quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Garanhuns Jazz & Blues Festival recebe Azymuth



Das atrações escaladas para o Garanhuns Jazz & Blues Festival, o trio de brazilian jazz Azymuth é certamente a de maior alcance mundial. Em 40 anos de carreira, o grupo de José Roberto Bertrami (teclados), Alex Malheiros (baixo) e Ivan Conti (bateria) fez público nos EUA, Japão e países da Europa. Nesse sentido, o Azymuth é mais internacional do que todos os gringos da programação. O show da Azymuth será no domingo, segunda noite do evento.

Baterista experiente (tocou e gravou com Bethânia, Vinicius, Tom Jobim, Elis Regina Raul Seixas e estrelas do jazz como Ron Carter, Dizzy Gillespie e Wayne Shorter), Conti esteve várias vezes em Pernambuco acompanhando artistas como Gal Costa, Leila Pinheiro e Stanley Jordan. Com sua banda, no entanto, faz a terceira visita - a primeira foi durante o Festival de Inverno, a convite de Toinho Alves, e a segunda num festival do litoral sul. "Será um prazer tocar em Garanhuns novamente", diz Conti, que no meio musical atende pelo apelido de Mamão.

O repertório do show passa a limpo a obra do Azymuth e seu estilo que parte dos ritmos norte-americanos como jazz e funk para fazer música brasileira. São 38 álbuns de estúdio, o último se chama Butterfly e o novo, ainda sem nome, será lançado em abril. Visões do carnaval depuradas pelo jazz estão incluidas. "Tá tudo dentro do contexto. Vamos fazer brincadeiras com samba. Temos uma música, Jazz carnival, em que toco pandeiro. Outra se chama O que que você vai fazer nesse carnaval?", antecipa Mamão.

De escola jazzística, Mamão diz que música brasileira e norte-americana é uma combinação imbatível. "Acredito que jazz, rock e samba são os elementos mais fortes, pois têm versatilidade rítmica e harmônica acoplados e trazem um entrosamento muito grande. Essa troca de ritmos é muito importante, principalmente para o jazz brasileiro, que é riquíssimo em todos os sentidos. Essa fusão é importante e os EUA e Europa respeitam muito".

O encontro de Bertrami, Malheiros e Mamão se deu em 1970, quando se juntaram sob o nome "Seleção" para fazer o show de abertura da casa de shows Canecão, no Rio de Janeiro. O trio foi batizado Azymuth em 1973, quando participou da trilha sonora do documentário O fabuloso Fittipaldi, de Roberto Farias. Na linguagem de estúdio, azimute é o ângulo formado pela fita magnética em relação à cabeça de gravação ou de reprodução sonora.

"Era o nome de uma das músicas compostas por Marcos Valle, que nos convidou para tocar. Nós tocamos essa música tantas vezes que ficamos marcados pelo nome e pedimos para Marcos ceder o nome e ser nosso padrinho". Nessa mesma época, Mamão participou das gravações do primeiro álbum solo de Raul Seixas, Krig-Há Bandolo. "Fui o primeiro baterista a gravar com o Raul. No fim dos anos 60 eu tocava no grupo de rock Youngsters, o Raul gostou da onda e nos chamou".

O prestígio da Azymuth em terras estrangeiras começou a crescer em 1977, quando se tornou o primeiro grupo brasileiro a tocar no Festival de Montreux. No ano seguinte, Flora Purin e Airto Moreira fizeram uma turnê nos Estados Unidos e gravaram uma faixa para o álbum de Ella Fitzgerald. Anos mais tarde foram morar nos EUA, onde lançaram vários discos que não saíram no Brasil, pela Milestone Records. Mamão diz que o Azymuth só não é mais famoso no Brasil por falta de divulgação nas rádios. "Quando a gente toca na rua as pessoas ficam inebriadas. Lá fora é mais aberto, tem estações que tocam nossa música. Precisamos dar mais oportunidade para o público descobrir esse material".

(Diario de Pernambuco, 11/02/2010)

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