sexta-feira, 1 de julho de 2011

Gladiadores hi-tech



O cinema hi-tech chega a um novo pico de qualidade em Transformers 3 - O lado oculto da Lua. O filme de Michael Bay, que conta com Steven Spielberg na produção executiva, coloca a adoração por máquinas e sequências irreais de ação automobilística em um novo patamar. São 157 minutos de mais pura pancadaria e destruição, pontuada por sequências dramáticas questionáveis em qualquer filme que se pretenda sério. Como esse não é o caso, sobra a diversão grandiloquente da paisagem urbana triturada e muito metal retorcido, duas inesgotáveis taras do cinema-catástrofe hollywoodiano.

Em 3D (o primeiro com resolução 4K a ser exibido no Recife), o visual é espetacular e se impõe sobre a história ridícula e infantil sobre robôs-carro alienígenas que lutam pelo domínio do planeta. E isso vem a calhar para o jovem Sam (Shia LaBeouf), que após salvar o mundo duas vezes, não consegue se adequar a uma vidinha normal, conseguir emprego e cuidar da namorada (Rosie Huntington-Whiteley), bonita demais para conter o assédio alheio. Bom nerd que é, Sam fica bem mais à vontade entre Autobots e Cybertrons, que se degladiam pelo controle de bastões enterrados na face oculta da Lua. Esse contexto se torna verossímil em imagens de arquivo sobre a corrida espacial, costuradas com cenas de ficção-científica. Mais à frente, outra história recente vem à tona, em Chernobyl.

Bay, aliás, coloca no liquidificador um sem número de referências a seriados japoneses, Ghostbusters, Aliens e outros ícones pop dos anos 1980, como os quadrinhos de Bill Sienkiewikz e Heavy Metal. Citar 2001, de Stanley Kubrick, seria forçar demais a barra. O olho vermelho de HAL 9000 está lá mais como citação estética que como qualquer pretensão em retomar a relação homem-máquina na busca do auto-conhecimento. O elemento humano - e cômico - está bem representado não nas máquinas, mas no bom trabalho dos atores coadjuvantes John Turturro, Frances McDormand e John Malkovich.

Plasticamente, o som é ruidoso; a trilha sonora, excessiva. Mas não há como questionar a força das imagens, de tal forma integradas, que impedem de discernir objetos físicos dos gerados digitalmente. Caso à parte, o uso do 3D se supera a cada plano. Até o momento, Transformers se tornou o melhor exemplo no uso desse recurso no cinema comercial.

(Diario de Pernambuco, 01/07/2010)

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