quinta-feira, 14 de julho de 2011
O lobo do homem
A produtora Sara Silveira e os diretores Juliana Rojas e Marco Dutra, antes da sessão de Trabalhar cansa
Foto: Aline Arruda / Agência Foto
Paulínia (SP) - Representante brasileiro no último Festival de Cannes, o longa-metragem Trabalhar cansa foi recebido com entusiasmo em sua primeira exibição no país, terça-feira à noite, no Paulínia Festival de Cinema. É sem dúvida o melhor filme selecionado pelo evento, que até então, tinha O palhaço, de Selton Mello, como favorito único aos troféus Menina de Ouro. Produção de Sara Silveira dirigida por Juliana Rojas e Marco Dutra, Trabalhar cansa faz um tenso retrato de uma classe média suburbana, incapaz de manter seu padrão de consumo.
No momento seguinte em que uma dona de casa (Helena Albergaria) resolve assumir um mercadinho falido, seu marido Otávio (Marat Descartes) perde o emprego no qual dedicou os últimos dez anos. Ainda nos preparativos do novo empreendimento, o mal-estar na família se impõe aos indícios de que algo misterioso está em andamento. E, afinal, o que aconteceu com o antigo dono do mercado?
É como se o filme Os inquilinos, de Sérgio Bianchi, fosse co-dirigido por David Lynch. Sons fantasmagóricos, cachorros latindo e objetos bizarros dão a entender que simbolizam o processo de perturbação dos personagens, cada vez mais oprimidos pelos compromissos financeiros. O resultado é uma história transgênero, que expõe o mecanismo torturante que move as relações reguladas pelo capitalismo. “O homem é o lobo do homem”, disse o filósofo Thomas Hobbes. Revelar mais do que isso sobre o filme seria estragar a experiência.
(Diario de Pernambuco, 14/07/2011)
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