quinta-feira, 2 de julho de 2009

Rolling Stones como você nunca viu


Os Stones em Copenhague, minutos antes da coletiva de imprensa da primeira turnê européia

Parece incrível, mas uma vasta coleção de fotografias dos Rolling Stones permaneceu praticamente desconhecida por exatas quatro décadas. São mais de 300 imagens do famoso grupo inglês, clicadas entre os anos 1965 e 66 por Bent Hej.

Publicado originalmente em 2006, o livro Rolling Stones - o começo, chega ao Brasil em luxuosa edição da Larousse. São 320 páginas que mostram Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Bill Wyman e Charlie Watts durante a primeira turnê pela Escandinávia e países da Europa. Naquele momento, o fotógrafo era considerado pelos músicos como se fosse da família.

Foi uma amizade curta que, alega o autor, terminou por conta da excessiva quantidade de drogas que a banda começava a consumir. O "saldo" dessa convivência revela o grupo em ação no palco, bastidores e desinibidas comemorações, além de flagrantes nos aeroportos, hotéis e na casa de cada um.

Hej foi apresentado à banda numa coletiva de imprensa em 25 de março de 1965, noRoyal Hotel de Copenhague. Ele era conhecido dos empresários, pois trabalhava num dos maiores jornais da Dinamarca, e havia se especializado em fotografar astros pop que visitavam o país - seu primeiro trabalho foi com os Beatles. Naquela época, os Stones já acumulavam três compactos no topo da parada britânica, já haviam tocado em todo o Reino Unido, e voltado da segunda turnê norte-americana. Eles estavam prestes a saltar do posto de "famosos da vez" para o Olimpo da cultura pop e essa transição fica evidente ao longo do livro.

Sempre presente, o texto de Hej contextualiza cada foto em seu tempo/espaço. Há minibiografias de cada artista, mas o todo pode ser entendido como fosse um diário de bordo. Ele conta que, durante a turnê pela Escandinávia, as drogas mais pesadas usadas pelo grupo eram doses de uísque com coca-cola, combinação bastante em voga na época. Na volta, Brian Jones, compositor, guitarrista e fundador da banda (a ideia do nome Rolling Stones é atribuída a ele), se hospedou na casa de Hej, o que gerou a primeira sessão de fotos individuais, seguida por Watts, Wyman e Richards, que escolheu ser fotografado em um quarto de hotel do que na própria casa.

De todos, Jagger foi o único que recusou o convite, por acreditar que um artista popular não deveria abrir mão da privacidade, mas topou quando percebeu que o projeto poderia render algum dinheiro para o fotógrafo. Nas fotos, ao lado de móveis e carros novos, fica clara a ascensão financeira que os Stones viviam. Jagger é o que melhor administra a sua figura, no que parece ser uma vocação natural, já que os demais, iniciantes, estão claramente pouco à vontade.


Dinamarquês Bent Hej hoje mora no sul da França e se dedica a fotografar plantas

No ano seguinte, convocado por uma revista alemã, Hej registrou a histeria nos shows dos Stones em Berlim, principalmente quando canção-ícone Satisfaction foi tocada. Estava claro: ali nascia a lenda. Nos bastidores, Haj flagra uma falsa queda de braço entre Jagger e Jones, uma brincadeira que de certa forma ilustra uma fissura que culminaria em junho de 1969, na saída de Jones. Menos de 30 dias depois, ele seria encontrado afogado na piscina de sua casa, em circunstâncias até hoje pouco esclarecidas.

Em 1970, um novo e derradeiro encontro entre o grupo (já com o novo guitarrista, Mick Taylor), revela uma postura bem mais confiante perante o público e as câmeras. Um epílogo e tanto, inclusive para a carreira de Hej, que deixou o universo rocker de lado para se dedicar a outros temas da fotografia.

Em 2004, no entanto, Hej mostrou o material guardado no armário ao baixista Bill Wyman, que o encorajou a publicar. "Fiquei sem palavras. Não tinha a menor ideia de que ele houvesse fotografado tanto, nem tempouco tinha uma referência da envergadura desse trabalho. Até aquele momento de nossa carreira, nenhum fotógrafo havia tido acesso aos Stones como Bent. Ele estava ali, num momento crucial da nossa vida, como nenhum outro fotógrafo esteve antes ou depois. E é essa proximidade que confere singularidade às fotografias de Bent", escreve Wyman, no prefácio deste obra tão superlativa quanto a maior, maislongeva - e fotografada - banda do planeta.

Serviço
Rolling Stones - o começo (Larousse do Brasil)
Preço: R$ 180

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