Até o fim do ano, a obra será concluída com R$ 380 mil, retirados do cofre municipal, para aquisição de equipamentos, instalações elétricas, novas poltronas e acabamento.

Por mais de um ano, a utilização do novo Teatro do Bonsucesso tem sido o foco de discussão entre gestores públicos e a Associação de Teatro de Olinda, fundada em 1986, naquele mesmo espaço. A última discussão ocorreu no último 15 de agosto, na Câmara dos Vereadores. Ivo Rodrigues, que foi duas vezes presidente da associação, diz que o espaço já chegou a reunir 20 grupos da cidade. “Há uma mobilização no sentido de resgatar esse espaço e ocupá-lo com espetáculos, oficinas e laboratórios. Isso pode revigorar o movimento teatral de Olinda”.

Abandono - Reinaugurado em 1998, o Teatro Fernando Santa Cruz vive situação oposta. Interditado por falta de manutenção - entre outros problemas estão o sistema de ar condicionado, poltronas e o forro interno avariados-, o espaço voltará no bojo da requalificação do Mercado Eufrásio Barbosa, que receberá cerca de R$ 5 milhões para ser integralmente restaurado.

Quem informa é Márcia Souto, que desde 2006 ocupa o cargo de secretária de patrimônio e cultura de Olinda. “A gestão anterior cuidou de requalificar os espaços de convivência externos. Agora é a vez dos equipamentos culturais”. Sobre o Eufrásio, ela diz que a antiga área dos bares será usada como espaço para artesãos. As obras estão previstas para o ano que vem. Enquanto isso, o salão e jardim continuarão sendo usados para shows e festas.

Em ruínas, o Cine Duarte Coelho fechou as portas em 1982 para nunca mais voltar. A última vez que sua volta foi cogitada foi em 2004, quando um protesto de artistas gerou uma sinalização positiva dos poderes públicos. No entanto, há até pouco tempo, o local estava interditado para investigação de uso indevido de recursos públicos. “Quando entregou a gestão, Jacilda prestou contas como se tivesse feito o restauro”, lembra Márcia. No fim do mandato de Luciana Santos, o local recebeu liberação e está apto para captar novos recursos. A secretária diz que o projeto do Duarte Coelho está à espera de parceiros.

Aberto ao público - Outros espaços culturais geridos pela prefeitura de Olinda estão abertos para o público. Na Rua de São Bento fica Museu do Mamulengo, que mantém exposições sob curadoria de Tereza Costa Rego e é recordista de visitação na cidade. Na mesma rua, fica o Arquivo Público Antonino Guimarães (o único acervo municipal disponível em Pernambuco), que será ampliado e modernizado dentro dos padrões internacionais para acomodação de documentos históricos.

“Desde quando foi inaugurado, em 1983, vem funcionando de forma precária”, diz André Pina, arquiteto responsável pela reforma, que se estenderá para o casarão ao lado (entre o arquivo e a prefeitura), desapropriado em 2010. “Além de acomodar o acervo em local climatizado, haverá um laboratório de conservação de papéis, ligado ao de restauro de bens móveis, que funciona no Mercado da Ribeira”. No entanto, para executar todos as etapas, os R$ 980 mil captados via BNDES não serão suficientes. “Precisaremos de mais recursos”.

Além do Laboratório de Restauro citado por Pina, há outro, de Arqueologia, que desde 2009 funciona no subsolo do Mercado da Ribeira, que também oferece espaço para eventos.

(Diario de Pernambuco, 25/09/2011)

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