domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sugestão do fim de semana



“R. Crumb’s Heroes of Blues, Jazz & Country”

Acompanha CD com o melhor da música moderna dos anos 1920.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Visões da elite brasileira



Em pleno trânsito por festivais do mundo, o documentário pernambucano Um lugar ao Sol, de Gabriel Mascaro, estreia hoje no Cinema da Fundação. Por enquanto, é a única sala do Brasil a exibir este filme corajoso e necessário. Primeiro, porque Mascaro enfrenta essa espécie de pudor que o cinema nacional tem em abordar a elite e seu imaginário. Segundo, porque ao abrir esse canal, expõe o que há de distorcido e inabalável nessa realidade construída a centenas de metros do chão, cujas convicções se traduzem na imagem-síntese de uma coluna de concreto cravada nas fundações de um edifício, logo no início do filme.

Do Festival de Cartagena, Colômbia, onde onde participa com o longa, Mascaro conta quais motivações o levaram a realizar Um lugar ao Sol. "Percebi uma quase que absoluta ausência de produção de conteúdo audiovisual documental brasileiro que inferisse sobre grupos privilegiados socialmente. Isso me tomou como desafio. Numa segunda premissa, percebi a velocidade que a paisagem urbana no Recife vem se transformando nos últimos anos. Eu poderia também refletir sobre o triunfo dessa arquitetura vertical que hoje é lida no imaginário brasileiro como sinônimo de 'morar bem'".

Para chegar às oito histórias coletadas no Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, Mascaro e equipe consultaram um livro com o nome e endereço de 125 donos de coberturas. Sozinhos ou acompanhados pelos familiares, eles tentam traduzir em palavras seu cotidiano. Uma mulher que mora em frente a um morro do Rio de Janeiro descreve a troca de tiros como algo lamentável, mas colorido e bonito de assistir à noite, um espetáculo que batizou de "luzes flamejantes". E que certa vez alguém foi morto na esquina do condomínio, mas eles nem ficaram sabendo porque estão a um quilômetro de altura. Outra personagem diz que é um alívio não ouvir o barulho de panelas e empregados na cozinha, como se não estivessem lá. "Graças a Deus", "agir na hora certa" e "muita luta" são palavras usadas para justificar seu modo de vida.

"Não há como pensar o triunfo do modelo vertical para fins residenciais no Brasil sem pensar a violência e a insegurança. E esta possibilidade de leitura talvez complemente este debate internacional e interesse sobre as questões sociais no Brasil. Acho que é a primeira vez que o documentário brasileiro tem 'set de filmagem' numa cobertura de classe média alta. O filme gera essa curiosidade inerente àquilo que é distante, alto, desconhecido". Depois de Cartagena, Um lugar ao sol viaja para Miami (EUA), Toulouse (França), Málaga (Espanha), Lisboa (Portugal), Bangkok (Tailândia) e Montevidéu (Uruguai).

Para Mascaro, a carência de filmes sobre a elite gerou um problema de apreciação do documentário. "As pessoas esperam um documentário que seja uma representação sólida dessa 'elite'. E Um lugar ao Sol não se propõe a isso. O tema da arquitetura está no filme mas as pessoas não são uma massa de cimento homogêneo possuidor de uma voz de classe totalizante. É um filme de encontro, que se estabelece a partir de um contato com alguns sujeitos singulares".

(Diario de Pernambuco, 26/02/2010)

Toy Story comemora 15 anos com sessões em 3D



Em 1995, os Estúdios Pixar lançavam Toy Story. O primeiro longa-metragem da produtora é considerado o marco zero das animações 100% geradas por computador e foi recordista de arrecadação naquele ano. Para comemorar os 15 anos, a produtora remasterizou o desenho e também sua continuação de 1999 para projeção em 3D. Ambos são aperitivos para a terceira parte da animação da Disney/Pixar, concebido para a visualização tridimensional, com estreia marcada para junho.

De forma que os bonequinhos que fizeram fama nos anos 90 agora saltam no colo dos espectadores do Box Guararapes. Um deles é o cauboi Woody, feliz em ser o boneco favorito do garoto Andy, até que ele ganha o novo brinquedo, o astronauta Buzz Lightyear, que passa a ser o o primeiro na preferência do dono e dos demais brinquedos do quarto, como o porquinho Hamm, o Cabeça de Batata e o tiranossauro Rex. O que eles não poderiam imaginar é que a rivalidade entre Woody e Buzz os levaria às garras do vizinho Sid, que adora quebrar brinquedos por diversão. Mas atenção: Toy story 1 fica em cartaz apenas uma semana e em poucos horários, pois divide a sala com Avatar. Na próxima sexta, ele abre espaço para Toy story 2, também em 3D.

(Diario de Pernambuco, 26/02/2010)

Estreia // "Simplesmente complicado", de Nancy Myers



Simplesmente complicado (It's complicated, EUA, 2010), de Nancy Myers, parte do sempre interessante argumento sobre como pessoas encaram as relações amorosas na maturidade. Pena que desanda para situações que só podem ser vividas por gente que estacionou na idade mental de 12 anos. Triste constatar que comédias românticas, gênero que vez em quando rende bons filmes como o recente Amor sem escalas continua patinando na mais completa e esquecível superficialidade.

Meryl Streep é Jane, dedicada mãe de família que ganha a vida vendendo croissants e outros quitutes. Separada há uma década, ela se reaproxima do ex-marido Jake (Alec Baldwin). Apesar de ter um filhinho adorável e uma esposa jovem e bonita, Jake está infeliz no atual casamento e decide investir na antiga relação com argumentos de advogado e delicadeza de rinoceronte.

O filme centra no dilema de Jane, dividida entre o affair com Jake e a asséptica mas genuína paixão que alimenta com seu arquiteto Adam (Steve Martin). No auge da sua indecisão, Jane arranca de seu terapeuta a autorização para ir em frente e verificar o que há entre ela e seu ex-marido. Uma sessão de marijuana, compartilhada pelo triângulo acrescenta certa diversão.

Como plateia pontual, temos as amigas de maquiagem e penteados exagerados, provavelmente retiradas de alguma série kitsch de TV. Já os filhos assistem a tudo com o chapéu do Clube do Mickey, de olhos vidrados, obedientes e atentos a cada palavra dos pais. Difícil encontrar o que há de simples nessa história. E complicado mesmo, é encarar Baldwin nu, se exibindo para uma webcam.

(Diario de Pernambuco, 26/02/2010)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Shiko inaugura exposição "Brega Francês"

Shiko inaugura hoje (sexta) nova exposição individual no Recife. Repleto de referências pop, Brega francês traz à cidade cerca de vinte novos trabalhos, uma amostra do bom momento vivido pelo artista paraibano. Entre eles estão os originais com a pin up Valentina Buzatti, a primeira garota ilustrada a participar em ensaio da revista Trip. Além das obras, Shiko prepara, ao longo do dia, um painel pintado em uma das paredes do Espaço Muda, que promove a exposição, com curadoria de Giovanna Simões. Na ocasião o Muda aproveita para inaugurar seu espaço gastronômico, o Bistrô Beco.

Há mais de uma década, Shiko desenvolve sua arte em diferentes linguagens (grafite, pintura, história em quadrinhos) e temáticas (erotismo, cultura underground, ficção científica). Segundo o próprio, a linha que "amarra" seus trabalhos é a relação direta com a música. Primeiro pelo jazz e blues, paixão traduzida com propriedade no álbum de quadrinhos Blue note, publicação independente à espera de editora disposta e ligada.

O rock'n'roll, outra constante, agora chega pelo fascínio das capas de discos de vinil - em uma das telas da exposição, uma garota desnuda manipula disco da Janis Joplin com famosa arte original de Robert Crumb. Uma série de três aquarelas foi utilizada para o encarte do novo CD da banda de rock instrumental Burro Morto, Batista virou máquina. A arte também serviu de storyboard para um filme realizado por Carlos Dowling e Bruno Salles. "O disco funciona como trilha sonora para o filme", diz Shiko.

A forte ligação com a cena cultural de João Pessoa não impediu Shiko de olhar e se influenciar pela do Recife - trabalhos anteriores trazem referências explícitas a grupos como Nação Zumbi e Mundo Livre e a filmes como Amarelo manga e Cinema, aspirinas e urubus. Brega francês é nome de música da Academia da Berlinda.

Uma das maiores telas da nova coleção é inspirada no novo álbum de Otto, Certa noite acordei de sonhos intranquilos. "Passei três dias ouvindo o disco e até pintei o nome dele na tela". O interesse pela tipografia está levando a incluir cada vez mais texto em suas composições, como na série O futuro já passou, em que um robô carrega um aparelho toca-discos. "Acho que a frase foi dita por Chico Science em uma entrevista".

Para compor este e outros ciborgues e cenários futuristas, Shiko busca referência nos escritores William Gibson, no pós-humano de Isaac Assimov e em filmes como Blade Runner (baseado em Phillip K. Dick). "Me interesso por essas imagens desde moleque, quando vi a capa do disco Somewhere in time, do Iron Maiden".

O fetiche por mulheres nuas culmina agora numa série de 13 telas protagonizadas por Valentina, assim batizada pelos editores da Trip como homenagem à esguia personagem de Guido Crepax, que, como Milo Manara, outro ícone dos quadrinhos eróticos italianos, há muitos anos foram devorados por Shiko. Hoje ele prefere o traço do francês Frédéric Boilet, autor de O espinafre de Yukiko. "Dele estou esperando coisas novas". Uma nova pintura da série Armário (o último serviu de capa de edição especial da Revista Zupi e a tela original foi vendida já no primeiro dia de exposição no Bar Central, no ano passado) completa a seleção.

