sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Lobisomem proibido para menores



Não há como negar a expectativa em torno de um remake do clássico O Lobisomem (1941) estrelado por Benício Del Toro e Anthony Hopkins, sob a batuta do diretor Joe Johnston (Rocketeer, Jumanji).

Outros seres das trevas encontraram suporte na literatura, como o Drácula de Bram Stoker e Frankenstein de Mary Shelley, mas aqui temos o próprio cinema como referência. No filme original, Lawrence Talbot (Lon Chaney, no papel que marcou sua vida), volta para a pequena vila inglesa em que nasceu para investigar o assassinato de seu irmão, quando um lobisomem (Bela Lugosi) o morde e passa a maldição para ele.

A releitura de 2010 preserva o embate entre natureza animal e sociedade repressora, mas amplifica a violência a tal ponto que o longa está proibido para menores de 18 anos. O drama de Talbot (Del Toro, desperdiçado) continua lá, no meio de uma carnificina explícita (cabeças decepadas, tripas espalhadas) e trilha sonora de um Danny Elfman no piloto automático.

Se o filme começa bem, provocando suspense em torno do monstro que se movimenta mais rápido do que os golpes, descamba para situações esquisitas a ponto de terminar como se fosse comercial de Prestobarba. A Londres vitoriana em que Talbot é trancado no hospício por licantropia (o distúrbio psiquiátrico) usa paleta de cores próxima à de Sherlock Holmes. O papel do pai, Sir John Talbot (Hopkins, evocando os bons tempos de "Canibal" Lecter), é ampliado a ponto de ser elemento determinante numa trama cujos desdobramentos sheakspeareanos interessam mais como argumento que como realização.

Geraldine Chaplin, no papel da cigana que tenta ajudar, e Hugo Weaving (Agent Smith, de Matrix), como o agente da Scotland Yard encarregado de resolver os crimes, rendem momentos que salvam o filme da chatice completa. Fora a involuntária homenagem ao videoclipe de Michael Jackson e à inusitada volta de Hopkins aos banquetes de carne humana.

(Diario de Pernambuco, 12/02/2010)

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