domingo, 7 de fevereiro de 2010
Novo capítulo para o livro de fábulas de Wes Anderson
Com uma filmografia relativamente curta, Wes Anderson consolidou marca própria em filmes protagonizados por seres esquisitos e sonhadores, capazes agregar pessoas ao redor a viver situações absurdas. Em O fantástico Senhor Raposo (Fantastic Mr. Fox, EUA, 2009), ele reafirma essa disposição e radicaliza na linguagem dos desenhos animados. Com uma gama de situações típicas, como choques que acendem o esqueleto e olhos estrelados após uma pancada, seu primeiro filme com bonecos é viagem das boas. E também um novo capítulo no livro de fábulas que o diretor de A vida marinha com Steve Zissou e Viagem a Darjeeling vem compondo com obras estranhas e fascinantes.
Nosso protagonista é o Sr. Raposo (voz de George Clooney), chefe de família que ganha a vida como colunista de jornal, mas não quer deixar de ser raposa e invade o galinheiro dos vizinho. Esposa (Maryl Streep) e amigos - um texugo advogado (Bill Murray) e uma toupeira (Wallace Wolodarsky) - tentam conter Raposo, mas a chegada do talentoso sobrinho Kristofferson (Eric Anderson) instiga ainda mais seu instinto animal.
A primeira sequência de golpes é bem-sucedida e abastece a despensa da família com defumados e garrafas de Sidra. A resposta imediata dos fazendeiros lesados obriga a turma a escapar por baixo, em túneis que desenham um esquema / mundo paralelo regido por raposas, toupeiras, ratos e gambás. A situação descamba para um grande saque de alimentos em sequência festiva ao som de banda caipira, que sintetiza o espírito anárquico do filme.
O casting de vozes se completa com Owen Wilson, Willem Dafoe, Jason Schwartzman e Adrien Brody. Indicado ao Oscar de melhor animação, Mr. Fox está no Recife via Sessão de Arte (hoje às 12h10 no UCI Plaza e amanhã às 19h30 no Tacaruna). Merece aplauso o fato da cópia ser legendada, coisa rara para animações. O público agradece: aqui o som original faz toda a diferença. E diferente é uma ótima palavra para definir O fantástico Senhor Raposo, um elogio àqueles que destoam felizes num mundo cada vez mais padronizado e artificial.
(Diario de Pernambuco, 07/02/2010)
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