Serviço
Brega francês, de Shiko
Quando: De hoje a 25 de março; abertura hoje, às 19h.
Onde: Espaço Muda (Rua do Lima, 280 - Santo Amaro)
Informações: 3032-1347

(Diario de Pernambuco, 25/02/2010)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Heroínas dos quadrinhos

Se há poucos corajosos que fazem história em quadrinhos em Pernambuco, a parcela feminina dentro desse universo é ainda menor. Desenhistas que atuam no ramo dizem que o preconceito existe como em qualquer outra profissão.

"É engraçado pensar que, se o universo dos quadrinhos em si já é alvo de preconceito, sofrer preconceito dentro dele se torna redundância", diz Roberta Cirne. O maior entrave, no entanto, são as limitações do mercado local e nacional. "Não existe profissionalização aqui em Pernambuco. Em São Paulo você encontra escolas especializadas, mas aqui não. Ou você aprende sozinho e tenta um agenciamento ou não cresce. Publicações, só independentes ou por meio de projetos culturais", diz Danielle Jaimes.

Roberta e Danielle acabam de entregar à gráfica o projeto AfroHQ, sobre a influência africana na formação da cultura brasileira, com texto do professor Amaro Braga. O livro deve ser lançado em maio. "Contamos a saga dos negros desde o surgimento dos povos africanosaté a atualidade, através das vozes dos Orixás, que são os personagens principais", diz Danielle.

A primeira parceria a quatro mãos rendeu a HQ Passos perdidos - História desenhada, série em dois volumes que aborda a presença judaica em Pernambuco; a segunda, publicada em 2009, é sobre os heróis da Restauração Pernambucana. Os projetos contaram com roteiro de Braga e patrocínio do Funcultura. Outros dois projetos focados na história do Recife aguardam aprovação da Fundarpe.

No front independente, Michelle Ramos não chega a pegar no pincel mas seu trabalho é 100% ligado aos quadrinhos. Além de roteirista e pesquisadora do tema, ela mantém há cinco anos o site Zine Brasil, que em 2009 ganhou prêmio de melhor publicação sobre quadrinhos da internet brasileira pelo site especializado Bigorna.net.

Em termos de mercado, a situação não é das melhores e extrapola questões de gênero. "Não creio que haja pouco espaço para as mulheres. Fazer quadrinhos ou não é uma questão de escolha, deafinidade", acredita a desenhista Simone Mendes. Ela diz que a demanda por ilustrações tem sido bem maior do que por quadrinhos. Estes, Simone produz por gosto, pois ganha a vida como free lancer de ilustrações para livros e revistas como Bravo! e Capricho. "Os quadrinhos são uma maneira a mais de criar e expor ideias".

Entrevista // Roberta Cirne: "O mercado brasileiro é extremamente fechado"

Como você se tornou desenhista de quadrinhos?
Desenho desde pequena. Tive uma tia artista plástica que me incentivou, além de meus pais, que compravam quadrinhos da Disney, Luluzinha, Bolinha e de super-heróis como Superman, Batman. E desde pequena já criava HQs com personagens meus dos outros. Até tentei seguir outras carreiras como a advocacia, porém a vocação foi mais forte. Para mim, quadrinhos é um chamado, uma necessidade e um prazer.

Por que há poucas HQs produzidas por mulheres?
Existe um preconceito arraigado, não só a quadrinhos, mas a diversas profissões classificadas como de predominância masculina. Assim como há poucas leitoras de quadrinhos, justamente pelo mercado direcionado ao leitor que consome regularmente, salvo poucas exceções. No Japão, por exemplo, como o mangá se dirige a diferentes públicos, há um fomento de artistas destes nichos, gerando quadrinhistas de diversas faixas etárias e conceitos. No Brasil somos poucas por não contar com leituras direcionadas. Se uma leitora de HQ foraté a banca, é provável que ache poucas coisas de seu interesse.

O predomínio de temáticas de ação e violência nas HQs seria uma justificativa para o número reduzido de leitoras e de quadrinistas mulheres?
Há vários fatores, que vão desde comportamento e padrões sociais até mesmo mercado e lei de oferta e procura que definem o público leitor de HQs no Brasil. As próprias editoras não investem em novos leitores, já sendo difícil manter os antigos face às novas possibilidades oferecidas pela internet. Na maioria das vezes, o que chega às bancas e livrarias refletem o mercado nacional, que lucra mais revendendo quadrinhos americanos, pois para isso pagam apenas os direitos de reprodução.

Como você vê o mercado local, em termos de possibilidades de publicar, formação de público, profissionalização do setor?
O mercado brasileiro é extremamente fechado às publicações locais, salvo exceções. Houve várias tentativas de incentivo ao mercado de quadrinhos nacionais, podemos citar a Editora Escala, que criou um selo de publicação de novos talentos, mas infelizmente nada vingou. Posso parecer pessimista, por um lado, mas é uma questão mercadológica, do que vende e do que não vende, e quanto custa para produzir. Caso haja uma mudança dessa visão, seria possível acreditar em mercado nacional de quadrinhos. Temos inúmeros talentos nacionais, que bancam seus próprios projetos, publicam coisas do próprio bolso, como o pessoal da PADA, o antigo BRADO, o grupo da Garagem Hermética e vários fanzineiros.

(Diario de Pernambuco, 24/02/2010)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Onde vivem os monstros, no Diario de Pernambuco de hoje



O colega Thiago Corrêa assina bela matéria sobre o livro Onde vivem os monstros (Where the wild things are), de Maurice Sendak, traduzida para o português pela CosacNaify.

Ano passado, o livro ganhou versão para o cinema assinada por Spike Jonze.

Para ler a matéria, clique aqui.

Escola de Cinema e TV de Cuba inscreve brasileiros

Até 10 de março, a Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba está com inscrições abertas para seleção de estudantes brasileiros entre 22 e 29 anos. As provas serão aplicadas nos dias 12 e 13 de março, em cinco capitais: Belo Horizonte, Recife, Florianópolis, Campo Grande e Belém. Sete especializações estão disponíveis: direção, produção, roteiro, fotografia, som, documentário e edição. Do Brasil, serão selecionados de quatro a seis candidatos que irão fazer parte de um grupo de 40 estudantes de todo o mundo. O curso tem duração de três anos, com início previsto para setembro de 2010. Os selecionados serão anunciados na segunda quinzena de junho. No Recife, inscrições devem ser enviadas para o e-mail eictv@pagina21.com.br. As provas serão aplicadas na sede da produtora Página 21 (Rua da Aurora, 325/1304 - Boa Vista). Informações pelo fone (81) 3421-7180.

Temporada aberta para verbas do audiovisual

O audiovisual está em plena temporada de editais, promovidos via poder público federal, estadual e municipal. Desde ontem o concurso de roteiros Ary Severo/Firmo Neto recebe inscrições. Nele, três projetos serão contemplados com um total de R$ 240 mil.

Dois montantes de R$ 80 mil cada serão destinados a realizadores com experiência comprovada, enquanto o terceiro está reservado a diretores estreantes. A novidade foi proposta pela Fundarpe, parceira da Prefeitura do Recife na realização do concurso.

"É uma forma de dar oportunidade aos iniciantes, que muitas vezes não conseguem concorrer com os demais e assim podem começar um currículo e ter mais chances em editais de maior crédito", diz Carla Francine, da coordenação de cinema da Fundarpe. No mais, o edital continua com as mesmas características dos anos anteriores, inclusive a necessidade dos proponentes manterem anonimato. A ficha de inscrição e regulamento do Ary Severo / Firmo Neto estão disponíveis nos sites www.fundarpe.pe.gov.br e www.recife.pe.gov.br. O resultado será divulgado no dia 15 de abril.

Um dos editais maiores a que Carla se refere é a 2ª etapa do Funcultura, que teve data limite para a entrega de propostas prorrogada para 5 de março. Com isso, o prazo para cadastramento de produtores culturais também foi ampliado e se encerra hoje à tarde. Os interessados nesse processo podem ser orientados por um grupo de técnicos da Fundarpe, a postos na sede da instituição (Rua da Aurora, 463/469 - Boa Vista).

Promovidos pela Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, outros cinco concursos de apoio à produção de obras cinematográficas e desenvolvimento de roteiros estão abertos para inscrições até 18 de março. Eles contemplam a produção de obras de curta-metragem (ficção ou documentário) - 20 projetos de até R$ 80 mil; produção de obras de longa-metragem de ficção de baixo orçamento - sete projetos de até R$ 1,2 milhão; desenvolvimento de roteiros de longa-metragem de ficção ou animação com temática infantil -três projetos de até R$ 50 mil; desenvolvimento de roteiros de longa-metragem de ficção para roteiristas estreantes - doze projetos de até R$ 25 mil; e desenvolvimento de roteiros de longa-metragem de ficção para roteiristas profissionais - sete projetos de até R$ 50 mil.

Informações podem ser obtidas pelo e-mail concurso.sav@cultura.gov.br. Inscrições podem ser feitas diretamente no site www.cultura.gov.br. No Recife, a regional do MinC oferece apoio aos editais. Os interessados recebem orientação e esclarecem dúvidas com o setor de fomento, pelo telefone 3194-1300 ou o e-mail nordeste@cultura.gov.br.

Além disso, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) do Ministério da Ciência e Tecnologia oferece quatro linhas de financiamento: R$ 33,7 milhões para produção cinematográfica de longa-metragem (até 5 de março), R$ 17,7 milhões para produção independente de obras para a televisão (9 de abril), R$ 22,5 milhões para aquisição de direitos de distribuição de obras de longa-metragem (5 de março) e R$ 7,5 milhões paracomercialização de obras de longa-metragem nas salas de cinema (5 de março).

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Os mistérios do desejo



Realizador solitário, em A erva do rato (Brasil, 2009) Júlio Bressane oferece uma obra de arte rara no cinema nacional. É um deleite se deparar com um novo manifesto desse autor que filosofa com imagens. O longa entra em cartaz hoje, no Cinema Apolo (Recife Antigo).

