Há mais de 100 anos, o bairro do Amaro Branco, Olinda, sustenta a tradição cultural do coco. Nas últimas décadas, ela se materializa uma vez por ano, no dia de São Pedro, com uma festa especial: o Coco do Pneu. A ocasião reúne não apenas moradores, mas turistas, artistas e amantes da cultura popular. O ritmo é o do coco, o favorito dos pescadores. A “pisada” começa à noite e segue até o raiar do dia. Eis o tema do longa documentário O coco, a roda, o pneu e o farol, dirigido por Mariana Brennand Fortes. Produzido em 2007 pela Mariola Filmes, o filme chega agora ao mercado de home video (DVD), com som Dolby 2.0 e 5.1, legendas em quatro idiomas, making of, fotos inéditas e faixas musicais interativas. A distribuição é da conceituada VideoFilmes, dos irmãos Walter e João Moreira Salles.
O lançamento em Pernambuco está marcado para hoje, com exibição ao ar livre, às 19h30, durante a Sambada de Coco do Guadalupe, em Olinda. Organizadora da festa - e do Coco de Umbigada, Beth de Oxum também participa do filme com depoimentos sobre vizinhos (o Amaro Branco fica ao lado do Guadalupe). Mais que registrar a festa, o filme de Mariana apresenta mestres e discípulos em seus afazeres. Mestre Lú, filho de Ivo da Janoca, é o herdeiro da brincadeira.
Ao incluir depoimentos de outros mestres coquistas de Olinda e seus arredores, o filme amplia o horizonte para a história do coco e seus desdobramentos. São eles: Ana Lúcia, Mestre Dédo, Ferrugem, Dona Glorinha, Montinha, Pombo Roxo, Lú do Pneu e Beth de Oxum. O resultado é rico e reafirma a originalidade e importância do gênero no panorama cultural brasileiro. O registro musical é tão importante quanto o antropológico, e o filme deixa isso claro com a qualidade da gravação e o espaço ocupado em seus 80 minutos. Principalmente no cuidado com os vocais, que facilmente poderiam ser engolidos pelos instrumentos.
(Diario de Pernambuco, 02/07/2011)
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