quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Um festival, 400 filmes


O estranho caso de Angélica, de Manoel Oliveira, abre a Mostra hoje à noite

Com mais de 400 filmes na programação, a 34ª Mostra Internacional de São Paulo começa hoje à noite, com a exibição de O estranho caso de Angélica, novo filme de Manoel de Oliveira. O centenário diretor português viria para a abertura, mas precisou fazer uma operação de emergência para troca de marcapasso. De acordo com Leon Cakoff, organizador da mostra e coprodutor do filme, o cineasta está bem e deve comparecer para a cerimônia de encerramento.

A partir de hoje, o Diario estará no evento cuja grandiosidade só é superada pela qualidade da programação. A começar pelos clássicos, Metropolis (1927) de Friz Lang será projetado em parede externa do auditório do Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer. Será a primeira exibição clássico restaurado com cenas inéditas e musicado ao vivo pela Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo.

Presente no evento, Wim Wenders inaugura exposição inédita de fotos, também publicadas em livro editado pela Mostra e terá retrospectiva de filmes emblemáticos como O filme de Nick, Asas do desejo, Paris Texas e Até o fim do mundo, este em nova edição de 240 minutos. O cinema alemão também está representado pela presença de atriz Hanna Schygulla, a preferida de Fassbinder. Outro convidado especial é Alan Parker, que preside o júri e terá mostra com O expresso da meia-noite (1978), Pink Floyd The Wall (1982) e Mississippi em chamas (1988).

Os 100 anos de Akira Kurosawa são lembrados com exibição de Rashomon (1950), Madadayo (1993) e exposição de 80 desenhos originais do mestre, organizada em parceria com o Instituto Tomie Ohtake. É a primeira vez que a coleção será exposta fora do Japão.

A grandiosidade da mostra que mobiliza equipe de 500 pessoas e custa R$ 6,2 milhões só é superada pela qualidade da programação de filmes aplaudidos em Cannes, Berlim, Veneza e produzidos em países díspares como Tailândia, Haiti, Coreia do Sul, Palestina e Noruega.

A capacidade de se renovar permite que nomes consagrados como Woody Allen, Sofia Copolla, Zhang Yimou e Jean Luc Godard convivam com novos realizadores como o pernambucano Gabriel Mascaro, que já participou da Mostra com KFZ -1348 (dele e Marcelo Pedroso) e agora volta com o desafiante Avenida Brasília Formosa.

"Não tem megalomania, é amor ao cinema", diz Cakoff, por telefone. Para marinheiros de primeira viagem na Mostra, como este repórter, a dica é simples: "Sabe nadar? Mergulha".

(Diario de Pernambuco, 21/10/2010)

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