Na noite de sábado, o Baile do Seu Waldir reuniu cerca de 800 pessoas no Mercado Eufrásio Barbosa, Olinda, no que se revelou um revival estético do desbunde rural/psicodélico dos anos 1970. Três bandas foram convocadas: Dunas do Barato, Semente de Vulcão e Anjo Gabriel. Esta última, na função de “cozinha” para Marco Polo reeditar as antológicas canções do Ave Sangria, a atração principal.
No conjunto, ficou clara a adoração jovem (salvo exceções, músicos e público estão na faixa dos 20) pela sonoridade, figurino e a postura de palco que marcaram a geração “udigrudi”. Não foi difícil perceber citações a Novos Baianos, Mutantes, Zé Ramalho, Marconi Notaro, Alceu Valença e Secos e Molhados. Dois “cover” de Gal Costa, Mal secreto e Luz do Sol, do álbum A todo vapor (1971), tocados pela Dunas do Barato, estão entre os melhores momentos da noite.
Uma ressalva às condições do Mercado Eufrásio para eventos musicais, quente demais e com históricos problemas de acústica. Colocar para funcionar o ar condicionado central (o sistema de canalização está pronto faz tempo) já seria um avanço. Nada a ver com a competência da produção da festa, que fez um bom trabalho, mas com outro antigo problema, a falta de espaços para shows de médio porte no Recife.
Quando Marco Polo subiu ao palco, por volta das 2h, uma animosidade quase litúrgica se instalou no ambiente. Músicas clássicas como O pirata, Hei man, Dois navegantes e Lá fora, foram cantadas em coro. Seu Waldir, o “dono da festa”, foi ovacionado. Prova da vitalidade do Ave Sangria e da relevância cultural de toda uma geração. E por outro lado, da carência de referências atuais à altura dos anseios da juventude contemporânea, que precisa voltar ao passado para se sentir viva. Uma busca que parece ficar no plano das aparências, que não passa pelo plano politico ou comportamental que guiaram os jovens de 40 anos atrás.
(Diario de Pernambuco, 04/07/2011)
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