segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Maria Gadú em Maracaípe - como foi



Tarde de sábado em Maracaípe. O sol já caía junto aos coqueiros quando a cantora Maria Gadú adentrou o palco montado ao lado do disputado Bar do Marcão. A espera, em torno de uma hora e meia, foi aos poucos sendo esquecida pelos banhistas, que sentados aguardaram e assim permaneceram na primeira metade do show, o último do projeto de verão Vivo na Areia. A música foi ouvida também nos arredores, onde foram montados estandes para venda de aparelhos celulares, massagens grátis e equipamento para esportes de praia.

Por cerca de uma hora, num palco pequeno e potente, Gadú mandou bem com canções próprias e de outros compositores. O clima de luau foi rompido quando a cantora tirou os óculos escuros, colocou boné e investiu no repertório roqueiro. Com a plateia de pé, ela cantou uma canção de Alanis Morrisette, com mais propriedade do que a própria faria hoje. A versão para Lanterna dos afogados, dos Paralamas do Sucesso, rendeu outro momento bom. Sua banda flui.

Conhecida por músicas veiculadas em novelas e minisséries, ela faz música brasileira de pegada rock'n'roll, arranjos de blues e uma pitada de samba antigo. Impressiona a semelhança vocal com Marisa Monte (influência declarada). Mas seu desejo consciente parece ser o de ocupar o espaço vazio ocasionado pela morte de Eller, até hoje vago. A começar pelo formato próximo ao Acústico MTV do show, com direito a versões para um clássico da música popular francesa, Ne me quitte pas.

O visual andrógino e atitude despojada também estão no palco - ela fuma, bebe cerveja na lata e nem tocou na água mineral. Gadú não usa All Star azul, mas um Adidas bem parecido. E tem seu próprio parceiro/compositor, Leandro Leo, fofinho demais para ser Nando Reis.

É como se uma começasse onde a outra (Cássia Eller) parou, com o aval do público e tudo o mais. Só que para chegar onde chegou, Eller enfrentou duas décadas de showbiz. Gadú, com apenas 23 anos, parece ter nascido pronta. Há nela algo de formulaico, e quem sabe por isso, acessível. Cabe ao tempo confirmar o que será. Revelação da nova MPB? As pessoas adoraram.

* o repórter viajou a Maracaípe à convite da Vivo.

(Diario de Pernambuco, 22/02/2010)

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