Noite de segunda-feira irregular em Paulínia. O destaque foi para o curta catarinense Qual queijo você quer?, de Cíntia Domit Bittar. O filme extraiu poesia ao narrar com humor a crise conjugal de um casal na terceira idade, interpretado por Henrique César e Amélia Bittencourt, dois veteranos do teatro gaúcho que fizeram carreira em São Paulo. Com isso, quebra com mérito a hegemonia de uma seleção baseada em curtas paulistas e gaúchos, em sua maioria, pretensiosos e vazios.
O documentário Ibitipoca, droba pra lá, de Felipe Scaldini, foi outra boa surpresa. A princípio, parecia ser mais um filme sobre pessoas abandonadas em lugares inóspitos, parados no tempo, foco em baba escorrendo da boca, dentes apodrecidos e mãos machucadas pelo trabalho na enxada. A fabulação desses personagens, inclusive das crianças, rendem bons momentos e consagram essa instituição chamada “conversa de mineiro”: assombração, cachaça, deus e diabo e por aí vai. Até que surge o elemento externo, uma indústria de turismo que se instalou no local, que trouxe mudanças já conhecidas em parques nacionais do tipo. A discussão passa pelo discurso sentimental, mas não chega a ser um lamento.
O longa de ficção Os 3, de Nando Olival, apresenta uma suposta história de amor a partir de triângulo amoroso formado por estudantes universitários. Após a formatura, aceitam tornar a sua casa palco de reality show em que o púbico pode arrastar itens de consumo e compra-los em loja virtual. A ideia de fazer critica às relações 2.0 é interessante e poderia gerar um bom filme, se a construção dos personagens, e das condições que os aproximam, não fossem tão artificiais.
(Diario de Pernambuco, 13/07/2011)
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