terça-feira, 26 de julho de 2011

Para conhecer o cinema argentino contemporâneo



A recente produção do cinema argentino está em pauta no Cineteatro Apolo. Com entrada franca, a Mostra de Filmes Argentinos começou ontem e segue até a próxima sexta, com sessões de curtas e longas, seguidas de debates. Todos os dias, o roteirista argentino Gualberto Ferrari conversa com diferentes convidados: o crítico e cineasta Celso Marconi (hoje), o professor e documentarista Cláudio Bezerra (amanhã), o crítico e cineasta Luiz Joaquim (quinta) e o crítico e professor Alexandre Figueirôa (sexta). A mediação será do gerente do audiovisual da Prefeitura do Recife, Sérgio Dantas.

Filmes de diretores essenciais do país vizinho estão na programação. “Eles apontam para diferentes tendências”, diz Gualberto Ferrari. “Entre os longas há representantes do cinema comercial de qualidade e também do cinema autoral independente. E os curtas representam o que há de mais novo, feito por diretores premiados nos últimos cinco anos”.

Hoje mesmo, será exibido o oscarizado O segredo dos seus olhos, de Juan José Campanella. Filme noir com elementos de humor, conta a história de Benjamin Esposito (Ricardo Darín), investigador que no fim da carreira retoma caso não solucionado e um amor mal-resolvido com sua comandante (Soledad Villamilde). “Campanella consolidou o cinema industrial na Argentina. Há vários como ele no país, mas ele representa a melhor face dessa produção, baseada no cinema norte-americano”.

De Daniel Burman, As leis de família narra as neuroses de um jovem judeu de Buenos Aires, que procura o equilíbrio entre os papeis, de pai, marido e filho. Mais recentemente, Burman dirigiu Dois irmãos, outro belo tratado sobre relações familiares.

Autora mais importante do atual cinema argentino, Lucrécia Martel se revelou no começo da década passada, com o longa O pântano. Logo depois dirigiu A menina santa, produção co-assinada por Pedro Almodóvar, exibida na mostra oficial do Festival de Cannes e que apresenta uma adolescente de família conservadora, cuja vocação é ajudar homens atormentados como o médico que se hospeda no hotel de sua família. De Marcelo Piñeyro (também diretor de Kamchatka), Prata queimada narra a empreitada de um casal de matadores gays, que se metem em ambicioso assalto na Buenos Aires dos anos 1960.

Para Gualberto, a boa fase do cinema argentino está diretamente ligada à liberdade criativa de seus realizadores. “Tudo é feito sem grandes patrocínios. A produção cresceu muito, principalmente os filmes de ficção, que tem evoluído em roteiros e atores específicos para cinema, que antes, migravam para outros países”.

A Mostra de Filmes Argentinos também inaugura uma nova fase para o Cinema Apolo, que pela primeira vez após a mudança de gestão promove uma mostra especial. De acordo com Sérgio Dantas, até o final do ano, além de outras mostras temáticas, o Panorama Recife de Documentários retorna ao calendário da cidade.

Programação

Terça, 19h
Curta: Murana (2010), de Sebastian Palacio
Longa: O segredo dos seus olhos (2009), de Juan José Campanella
Debatedores: Gualberto Ferrari e Celso Marconi

Quarta, 19h
Curta: Entreluces (2006), de Maximiliano Schonfeld
Longa: As leis de família (2006), de Daniel Burman
Debatedores: Gualberto Ferrari e Cláudio Bezerra

Quinta, 19h
Curta: Medianeras, (2005), de Gustavo Taretto
Longa: A menina santa (2004), de Lucrecia Martel
Debatedores: Gualberto Ferrari e Luiz Joaquim

Sexta, 19h
Curta: Rosa (2010), de Monica Laraina
Longa: Prata queimada (2000), de Marcelo Piñeyro
Debatedores: Gualberto Ferrari e Alexandre Figueirôa

(Diario de Pernambuco, 26/07/2011)

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