Protagonizado por Selton Mello e Alessandra Negrini, o filme adapta livremente dois contos de Machado de Assis: A causa secreta e Um esqueleto. Não é o primeiro Machado de Bressane. Em 1985, ele rodou Brás Cubas, outro manifesto a explorar o que o próprio chama de "motivo fóssil" como importante chave de leitura.

A presença de atores famosos não significa que o filme será algo facilmente compreensível. Erudito na construção das imagens - cada plano é uma obra em si), o extremo rigor estético de Bressane nos faz sentir dentro de uma pintura de luz e formas barrocas, estendidas em planos longos com pouco ou nenhum movimento.

Já a sua narrativa se desenvolve de forma experimental e se movimenta em signos. Os principais são "o rato" e "a vagina", cuja síntese é "o esqueleto". Há vários outros, no filme que se sustenta com apenas dois atores, dentro de uma casa. E isso não é trabalho que se faz só. A fotografia de Walter Carvalho e a câmera de seu filho, Lula, são poderosos aliados.

A trilha sonora minimalista de Guilherme Vaz com trechos de Mozart, idem. O som, aliás, é elemento importante para o entendimento de que, apesar de confinados numa casa colonial de móveis antigos, lá fora a natureza segue seu curso em ondas no mar, vento nas árvores e ruídos de animais noturnos.

Bressane pouco revela sobre a história pregressa dos jovens. A ele interessa mais o que há ancestral em suas atitudes. O casal se (re)conhece no cemitério e logo se une. A mulher está frágil pois acaba de sair da prisão e de se tornar órfã. Ele propõe um casamento instantâneo e incondicional, o que nos leva ao local onde toda a ação se desenrola.

O longa é proibido para menores de 18 anos, pois coloca a atriz em posições sexuais e expõe suas partes mais íntimas. Mas ao contrário do que hoje se considera pornográfico, nada é banal na nudez de Negrinni, que permite ao novo marido exercitar a tara estética com câmera fotográfica e a determinação em reproduzir cenas eróticas dos anos 1920.

O que começa de forma um tanto inocente, com ele ditando trechos da história social e natural (a erva do rato é um tipo de veneno vegetal) do Brasil. Não demora a evoluir para a loucura quando um rato passa a roer fotos e andar pelo corpo da mulher durante a noite, numa repulsiva e linda sequência orgástica.

Muito da beleza de A erva do rato está no mistério. Assim como os melhores clássicos, longe de se esgotar numa única sessão, o filme pode gerar tantas interpretações quantas vezes for assistido.

(Diario de Pernambuco, 22/02/2010)

Maria Gadú em Maracaípe - como foi



Tarde de sábado em Maracaípe. O sol já caía junto aos coqueiros quando a cantora Maria Gadú adentrou o palco montado ao lado do disputado Bar do Marcão. A espera, em torno de uma hora e meia, foi aos poucos sendo esquecida pelos banhistas, que sentados aguardaram e assim permaneceram na primeira metade do show, o último do projeto de verão Vivo na Areia. A música foi ouvida também nos arredores, onde foram montados estandes para venda de aparelhos celulares, massagens grátis e equipamento para esportes de praia.

Por cerca de uma hora, num palco pequeno e potente, Gadú mandou bem com canções próprias e de outros compositores. O clima de luau foi rompido quando a cantora tirou os óculos escuros, colocou boné e investiu no repertório roqueiro. Com a plateia de pé, ela cantou uma canção de Alanis Morrisette, com mais propriedade do que a própria faria hoje. A versão para Lanterna dos afogados, dos Paralamas do Sucesso, rendeu outro momento bom. Sua banda flui.

Conhecida por músicas veiculadas em novelas e minisséries, ela faz música brasileira de pegada rock'n'roll, arranjos de blues e uma pitada de samba antigo. Impressiona a semelhança vocal com Marisa Monte (influência declarada). Mas seu desejo consciente parece ser o de ocupar o espaço vazio ocasionado pela morte de Eller, até hoje vago. A começar pelo formato próximo ao Acústico MTV do show, com direito a versões para um clássico da música popular francesa, Ne me quitte pas.

O visual andrógino e atitude despojada também estão no palco - ela fuma, bebe cerveja na lata e nem tocou na água mineral. Gadú não usa All Star azul, mas um Adidas bem parecido. E tem seu próprio parceiro/compositor, Leandro Leo, fofinho demais para ser Nando Reis.

É como se uma começasse onde a outra (Cássia Eller) parou, com o aval do público e tudo o mais. Só que para chegar onde chegou, Eller enfrentou duas décadas de showbiz. Gadú, com apenas 23 anos, parece ter nascido pronta. Há nela algo de formulaico, e quem sabe por isso, acessível. Cabe ao tempo confirmar o que será. Revelação da nova MPB? As pessoas adoraram.

* o repórter viajou a Maracaípe à convite da Vivo.

(Diario de Pernambuco, 22/02/2010)

Maria Gadú em Maracaípe: mais fotos









sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Shiko volta ao Recife para exposição "Brega Francês"



Com show da Bande Ciné

Quinta, 25 de fevereiro, Às 19h, no Espaço MUDA - Galeria.Teatro.Moda.Bistrô
Rua do Lima, 280, Santo Amaro 3032-1347

"A fita branca" ou "O discurso da servidão voluntária" por Michael Haneke



O século 20 foi marcado por rituais de ordem e submissão cinicamente disfarçados de discurso civilizatório. O mais notório atende pelo nome do nazi-fascismo, mas não importa o nome: a violência tem sido a história da humanidade. Também não é novidade que boas maneiras ensinadas às crianças com o aval das instituições é balela. O que chamamos "educação" surge quando os mirins incorporam e reproduzem relações marcadas pelo ódio e vingança que publicamente se traduzem num polido "bom dia".

É desse véu que trata A fita branca (Das weisse band, 2009), Palma de Ouro em Cannes 2009, com estreia marcada para hoje no Cinema da Fundação. Não é a primeira vez que o cineasta austríaco Michael Haneke aborda o tema. Ele já o exercitou com propriedade em filmes como Funny games (1998), Caché (2005) e A professora de piano (2001).

O reconhecimento em Hollywood, onde refez seu primeiro longa a convite da atriz Naomi Watts, não amenizou seu discurso, que continua ácido e impiedoso como sempre. Cenas bizarras de tortura e mutilação são chocantes, mas não tanto quanto as relações estabelecidas entre os moradores de uma aldeia perdida na neve da Alemanha dos anos 1910. Indicada ao Oscar, sua fotografia em preto e branco, impecável, causa fascínio, sufoca, mas não é mais estranha do que a possibilidade de um filme crítico e contundente como este ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Pelos olhos do professor de canto (Christian Friedel), assistimos a um ano de conflitos e decorrências num ambiente rural remoto povoado por personagens arquetípicos: o médico, que abre a história sendo vítima de uma armadilha que o manda direto para o hospital; a parteira, que assumiu a criação do filho deficiente do médico após a misteriosa morte de sua esposa; o padre, rigoroso defensor da moral; e o barão, que domina a todos.



Todos parecem ser figuras particularmente perturbadas, que envergam as crianças às mais baixas humilhações. As crianças, por sua vez, são questionadas sobre a autoria de maldades que vão se acumulando ao longo do filme. Dois dos filhos do padre, por exemplo, são obrigados a usar uma fita branca no braço até provarem sua pureza - um deles dorme com os pulsos amarrados.

Através da voz em off do professor nos situamos na história, contada de forma clássica, linear, objetiva como um romance antigo. O timbre envelhecido dá a entender que, como os remanescentes de Auschwitz, ele sobreviveu a eventos que nunca sairão de sua memória, principalmente sua paixão por Eva, a governanta do filho do barão. A relação entre o médico e a parteira é de crescente importância no desenrolar da trama e revela um bocado da cultura repressiva a que costumamos vincular a tradição alemã.

Leituras que apontam para um filme sobre as raízes do nazismo podem ser um tanto reducionistas. Haneke trata de algo maior, da peste emocional que assola a humanidade desde antes de Cristo - a mesma que levou ao filósofo francês Étienne de La Boetie a tecer seu Discurso da servidão voluntária (1561). No próprio cinema não são poucas as conexões com Dogville, retrato do que há de mais cruel na sociedade norte-americana. Só que em vez de uma mulher, em A fita branca a tortura é com crianças.

Leia entrevista com Michael Haneke aqui.

(Diario de Pernambuco, 19/02/2010)

Estreia // "Ervas daninhas", de Alain Resnais



Por iniciativa do Cine Rosa e Silva, entra em cartaz no Recife o novo filme de Alain Resnais, 87 anos, um dos últimos mestres do cinema mundial em atividade, autor de Hiroshima mon amour (1959) e Medos privados em lugares públicos (2007). Em Ervas daninhas, ele retrata a aventura poética e amorosa de Georges Palet (André Dussolier), um senhor que encontra uma carteira perdida num estacionamento e entrega à polícia, que devolve o objeto à dentista Marguerite Muir (Sabine Azéma).

Ele se deixa seduzir pela situação e passa a seguir Muir e o que começa como curiosidade termina como obsessão. Para contar sua história, Resnais utiliza jogos de câmera, fusões, narração off e trilha sonora que soariam fora de moda não fossem coerentes com a longa a carreira do autor, que no último Festival de Cannes recebeu prêmio especial pelo conjunto da obra.

(Diario de Pernambuco, 19/02/2010)

Estreia // "The lovely bones", de Peter Jackson



Um olhar do paraíso (The lovely bones, EUA, 2009) pode ser visto como um filme espiritualista com uso piegas de cenários gerados por computador, mas esta seria uma leitura um tanto equivocada. Se este novo Peter Jackson (Senhor dos anéis, King Kong) é um império do design gráfico artificialista, ele logo se justifica como função narrativa. O longa (135 minutos) pode derrapar em alguns momentos, mas se afirma enquanto obra sobre os efeitos de uma tragédia sobre uma família fortemente ligada por laços de afeição.

