quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Coluna de Cinema da semana

Lançamentos em DVD



Memória - Este belo filme representa as lembranças de Suleman, reorganizadas no terreno da fição. O território é da memória, mas o sentido se constrói no presente. Por isso, cenas se repetem com pequenas mudanças. Um dos episódios se passa no tempo de seus pais, quando Israel ocupa território palestino em Jerusalém. Em determinada sequência, na escola, crianças árabes cantam músicas judaicas. Em outra, o pequeno Elia é reprimido por dizer que os norte-americanos são colonialistas.
O que resta do tempo (The time that remains, Inglaterra, 2009). De Elia Suleman. 105 minutos. Imovision.



À mão - Não faz muito tempo que Miyazaki marcou o cinema mundial com A viagem de Chihiro (2001). Representante da escola de animação tradicional, feita à mão, seu novo filme conta a história do garoto Sosuke que adota a peixinha Ponyo, capaz de se transformar em gente. O problema é que o pai de Ponyo, um ser subaquático poderoso e vingativo, quer a filha de volta e joga as forças do mar contra a vila de Sosuke. O filme se baseia na mitologia japonesa, em que deuses têm forte ligação com a natureza.
Ponyo - uma amizade que veio do mar (Gake no ue no Ponyo, Japão, 2008). De Hayao Miyazaki. 101 min. Playarte.



Blindado - A superprodução une comédia e ação vertiginiosa a partir do encontro entre o espião Roy (Tom Cruise) e a garota June (Cameron Diaz), que se trombam num aeroporto e no minuto seguinte fogem de gângsters atrás de tecnologia capaz de destruir o mundo. Eles estão apaixonados, isso basta para que escapem de tiroteios sem nenhum arranhão. Em perseguição de alta velocidade, Cruise pilota e atira enquanto Diaz senta em seu colo e faz o mesmo, mirando na retaguarda. Anseios de um país que se traduz pelo cinema.
Encontro explosivo (Knight and Day, EUA, 2010). De James Mangold. 109 minutos. Fox.

Bastidores

O documentário Pacific, de Marcelo Pedroso, será exibido no próximo dia 18 na Bienal de São Paulo. A sessão conta com presença do diretor e a realizadora e crítica de cinema Ilana Feldmann, cujo mestrado sobre reality shows e pesquisa sobre o documentário brasileiro contemporâneo deve render um ótimo debate.

Avatar está de volta aos cinemas em versão 2.0. Amanhã, somente em salas 3D, o filme de James Cameron entra em cartaz com oito minutos de cenas inéditas. Agora, serão 2h51 de projeção.

A 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo anuncia sua programação. São mais de 400 filmes, entre eles, os novos filmes de Woody Allen, Sofia Copolla (premiada em Veneza), Jean-Luc Godard e do tailandês Apichaptong Weerasethakul (premiado em Cannes). O centenário diretor português Manoel de Oliveira é o convidado de honra e Wim Wenders estará presente para uma mostra cuja cereja do bolo é a versão estendida de Até o fim do mundo (1992). Não bastasse, a cópia restaurada de Metropolis (1927), de Fritz Lang, será exibida no gramado do Ibirapuera. Avenida Brasília Formosa, de Gabriel Mascaro, representa Pernambuco.

No Recife, os cineclubes em plena atividade. Hoje, às 12h30, o Centro Cultural Correios (Recife Antigo) exibe Esta noite encarnarei no teu cadáver, de José Mojica Marins. Amanhã, às 18h30, o Nascedouro (Peixinhos) faz sessão de O castelo animado, de Hayao Miyazaki; Já o Cineclube Dissenso continua sua residência no Cinema São Luiz, a convite do projeto cineCabeça. Sábado, às 20h40, o grupo apresenta Fragmentos de um filme-esmola (Portugal, 1972), de João César Monteiro.

Eu indico



Indico o curta-metragem De volta à terra boa (Brasil, 2008), de Vincent Carelli e Mari Corrêa. A primeira vez que o assisti foi na Mostra Etnografica do Recife, na qual estava participando com meu filme A Cambinda do Cumbe. Me emocionou muito conhecer a realidade indígena através das suas lendas, contadas de forma simples e cotidiana, sem muitos truques ou efeitos de edição. No caso, do Povo Panará, desconhecido da maioria dos brasileiros, mais um grupo massacrado e destituído da Terra Mãe pelo avanço do progresso e da modernidade. Vale conferir o retorno de um povo para o local de onde nunca deveria ter sido retirado!

Luca Barreto, fotógrafo

(Diario de Pernambuco, 14/10/2010)

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