sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A batalha das corujas



Zack Snyder está de volta ao campo de batalha com A lenda dos guardiões (EUA, 2010), seu primeiro filme feito com personagens e ambiente 100% virtual. Desta vez a luta contra a tirania não é liderada pelos guerreiros de 300 ou os heróis perturbados de Watchmen, mas por corujas falantes. Se o método espartano evoca a coragem forjada a ferro e fogo, baseada no sacrifício, aqui a liberdade é defendida por seres frágeis, que aos poucos se descobrem fortes, sem abrir mão de supostas fraquezas, como compaixão e lealdade.

Assim como em filmes anteriores, o longa oferece uma realidade mais-que-perfeita. Se os protagonistas são outros, o discurso belicista "united we stand" permanece o mesmo. Ou seja, encarar "o mal", matar ou morrer. Para quem está na segurança do ninho, como os filhotes Soren e Kludd, a bravura dos Guardiões se resume a histórias fabulosas contadas pelo pai. Um dia eles caem no chão e são raptados pelos Puros, corujonas que querem dominar o mundo, escravizando os menores. Enquanto Kludd é cooptado pelo sistema, Soren foge, faz novos amigos e alerta os Guardiões sobre o perigo.

No treinamento, o mestre ensina o pupilo a "voar por dentro" e "usar a moela". Quando partem para a guerra, os bons vestem garras de ferro, mas não chegam a gritar "this is Sparta". Em vez de uniformes ou símbolos, os personagens se distinguem pelos olhos vermelhos (do mal), amarelos (os livres) e brancos. Estes últimos é resultado da "lunatização", processo de lavagem cerebral de escravos que passam a noite olhando pra Lua.

Baseado em clássico da literatura infantil, A lenda dos guardiões é também a estreia de Snyder no uso do 3D, ideal para o tipo de cinema por ele praticado. Lindo de ver, e só. Nesse sentido, os créditos finais são uma obra de arte na qual o diretor se aperfeiçoa a cada filme. Fica a dúvida de quantos podem sair lunatizados da sessão.

(Diario de Pernambuco, 08/10/2010)

Um comentário:

Anônimo disse...

eu me empolguei pra ver esse filme, mesmo o trailer sendo ruim que só.
bjos