O núcleo em questão são os Salmon, uma família comum que vive no subúrbio da Filadélfia, no início dos anos 1970. O pai, Jack (Mark Whalberg), dedica atenção especial para a filha de 14 anos Susie (Saorise Ronan), que conduz o filme também como narradora. A condição pós-morte de Susie, logo no início da película elucidada por sua narração em off a coloca como observadora junto a nós, que assistimos ao filme.

Ela foi trucidada nas mãos do vizinho psicopata-aparentemente-normal (Stanley Tucci, indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante), tipo "o perigo mora ao lado" que Hollywood adora mostrar. Apesar das circunstâncias violentas de sua morte, há sutileza suficiente na abordagem para que a classificação indicativa permanecesse relativamente baixa.

A feliz relação com a personagem (a atriz é realmente linda), que não quer abandonar a família e o pretendente enamorado, faz do filme uma viagem guiada pelo sonho e fantasia, em contraste com a dura realidade dos que precisam enfrentar a ausência de Susie. O talento de Jackson para criar mundos em tela larga continua intacto, desta vez aplicado a cenários coloridos como se própria Susie operasse o photoshop para construir o limbo onde as garotinhas estripadas aguardam passagem para o paraíso. A trilha sonora original de Brian Eno contribui com a atmosfera etérea e irreal.

O ponto de virada na dor dos Salmon está na chegada da avó Jynn (Susan Sarandon), que faz o tipo sessentona desbocada, bêbada que dorme com cigarro entre os dedos. Ela foi chamada para amparar Abigail (Rachel Weisz), que durante um ano deixou o quarto da filha trancado "como um túmulo no meio da casa", nas palavras de Jynn. A sequência etílica em que ela faz a faxina com o netinho é bem bacana.

Dos rótulos disponíveis, filme de serial killer, espírita, drama adolescente - Um olhar do paraíso se impõe como filme de amor. A despeito do final, que nem garotas de 14 anos devem suportar.

(Diario de Pernambuco, 19/02/2010)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Garanhuns Jazz & Blues Festival - Noite 3 e balanço



Entre conquistas e percalços, o Garanhuns Jazz & Blues Festival cresceu e se impôs enquanto principal alternativa ao carnaval pernambucano. Em todas as noites, a satisfação em assistir aos shows estava estampada no rosto dos milhares de moradores e turistas reunidos na Esplanada Guadalajara. A maior parte dos visitantes partiu do Recife e Caruaru, mas o evento também atraiu grupos de Salvador, Maceió, Natal e Fortaleza.

Para o casal cearense Mário e Givaneide, o evento foi melhor e mais organizado que o Festival de Guaramiranga, no Ceará. "Lá é difícil conseguir ingresso e aqui os shows são de graça. Esse festival merece mais divulgação", acredita Mário. "É um festival fantástico, uma ousadia por fazer no período do carnaval, que dá pouco espaço para esse tipo de música", disse o professor Paulo Chaves, do Recife.

Para a população local, o festival cumpriu a função de apresentar atrações incomuns até mesmo para o tradicional Festival de Inverno, como o bluseiro Magic Slim,de Chicago, e Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura. "É como dar uma bicicleta para um menino de dois anos de idade. Ele pode não saber o que fazer com ela naquele momento, mas um dia vai usar", disse o blogueiro Ronaldo César, que promoveu o paralelo Carnajazz com participação e canjas de convidados do festival, madrugada adentro. Outro destino certo do GJF foi a Bodega do Massilon, que também fez programação musical e etílica. Presença constante, o novaiorquino Karl Dixon foi adotado pelo festival (participou de vários shows) e virou celebridade instantânea em Garanhuns, com direito a flashes, autógrafos e frisson coletivo, causado por sua figura, dança e voz incomuns.


MAGIC SLIM FOI A ATRAÇÃO MAIS ESPERADA

Das três noites, a última foi de longe a maior, melhor e mais animada. Foram seis horas de música e atividades prolongadas pela alegre e divertida Big Time Orchestra, grupo parananense de onze bons músicos, figurino psicodélico, repertório dançante e uma coreografia exagerada para reverenciar os "loucos anos 50". A festa dos músicos se estendeu inclusive para o meio do povo, onde tocaram When the saints go marchin' in, o hino da dixieland. O ponto alto foi quando o guitarrista Ronnie Panzone assumiu a liderança e com uma música só repassou a história do rock em túnel do tempo, que partiu de Michael Jackson (Beat it) para AC/DC (Back in black), retorna a Chuck Berry (Johnny B. Goode), avança para Kiss (Rock'n'roll all nite) e termina com Ramones (I wanna be sedated). O público foi ao delírio e teve até quem arriscasse um salto do tipo mosh.


AULA DE ROCK CONTAGIOU PLATÉIA

Das atrações que fizeram jus e deram sentido ao nome "blues e jazz" ostentado pelo festival, as mais potentes foram Azymuth, Magic Slim e o quearteto de Esteban Sumar. O jazz 100% norte-americano esteve representado por este último, liderado por um guitarrista chileno partidário do jazz contemporâneo de Nova York, onde estudou no Berkeley College. Disposto a aprender, Sumar esteve atento e filmou todos os shows do festival, para onde deve retornar ano que vem, a convite da produção e também do músico pernambucano Wallace Seixas. No palco, o quarteto fez música de nuances e improvisos pontuado por uma simpática brincadeira: um samba dançado no sapatinho pelo saxofonista Paulo Monteiro, que serviu de mestre de cerimônias do grupo por ser o único que já havia tocado no Brasil, onde tocou no Recife Jazz Festival.

Já o blues esteve muito bem representado por Magic Slim, que foi direto ao assunto com um show simples e poderoso, um blues tradicional que se tocado por outros soaria estereotipado. Não é o caso de Slim; sua história de vida o autoriza a viajar pelo mundo como um embaixador do blues. Somente no ano passado, fez 186 apresentações. De Garanhuns, ele segue para shows na França e Alemanha.


ANDREAS KISSER (COM GUITARRA DE BOLAS BRANCAS ESTILO BUDDY GUY) E TICO TOCAM RAUL

O momento "pop" se deu com a homenagem que Tico Santa Cruz e Andreas Kisser fizeram a Cazuza e Raul Seixas. A presença do guitarrista atraiu vários fãs com camisas do Sepultura, Iron Maiden e Black Sabath, os quais provocou com frases do repertório metaleiro. No camarim, uma fila se formou para conhecer o ídolo, que atendeu a todos com a infinita paciência de Jó. Pena que sua participação no festival foi curta demais para satisfazer a sede da platéia.

Bastidores - Em seu terceiro ano, o Festival de Jazz & Blues de Garanhuns enfrentou um ponto de inflexão decisivo para sua continuidade. Com a saída do principal patrocinador, a Secretaria de Turismo de Pernambuco, o evento poderia recrudescer ou até mesmo se extinguir. No entanto, a Prefeitura de Garanhuns e o produtor Giovanni Papaleo conseguiram fazer um festival ainda maior. "Funciono melhor sob pressão", disse Papaleo.

Com a clara intenção de desvincular a imagem do GJF do escândalo que afastou o secretário estadual de Turismo, Papaleo chegou a interromper o show da Uptown Band, Tico Santa Cruz e Andreas Kisser, para dizer que o evento nunca foi pivô de desvio de verba e este ano foi realizado sem recursos do estado. "Pra mim foi questão de honra".

As declarações de Papaleo, amplificadas pela voz de Tico Santa Cruz, incomodaram o deputado estadual Isaías Régis, que abordou de forma agressiva à secretária municipal de Turismo, Gabriela Valença. Segundo ele, o governo teria R$ 90 mil para o evento, mas a prefeitura não apresentou os documentos necessários.

Em nota oficial, a prefeitura reconhece falha na organização pela não citação da presença do deputado, bem como de outras autoridades presentes e que nem sequer foi cogitada a destinação de recursos financeiros por parte do governo estadual. De acordo com a produção, o evento foi realizado com cerca de R$ 100 mil, 60% dos cofres municipais e o restante de empresas como a Chesf, Caixa, Ambev e R$ 25 mil do bolso do próprio Papaleo. O evento também conta com a aprovação da Lei Rouanet. "Espero que em 2011 o governo dê ao festival o mesmo tratamento que dá para Garanhuns durante o resto do ano", disse o produtor.

(Diario de Pernambuco, 18/02/2010)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carnaval no Iraq


Abertura do carnaval do IRAQ
Rua do Sossego, 179 - Boa Vista
Quarta-feira de cinzas a partir das 16 horas

DJs: Magolombra, Nigian, Evandro Q? e outros DJ's mortos.
Show à meia-noite: PAULINHO TRUMMER Original Caveira Style de Olinda
Entrada: grátis.

Garanhuns Jazz & Blues Festival - Noite 2


CELSO BLUES BOY TERMINOU O SHOW COM KARL DIXON

A noite de domingo no Garanhuns Jazz Festival até que começou bem comportada, mas terminou com muita gente em pé, vibrando com solos de guitarra de Celso Blues Boy e dançando a soul music performática de Karl Dixon. Sim, o norte-americano estava em todas e se tornou celebridade instantânea em Garanhuns. Escalado para cantar no sábado, Dixon voltou para uma "canja" e fez o povo gritar e correr com câmeras em punho.

Para homenagear o jornalista Ronildo Maia Leite (1930-2009), representado por seus familiares, a produção do GJF chamou ao palco o presidente dos Diários Associados, Joezil Barros e o prefeito de Garanhuns, Luiz Carlos Oliveira.

O programa começou às 21h com a banda de Garanhuns Soul Blues, cujos melhores momentos lembram o blues melódico de Gary Moore. Bem que poderiam fazer um final menos estridente.


IVAN CONTI, DO AZYMUTH, UM DOS MELHORES SHOWS DO FESTIVAL

Já a Azymuth fez um show de classe e competentência que só pode ser tocado por músicos experientes como eles. De What's going on a Águas de março, um repertório que agradou entusiastas que assistiram nas mesas, com garrafas de uísque e vinho, e ao fim aplaudiram de pé. "É muito bom ver músicos da minha geração tocando tão bem. Hoje, o Azymuth é muito melhor do que quando eram jovens. Após tantos anos de convivência, são o que existe de muito bom", disse o arquiteto Vander Cristianer, um dos que mais se emocionaram.

Apesar de amargar certa microfonia, o guitarrista Celso Blues Boy levantou os rockers de Garanhuns. Nem a serpentina arremessada no palco, lembrando que em algum universo paralelo há carnaval, ameaçou o espírito rock'n'roll ali instalado. O grande momento foi a execução de seu maior sucesso, Aumenta que isso aí é Rock n' Roll, com direito a introdução do Hino Nacional (se Hendrix pode, ele também).

No fim, o espírito de jam levou ao palco não só Dixon, como outros convidados do GJF. Mais tarde, o circuito Bodega do Massilon - Bar Escritório rendeu novas formações e improvisos com os chilenos do Esteban Sumar, Dixon, Tico Santa Cruz, Blues Boy e a banda caruaruense The Bluz, que seguiu madrugada adentro.

Garanhuns Jazz & Blues Festival - Noite 1


GREG WILSON MANDOU BEM COM O GRUPO DE CARUARU THE BLUZ

Bem longe do carnaval, um belo palco área coberta na Esplanada Guadalajara atraiu muita gente na primeira noite do Garanhuns Jazz & Blues Festival. De acordo com a produção, cerca de cinco mil pessoas compareceram, o maior público já reunido nos três anos de evento.

O ponto alto foi o show de Karl Dixon, que chegou direto de Nova York para cantar e dançar standards da música negra norte-americana. Ao lado de Leo Gandelman, Jaziel Leite e uma banda não tão azeitada pela falta de tempo para ensaiar, Dixon levantou a platéia e fez muita gente dançar com músicas de fácil reconhecimento, como Georgia on my mind, What a wonderful world e I feel good. Ele é um showman pronto para satisfazer o publico com um gogó potente, caras, trejeitos e uma dança peculiar trazida do contexto gospel (ele é do grupo Harlem Jubilee Singers).


KARL DIXON CANTOU E MOSTROU SUA DANÇA DIFERENTE


REISADO DE GONZAGA ABRIU A PROGRAMAÇÃO DO SÁBADO

A noite começou por volta das 22h, com a apresentação do grupo local Reisado de Gonzaga. Quando o espetáculo acabou, alguns dos integrantes continuaram nafrente do palco, onde dançaram ao som do blues-rock de Greg Wilson (SP) e The Bluz (Caruaru). O guitarrista do Blues Etílicos, aliás, fez um grande show de composições próprias e versões como One after 909, dos Beatles.

Show à parte foi o público do GJF, heterogêneo e de boa convivência, formado por famílias com baldes de vinho nas mesas e todo o tipo de boêmios ao redor, nos bares e stands do evento. A turma do gargarejo foi a mais animada e sedenta por algo diferente na cidade. Senhores bêbados, garotinhas dark, rockers, metaleiros e punks embalados a vinho de um real vibraram com solos de guitarra como os do Blues Mascavo, que encerrou as atividades da noite e deu a deixa para quem quis continuar a balada na Budega do Massilon (Os Valvulados) e Bar Escritório (Celso Blues Boy e outros convidados do festival), em programação paralela que seguiu até o dia clarear.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Cinema // O abre e fecha das salas

Vários cinemas do Recife deixam de funcionar no carnaval. O Multiplex do Shopping Boa Vista fecha no sábado e domingo para reabrir na segunda e terça, com ingressos a R$ 5 (único). Já o Cine Rosa e Silva não funcionará no domingo e segunda. O Cinema da Fundação fecha hoje e só reabre na próxima sexta, com A fita branca, de Michael Haneke. O Cine São Luiz também abre na mesma data, com O homem que engarrafava nuvens, de Lírio Ferreira. Os cinemas municipais (Apolo e Parque) só voltam a funcionar na segunda, 22 de fevereiro. Os complexos UCI Ribeiro Recife, Tacaruna e Casa Forte e o Box Guararapes funcionam normalmente em todos os dias do carnaval.

Lobisomem proibido para menores



Não há como negar a expectativa em torno de um remake do clássico O Lobisomem (1941) estrelado por Benício Del Toro e Anthony Hopkins, sob a batuta do diretor Joe Johnston (Rocketeer, Jumanji).

Outros seres das trevas encontraram suporte na literatura, como o Drácula de Bram Stoker e Frankenstein de Mary Shelley, mas aqui temos o próprio cinema como referência. No filme original, Lawrence Talbot (Lon Chaney, no papel que marcou sua vida), volta para a pequena vila inglesa em que nasceu para investigar o assassinato de seu irmão, quando um lobisomem (Bela Lugosi) o morde e passa a maldição para ele.

A releitura de 2010 preserva o embate entre natureza animal e sociedade repressora, mas amplifica a violência a tal ponto que o longa está proibido para menores de 18 anos. O drama de Talbot (Del Toro, desperdiçado) continua lá, no meio de uma carnificina explícita (cabeças decepadas, tripas espalhadas) e trilha sonora de um Danny Elfman no piloto automático.

Se o filme começa bem, provocando suspense em torno do monstro que se movimenta mais rápido do que os golpes, descamba para situações esquisitas a ponto de terminar como se fosse comercial de Prestobarba. A Londres vitoriana em que Talbot é trancado no hospício por licantropia (o distúrbio psiquiátrico) usa paleta de cores próxima à de Sherlock Holmes. O papel do pai, Sir John Talbot (Hopkins, evocando os bons tempos de "Canibal" Lecter), é ampliado a ponto de ser elemento determinante numa trama cujos desdobramentos sheakspeareanos interessam mais como argumento que como realização.

Geraldine Chaplin, no papel da cigana que tenta ajudar, e Hugo Weaving (Agent Smith, de Matrix), como o agente da Scotland Yard encarregado de resolver os crimes, rendem momentos que salvam o filme da chatice completa. Fora a involuntária homenagem ao videoclipe de Michael Jackson e à inusitada volta de Hopkins aos banquetes de carne humana.

(Diario de Pernambuco, 12/02/2010)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Garanhuns se entrega ao balanço do jazz

O Garanhuns Jazz & Blues Festival começa sábado e traz para o Agreste pernambucano dez shows com 16 atrações do Brasil, EUA, Chile e Argentina. Da primeira à última apresentação, na segunda-feira, o festival está mais para um retiro musical do que "carnaval do jazz". Isso porque, diferente do caos que se instala nos polos, a organização do GFJ é tanta a ponto do público da Praça Guadalajara contar com mesas e serviço gastronômico em área coberta, algo impensável em qualquer foco de folia. Sem falar que a temperatura moderada remete mais a uma taça de vinho do que a um latão de cerveja molhado de gelo do isopor.

Se há algum traço do festival capaz de lembrar confete e serpentina sua "prévia" (essa verdadeira instituição do período), marcada para hoje, às 20h, no Restaurante Mingus. Na programação, a banda-anfitriã Uptown recebe o guitarrista Greg Wilson (Blues Etílicos), o baterista Alexandre Cunha (Brazilian Duet), artistas escalados para o festival, mais músicos pernambucanos como o trompetista Fábio Costa ea cantora Cida Maria. O Mingus fica na Rua do Atlântico, 102 - Boa Viagem. Ingressos a R$ 15. Informações: 3327-6767.

Durante o festival, além do palco principal (Ronildo Maia Leite), haverá polos alternativos com programação depois da meia-noite, um na Bodega do Massilon e outro no Bar Escritório. As inscrições para workshops de teclado com Sérgio Terranova (dia 14), cidadania, poesia e cultura com Tico Santa Cruz (dia 15) e bateria com Alexandre Cunha (dia 16) continuam abertas, e podem ser feitas gratuitamente no Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante ou pelos telefones da Secretaria de Turismo de Garanhuns: (87) 3762-7063 e 3761-1014. Os mesmos números valem para receber orientações de hospedagem - os hotéis estão lotados, mas ainda há vagas em pousadas e casas.

Programação
Palco Ronildo Maia Leite - Praça Guadalajara

13/02
21h - Reisado de Gonzaga (Garanhuns)
22h - Greg Wilson (RJ) e The Bluz (PE)
23h - Karl Dixon (EUA), Leo Gandelman (RJ) e Jasiel Leite (PE)
0h - Blues Mascavo (AL)

14/02
21h - Soul Blues (PE)
22h - Azymuth (RJ)
23h - Celso Blues Boy (RJ)

15/02
20h30 - Esteban Sumar (Chile)
21h30 - Andreas Kisser (SP), Tico Santa Cruz (RJ) e Uptown Band (PE)
22h30 - Magic Slim (EUA) e Blues Special Band (ARG)
23h30 - Big Time Orchestra (PR)

Como chegar em Garanhuns
Distância: 230 km do Recife e 94 km de Caruaru.
Vias de acesso: BR-232 e BR-423.

A única empresa de transporte de passageiros que faz o itinerário é a Jotude, que oferece passagens com valor entre R$ 32 e R$ 36, em 23 horários, entre 6h e 23h30. Informações e reservas: 3452-1211.

(Diario de Pernambuco, 11/02/2010)

Garanhuns Jazz & Blues Festival recebe Azymuth



Das atrações escaladas para o Garanhuns Jazz & Blues Festival, o trio de brazilian jazz Azymuth é certamente a de maior alcance mundial. Em 40 anos de carreira, o grupo de José Roberto Bertrami (teclados), Alex Malheiros (baixo) e Ivan Conti (bateria) fez público nos EUA, Japão e países da Europa. Nesse sentido, o Azymuth é mais internacional do que todos os gringos da programação. O show da Azymuth será no domingo, segunda noite do evento.

Baterista experiente (tocou e gravou com Bethânia, Vinicius, Tom Jobim, Elis Regina Raul Seixas e estrelas do jazz como Ron Carter, Dizzy Gillespie e Wayne Shorter), Conti esteve várias vezes em Pernambuco acompanhando artistas como Gal Costa, Leila Pinheiro e Stanley Jordan. Com sua banda, no entanto, faz a terceira visita - a primeira foi durante o Festival de Inverno, a convite de Toinho Alves, e a segunda num festival do litoral sul. "Será um prazer tocar em Garanhuns novamente", diz Conti, que no meio musical atende pelo apelido de Mamão.

O repertório do show passa a limpo a obra do Azymuth e seu estilo que parte dos ritmos norte-americanos como jazz e funk para fazer música brasileira. São 38 álbuns de estúdio, o último se chama Butterfly e o novo, ainda sem nome, será lançado em abril. Visões do carnaval depuradas pelo jazz estão incluidas. "Tá tudo dentro do contexto. Vamos fazer brincadeiras com samba. Temos uma música, Jazz carnival, em que toco pandeiro. Outra se chama O que que você vai fazer nesse carnaval?", antecipa Mamão.

De escola jazzística, Mamão diz que música brasileira e norte-americana é uma combinação imbatível. "Acredito que jazz, rock e samba são os elementos mais fortes, pois têm versatilidade rítmica e harmônica acoplados e trazem um entrosamento muito grande. Essa troca de ritmos é muito importante, principalmente para o jazz brasileiro, que é riquíssimo em todos os sentidos. Essa fusão é importante e os EUA e Europa respeitam muito".

O encontro de Bertrami, Malheiros e Mamão se deu em 1970, quando se juntaram sob o nome "Seleção" para fazer o show de abertura da casa de shows Canecão, no Rio de Janeiro. O trio foi batizado Azymuth em 1973, quando participou da trilha sonora do documentário O fabuloso Fittipaldi, de Roberto Farias. Na linguagem de estúdio, azimute é o ângulo formado pela fita magnética em relação à cabeça de gravação ou de reprodução sonora.

"Era o nome de uma das músicas compostas por Marcos Valle, que nos convidou para tocar. Nós tocamos essa música tantas vezes que ficamos marcados pelo nome e pedimos para Marcos ceder o nome e ser nosso padrinho". Nessa mesma época, Mamão participou das gravações do primeiro álbum solo de Raul Seixas, Krig-Há Bandolo. "Fui o primeiro baterista a gravar com o Raul. No fim dos anos 60 eu tocava no grupo de rock Youngsters, o Raul gostou da onda e nos chamou".

O prestígio da Azymuth em terras estrangeiras começou a crescer em 1977, quando se tornou o primeiro grupo brasileiro a tocar no Festival de Montreux. No ano seguinte, Flora Purin e Airto Moreira fizeram uma turnê nos Estados Unidos e gravaram uma faixa para o álbum de Ella Fitzgerald. Anos mais tarde foram morar nos EUA, onde lançaram vários discos que não saíram no Brasil, pela Milestone Records. Mamão diz que o Azymuth só não é mais famoso no Brasil por falta de divulgação nas rádios. "Quando a gente toca na rua as pessoas ficam inebriadas. Lá fora é mais aberto, tem estações que tocam nossa música. Precisamos dar mais oportunidade para o público descobrir esse material".

(Diario de Pernambuco, 11/02/2010)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Olhar intrigante sobre o maracatu rural



O interesse por pessoas tem pautado o trabalho da fotógrafa Bárbara Wagner. Na mostra Estrela Brilhante, intrigante série de retratos de brincantes do maracatu rural, ela reafirma e amplia seu olhar sobre a figura humana.

Caboclos de três agremiações foram retratados sem a indumentária típica, antes e durante ensaios noturnos para o carnaval. Patrocinada pelo Grupo Santander Brasil, a exposição foi montada na Galeria Marcantonio Vilaça do Instituto Cultural Banco Real e encerra o projeto Contemporâneos Pernambucanos, que desde 2006 promoveu exposições individuais de Rodrigo Braga, Lourival Cuquinha, Amanda Melo, Bruno Vieira, Jeims Duarte, Tereza Neuma, Cristiano Lenhardt, Jonathas de Andrade e Kilian Glasner.

Para a curadoria de Estrela Brilhante, os coordenadores do projeto Cristiana Tejo e Moacir dos Anjos convocaram o professor e crítico de arte carioca Marcelo Campos. "Foi uma surpresa pra mim uma jovem artista retomar com originalidade a tradição de fazer retratos do povo. Ela retira a fantasia dos caboclos assim como no período em que eram feitos retratos de nobres sem a indumentária. Se na história da arte o retrato é algo clássico, quando somado a novas situações se torna arte contemporânea ", diz Campos. Na noite de domingo, ele visitou os ensaios in loco, nas ruas estreitas de Nazaré da Mata, o que permitiu fazer comparações com a série de fotografias. "É tudo muito escuro, o que esconde as cores das roupas, chapéus e outros objetos visíveis na luz do flash, uma das características do trabalho de Bárbara".

A exposição traz 22 retratos dispostos nas quatro paredes da galeria, com leitura em sentido horário. A primeira mostra um grupo de pessoas que aguarda o ensaio na frente de uma bodega; logo após brincantes conhecidos e anônimos são apresentados individualmente; em outra parede, há duas fotos de grande dimensão com pessoas que assistem à brincadeira; por fim, quatro imagens capturam caboclos durante o ensaio, em posição de espera, enquanto o mestre canta a toada.









Os retratos de Bárbara também causam estranhamento não só por contrariar a imagem consolidada em torno do maracatu, mas pelo aspecto "sujo" dos ensaios regados a azougue e à presença de objetos urbanos como papéis de sorvete, bitucas de cigarro e garrafas de bebida espalhados no chão. A falta de informações que possam situar o observador se confronta com a formação da fotógrafa, jornalista graduada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). "Gosto de trabalhar nos limites de linguagem. O que há de fotojornalismo é que eu respeito o fato e não monto ou dirijo a cena. As pessoas estão à vontade para se apresentar do jeito que quiserem para a câmera. Só que como observadora, quero liberdade para poder criar a própria interpretação", diz Bárbara.

Campos chama atenção para o fato desse "silêncio" de informações objetivas ser algo essencial no trabalho de Bárbara. "Subversivamente, ela tira as legendas das imagens. Não é um trabalho etnográfico, jornalístico ou de história da cultura popular. Ele se balança nessa incompletude para o espaço da arte".



Serviço
Estrela Brilhante, de Bárbara Wagner
Onde: Instituto Cultural Banco Real (Av. Rio Branco, 23, 3º andar, Bairro do Recife)
Quando: Hoje, às 19h30. Visitação de amanhã a 4 de abril
Informações: 3224-1110

(Diario de Pernambuco, 09/02/2010)

Cinema italiano no Recife



Ao que tudo indica, um grande artista do cinema italiano será o convidado de honra do Cine PE 2010. Enquanto o nome não se confirma, outras definições vão dando corpo ao festival. Guel Arraes, Tony Ramos e Júlia Lemmertz serão homenageados com o Calunga de Ouro.

Ao contrário do que foi previsto no ano passado, a reforma do Centro de Convenções não começou e o festival continuará sediado no espaço que gabarita o evento a ostentar o título de maior público do Brasil. A cerimônia de encerramento, no entanto, será transferida para o Cine São Luiz, que ainda pode abrigar outras atividades do festival, marcado para o período entre 26 de abril e 2 de maio.

O retorno ao São Luiz é algo simbólico para o Cine PE, que nasceu naquele local, 14 anos atrás. "Vai ser um charme diferente, pois foi onde tudo começou. Além disso, o governo do estado é nosso parceiro, queremos valorizar o trabalho que ele fez no São Luiz", diz Alfredo Bertini, diretor do festival.

"Notamos que cerimônia de premiação não costuma atrair grande público e jáestávamos procurando alternativas para isso". Mesmo com o espaço reduzido de 2.500 para 900 poltronas, o encerramento no São Luiz não será apenas para convidados, mas para o público que retirar convites limitados ao longo do evento. Para a ocasião (um domingo à noite), Bertini pretende definir com a Prefeitura do Recife um plano para isolamento da área para estacionar carros e estender o tapete vermelho.

Ano passado, a presença do cineasta greco-francês Constantin Costa-Gavras e seu novo filme A oeste do Éden atraiu olhares de todo o Brasil. Agora o foco está na Itália, que está em alta no panorama mundial de filmes, além de ser país de origem da família Bertini. "2011 será o ano da Itália no Brasil e embaixadas, consulados e a Câmara do Comércio Brasil-Itália estão interessados em antecipar uma parceria com o Nordeste", diz o produtor.

É certa para esta edição do evento uma mostra especial com filmes do novo cinema italiano. Não se sabe se o convidado de honra que abrirá o evento será um ator, atriz ou diretor. Difícil é não especular. Bertolucci ou Morelli, Scola ou Tornatore, Sophia Loren ou La Cardinale? "Roberto Benigni era sério candidato, mas é comunista de carterinha e não participa de eventos com marcas privadas", diz Bertini.

Tudo estará definido no início de abril, quando uma coletiva de imprensa anunciará os filmes das mostras competitivas, selecionados entre mais de 60 longas e 400 curta-metragens inscritos até segunda-feira passada. De olho no ibope gerado pela Copa do Mundo, Bertini (que é membro da diretoria do Sport Clube) também prepara mostra especial sobre futebol.

A Fundação Joaquim Nabuco continua a abrigar os workshops, que este ano são três: roteiro cinematográfico com Di Moretti, produção com Chris Rodrigues e elaboração projetos culturais, com o advogado Fabio de Sá Cesnik. As inscrições estão abertas, com vagas limitadas. As oficinas serão nas manhãs de 26 a 30 de abril e custam R$ 120.

(Diario de Pernambuco, 09/02/2010)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Devir lança "Bad Boy", de Frank Miller e Simon Bisley


O livro tem 48 páginas em papel couché colorido. Preço sugerido: R$ 23

A Devir acaba de lançar Bad Boy, novo trabalho de Frank Miller com desenhos de Simon Bisley.

A história foi publicada originalmente em capítulos, numa revista britânica.

Afeito a distopias, Miller coloca um garoto fujão (Jason) como peça essencial para os planos de um conglomerado médico totalitário que controla corpos e mentes humanas.

Eles precisam de algo importante que está na mente de Jason e tentam prendê-lo numa falsa realidade em que os pais programados são parte da ilusão. Do seu lado, Jason tem um gato geneticamente aprimorado (Adolf) e uma garotinha (Rachel).

A trama, repleta de cyber seres, não se esforça para explicar muito. Será Jason é mesmo um garoto?

O componente sexual é forte e aqui temos mais duas mulheres fatais para o rol de criações de Miller. O garoto também adora fumar e essa é apenas uma das atitudes politicamente incorretas contidas na HQ.


Desenho de Miller (o único do livro) lembra os bons tempos de Sin City

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Novo capítulo para o livro de fábulas de Wes Anderson



Com uma filmografia relativamente curta, Wes Anderson consolidou marca própria em filmes protagonizados por seres esquisitos e sonhadores, capazes agregar pessoas ao redor a viver situações absurdas. Em O fantástico Senhor Raposo (Fantastic Mr. Fox, EUA, 2009), ele reafirma essa disposição e radicaliza na linguagem dos desenhos animados. Com uma gama de situações típicas, como choques que acendem o esqueleto e olhos estrelados após uma pancada, seu primeiro filme com bonecos é viagem das boas. E também um novo capítulo no livro de fábulas que o diretor de A vida marinha com Steve Zissou e Viagem a Darjeeling vem compondo com obras estranhas e fascinantes.

Nosso protagonista é o Sr. Raposo (voz de George Clooney), chefe de família que ganha a vida como colunista de jornal, mas não quer deixar de ser raposa e invade o galinheiro dos vizinho. Esposa (Maryl Streep) e amigos - um texugo advogado (Bill Murray) e uma toupeira (Wallace Wolodarsky) - tentam conter Raposo, mas a chegada do talentoso sobrinho Kristofferson (Eric Anderson) instiga ainda mais seu instinto animal.

A primeira sequência de golpes é bem-sucedida e abastece a despensa da família com defumados e garrafas de Sidra. A resposta imediata dos fazendeiros lesados obriga a turma a escapar por baixo, em túneis que desenham um esquema / mundo paralelo regido por raposas, toupeiras, ratos e gambás. A situação descamba para um grande saque de alimentos em sequência festiva ao som de banda caipira, que sintetiza o espírito anárquico do filme.

O casting de vozes se completa com Owen Wilson, Willem Dafoe, Jason Schwartzman e Adrien Brody. Indicado ao Oscar de melhor animação, Mr. Fox está no Recife via Sessão de Arte (hoje às 12h10 no UCI Plaza e amanhã às 19h30 no Tacaruna). Merece aplauso o fato da cópia ser legendada, coisa rara para animações. O público agradece: aqui o som original faz toda a diferença. E diferente é uma ótima palavra para definir O fantástico Senhor Raposo, um elogio àqueles que destoam felizes num mundo cada vez mais padronizado e artificial.

(Diario de Pernambuco, 07/02/2010)

Visibilidade para o rock instrumental


A Banda de Joseph Tourton


Anjo Gabriel

O rock instrumental está em alta. No Recife, bandas se organizam em palcos e estúdios. Ao longo deste ano, Wassab, Ska Maria Pastora e Anjo Gabriel lançam álbuns de estreia. O mesmo vale para Radistae e A Banda de Joseph Tourton, que abrem a programação do Rec Beat no sábado e domingo de carnaval. Elas reforçam o cenário formado por grupos de composições próprias, jovens e veteranos, como Rivotrill, Monodecks, A Roda, Tonami Dub, Chambaril, Monstro Amor, Treminhão, Variant TL e Kastarrara.

O fato de optarem pelo instrumental nada tem a ver com a suposta falta de bons vocalistas em Pernambuco. Base segura para soltar a veia criativa, bandas de pop instrumental sempre existiram. A diferença é que agora elas estão mais visíveis. A ascensão do formato tem a ver com o surgimento de produtores dispostos, um circuito de festivais antenado e a consequente formação de público para esse tipo de som.

A nova cena local acompanha uma tendência nacional, formada por Hurtmold, Elma, SãoPaulo Underground, Dead Rocks e Guizado, todos de São Paulo. Macaco Bong (MG), Pata de Elefante (RS), Retrofoguetes (BA), Burro Morto (PB) e Camarones Orquestra Guitarrística (RN) dão a entender que não se trata de um fenômeno regional. A unidade entre elas não está exatamente no estilo, distinto, mas na disposição em investir num formato que, apesar de soar estranho aos ouvidos do grande público, vem se afirmando como um dos mais criativos da música brasileira.

Leo Antunes, produtor do Radistae, vê na movimentação um bom momento para a música local. "Nunca parei para pensar se é tendência ou coincidência. O bacana é que essas bandas deixam o altar da música instrumental tradicional, erudita e de difícil compreensão, para chegar na diversidade de gêneros musicais mais comuns ao nosso cotidiano".

Nos últimos anos, Antunes promoveu shows com bandas instrumentais e espera promover o encontro da Radistae com a Variant TL. Ele diz que é mais difícil manter o público atento num show de 40 minutos, mas enumera vantagens de uma banda sem vocalista. "Sem a poesia do texto, elas são mais livres para fazer o que quiserem. Outra coisa é que a atenção é dedicada igualmente a todos os músicos. Vocalistas tendem a concentrar a atenção do público só neles".


Wassab

Há poucos meses o percussionista Gilú, da Orquestra Contemporânea de Olinda, fundou o Wassab, de olho no mercado de trilhas sonoras e produtos afins. Entusiasta do som instrumental, ele ainda quer criar um festival exclusivo para agregar bandas dessa vertente. "A gente fica mais solto para explorar o máximo possível. Com um vocalista temos que seguir uma linha melódica específica".

Jarmeson de Lima, do Coquetel Molotov, diz que a tendência é bem-vinda, apesar de poucos artistas investirem no formato como atividade principal. "A maioria são projetos paralelos, para mostrar algo diferente do que já estão fazendo". E ressalta a importância dos festivais para o atual cenário. "Uma coisa alimenta a outra. Quando começamos, não era tão fácil encontrar bandas de rock instrumental.Com mais espaço eles tiveram como se organizar. Hoje, a repercussão é maior".

As supernovas

Anjo Gabriel - Rock experimental, com músicas de longas tocadas com intrumentos obscuros, nos moldes dos grupos psicodélicos e do rock progressivo dos anos 60 e 70. Puristas, utilizaram equipamento analógico na gravação e mixagem do primeiro álbum, que será lançado no suporte CD e disco de vinil duplo, prensado numa fábrica da República Tcheca. "O computador nunca chegaria no timbre característico para o som que a gente quer", diz Marco da Lata (baixo e voz). Completam o grupo André Sette (teclados, harmonium e theremin), Cristiano Nascimento (violão, guitarra e voz) e Junior do Jarro (bateria e percurssão).

A Banda de Joseph Tourton - Grupo jovem e sintonizado com a vertente do rock contemporâneo, que experimenta e vai direto ao assunto. Formado por Diogo Guedes (guitarra e efeitos), Gabriel Izidoro (guitarra, escaleta e flauta transversal), Rafael Gadelha (baixo) e Pedro Bandeira (bateria), o grupo tem uma sonoridade que lembra Mogwai, Tortoise e Explosions in the Sky.

Radistae - O grupo de surf music é inspirado em The Pops, The Ventures, Dick Dale e Big Lazy, mas também flerta com ritmos caribenhos. O nome da banda, formada por Gabriel Melo (guitarra), Yuri Queiroga (guitarra), Chico Tchê (baixo) e Pernalonga (bateria), evoca o point preferido dos surfistas em Olinda, antes da construção dos diques na orla da cidade.

Wassab - Inspirada no "avant-groove" de Medeski Martin & Wood e na fase instrumental dos Beastie Boys, o power trio surgiu ano passado, em Olinda. Seu primeiro CD está pronto e deve chegar depois do carnaval. A banda surgiu quando Gilú (bateria) convocou Juliano Hollanda (guitarra) e os dois chamaram Hugo Lins (baixo). Os três são produtores e compositores e o que era um projeto pessoal se tornou coletivo.

(Diario de Pernambuco, 07/02/2010)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Na expectativa para assistir "A fita branca", de Michael Haneke



Estreia na sexta seguinte ao Carnaval, no Cinema da Fundação.

Do Fundo do Baú 2 >> Los Três Amigos



Para ler, clique na imagem.

Do Fundo do Baú 1 >> Life in Hell



Revirando papéis antigos, encontrei página da Folha de São Paulo com HQ antiga e muito bacana de Matt Groening.

Antes de criar os Simpsons, ele era conhecido por Life in Hell, que começou em 1977 no formato revista em quadrinhos independente.

A história acima é de 1986, um ano antes da criação dos Simpsons.

A ideia inicial era transpor Life in Hell para desenho animado, mas para não rescindir dos direitos de publicação do material produzido até então, ele criou outro universo de personagens para o desenho.

Para ler a HQ em tamanho maior, clique no desenho.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Estreias e roteiro da semana nos cinemas do Recife

Amor extremo, Diário de Sintra, Guerra ao terror, Nova York, eu te amo,High School Musical o desafio, e Premonição 4 são as estreias da semana.

O fantástico Senhor Raposo, de Wes Anderson, está na Sessão de Arte (hoje e amanhã no Boa Vista; domingo no Plaza). É o único candidato ao Oscar de melhor animação em cartaz.

Outro indicado ao Oscar ,Preciosa - Uma história de esperança, continua em regime de pré-estreia.

O homem que engarrafava nuvens , de Lírio Ferreira, também no Cine São Luiz. Mas atenção para os horários, pois o longa divide a programação com Lula - o filho do Brasil, às 16h15. A programação vale até a próxima terça-feira, pois o São Luiz fechará no período do carnaval e só voltará no dia 19 (sexta-feira).

De hoje a domingo, o Cinema Apolo (Recife Antigo) exibe Abraços partidos, de Pedro Almodóvar. De segunda a quarta, o filme vai para o Cinema do Parque (Boa Vista) e o Apolo entra com Julie & Julia.

Programação completa aqui.

O fantástico Senhor Raposo no circuito Sessão de Arte



Indicado ao Oscar de melhor animação, O fantástico Senhor Raposo é uma fábula moderna sobre a importância de preservar os instintos num mundo cada vez mais domesticado. Conta a história de uma raposa que rouba galinhas e outras comidas, o que desperta a ira dos vizinhos humanos dispostos a tudo para capturá-la.

Baseado no livro de Roald Dahl - o mesmo autor da Fantástica fábrica de chocolate, o filme retoma a atmosfera estranha e fascinante dos filmes de Wes Anderson (Viagem a Darjeeling, A vida marinha com Stevie Zissou), que pela primeira vez dirige uma animação stop motion, com bonecos no lugar de atores. A cópia em cartaz na Sessão de Arte da Severiano Ribeiro é legendada, o que preserva as vozes originais de George Clooney, Bill Murray, Meryl Streep, Owen Wilson, Jason Schwartzman, Willem Dafoe e do próprio Anderson. A trilha sonora é um atrativo a mais para uma experiência cativante.

(Diario de Pernambuco, 05/02/2010)

Um cine-poema para Glauber Rocha



Para evitar o esquecimento, inventa-se a memória. Diario de Sintra (Brasil, 2009), de Paula Gaitán, transmuta o passado em arte presente. Que o público não espere um documentário. O registro visual e sonoro da última viagem com o marido Glauber Rocha é trampolim para outra jornada, igualmente pessoal, mas distinta. O longa, que entra em cartaz hoje no Cinema da Fundação, evoca mais do que homenageia, versa mais do que explica os derradeiros momentos do cineasta.

Vinte e seis anos separam 1981 de 2007, quando Paula refez o percurso que levou Glauber e família ao autoexílio na pequena cidade lusa de Sintra, onde o cineasta esperava se recuperar da saúde. Tempo suficiente para que lembranças se percam no labirinto da memória. Numa árvore de galhos secos, pendura fotos da época. Entre idas e vindas, ela promove um funeral simbólico em Monsanto, referência imediata ao Monte Santo de Deus e Diabo na terra do sol. A banda sonora tem papel tão importante quando a imagem, fotografada por Paula e Pedro Urano. A montagem provoca sensação afinada com o bucolismo dos caminhos lusos.

"Parto do esquecimento para falar de memória", disse Paula, na pré-estreia de seu filme, terça última. O material recriado dá a entender que, após 26 anos, a autora fez as pazes com o passado fazendo um cinema de libertação, que costura tempo próprio, extraído dos grãos de película, de fotogramas envelhecidos e frames do suporte digital. "Não quero tratar de fatos históricos. Faço percurso de reconhecimento, não linear, fragmentado. É minha tentativa de ver nessas imagens algo mais, de descobrir seu segredo".

Após a sessão, críticos e diretores de cinema dividiram seu entusiasmo. "Eu adoro esse filme. É cinema de risco, ninguém sai incólume. Uma pérola de sensibilidade. As pessoas classificam o cinema brasileiro de um jeito ou de outro e Paula numa contramão absurda, de novas apreensões, como poucos conseguem fazer no Brasil", disse Lírio Ferreira. "É um poema escrito em linguagem audiovisual. O filme é dela,mas ali está o espírito de Glauber. Ele recorre ao espírito épico para abordar uma pessoa que viveu uma espécie de epopeia, mas como um anti-herói ", disse Celso Marconi.

"Ela construiu filme pessoal, plástico, bonito e emocionante. Não é um filme sobre Glauber, mas sobre uma mulher que vai em busca de uma memória perdida. É uma ode à saudade do homem com quem ela viveu", disse Marcelo Gomes, que encontra no filme de Paula paralelos com seu último longa (com Karim Ainouz) Viajo porque preciso, volto porque te amo. "Os dois tratam de viagem e deslocamento, com personagens tentando ressignificar o sentimento que tem por outra pessoa e uma observação do mundo muito particular".

Em tempo: o Cineclube Dissenso aproveita a ocasião e exibe amanhã, às 14h, dois outros filmes de Gaitán: o curta Kogi e o longa Vida. Entrada franca.

(Diario de Pernambuco, 05/02/2010)
* com acréscimos

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Recife em dívida com o Oscar


Guerra ao terror entra hoje, mas e os irmãos Coen?

Avatar, Preciosa, Nine, Sherlock Holmes e Amor sem escalas continuam disponíveis nos cinemas da cidade. Invictus (melhor ator principal - Morgan Freeman e coadjuvante - Matt Damon) também. Ano passado, Distrito 9, Up - altas aventuras, Bastardos inglórios, Star trek e Julie & Julia tiveram temporada garantida. E os demais filmes indicados ao Oscar, quando poderão ser vistos nos nossos cinemas?

Como num passe de mágica, a revelação dos oscarizáveis colocou na pauta do circuito comercial brasileiro filmes até então ignorados. Com nove indicações, Guerra ao terror estreia amanhã e é o exemplo mais gritante: após lançar versão em DVD, a Imagem Filmes, que distribui o longa de Kathryn Bigelow no Brasil, entra nos cinemas.

Os demais indicados a prêmios principais entram após o carnaval, a maioria somente no eixo Rio - São Paulo: Educação (melhor filme, atriz principal - Carey Mulligan e roteiro adaptado - Nick Hornby), de Lone Scherfig; Um homem sério (melhor filme e roteiro adaptado), dos irmãos Coen; Um sonho possível (melhor filme e atriz principal - Sandra Bullock), de John Lee Hancock; Crazy heart (melhor ator principal - Jeff Bridges, melhor atriz coadjuvante - Maggie Myllenhaal, melhor canção), de Scott Cooper, The messenger (melhor ator coadjuvante - Woody Harelson, melhor roteiro original), de Oren Moverman; Um olhar do paraíso (melhor ator coadjuvante - Stanley Tucci), de Peter Jackson; O imaginário do Dr. Parnassus (melhor direção de arte e figurino), de Terry Gilliam.

Mas a "magia" do Oscar parece não fazer diferença para o circuito local. Da lista acima, o Recife assistirá Guerra ao terror e Um olhar do paraíso, marcado para o próximo dia 19. Os demais não têm data definida. Não por má vontade dos exibidores, mas pelo baixo número de cópias disponibilizadas pelas distribuidoras, que prefere investir no mercado do Sudeste.

Entre os indicados a melhor filme estrangeiro, temos a felicidade de contar com A fita branca, de Michael Haneke, que entra dia 19 no Cinema da Fundação, mesma casa que ano passado exibiu outro concorrente, La teta asustada, de Claudia Llosa.

A única categoria em que todos os indicados foram exibidos no Recife é a de melhor animação: Coraline, A princesa e o sapo, O segredo de Kells (exibido no Festival de Cinema Infantil), Up - altas aventuras e O fantástico Sr. Raposo, de Wes Anderson, que entra amanhã na Sessão de Arte do Boa Vista e domingo vai pro Kinoplex Casa Forte.

Box 3D volta a funcionar na próxima terça

É só um fim de semana. A previsão é que até terça-feira a sala 5 do Box Guararapes volte a funcionar com projeção 3D. E com Avatar em horário cheio, para alívio de quem não conseguiu cadeira ao longo das férias. Não fosse a pane no equipamento (espelho refletor quebrado), os "smurfs" gigantes de Cameron teriam que dividir espaço com Premonição 4 (entra amanhã em 2D). A Playarte, que distribui Premonição no Brasil, vinha adiando a estreia porque não dava pra concorrer com o preferido do Oscar. Resta saber se a agenda de lançamentos será mexida após a premiação, no dia 7 de março.

Avatar 3D volta inclusive em cópia legendada às 21h, sessão inviabilizada desde sexta porque o arquivo estava corrompido. Rosa Maria Vicente, diretora de programação e marketing do Box Cinemas, diz que já fez contato com a distribuidora e ela vai mandar outro HD com a cópia legendada. "Por experiência na Europa, sabíamos que salas 3D costumam dar problema. É um equipamento muito novo e ainda estamos aprendendo a lidar com ele", diz Rosa, que garante que o longa de Cameron fica na programação do Guararapes enquanto houver interesse do público. Ainda que dividindo a grade com Toy story 1 e 2, que agora voltam em 3D.

Para o público (cerca de 200 pessoas) que comprou ingressos antecipados para este fim de semana, a orientação é que os guardem para trocar nas próximas sessões ou procure a adminstração do cinema para receber o dinheiro de volta. "A prioridade será para essas pessoas", diz Déricles Aguiar, gerente do Box Guararapes.


Agenda de lançamentos em 3D no Brasil
* nos próximos seis meses

23/02 - Toy story 1 (Disney / Pixar)
05/03 - Toy story 2 (Disney / Pixar)
26/03 - Como treinar seu dragão (Dreamworks / Paramount)
23/04 - Alice (Disney)
Abril - Xgames (Disney)
Maio - A bela e a fera (Disney)
Junho - Toy story 3 (Disney)
Julho - Shrek forever after
(Dreamworks / Paramount)
Agosto - Meu malvado favorito (Universal), The hole (Imagem) e Piranha (Imagem)

(Diario de Pernambuco, 05/02/2010)