segunda-feira, 20 de julho de 2009
Arnaldo Antunes na UFPE: espaço ideal
Finalmente Arnaldo Antunes encontrou local apropriado para mostrar seu Ao vivo no estúdio para o Recife. Desde que começou a turnê, há dois anos, suas passagens pela cidade foram notáveis, porém, incompletas. Mesmo que a presença do ex-titã seja um convite para dançar e cantar junto, este é um show para assistir sentado, com olhos e ouvidos abertos. No palco do Teatro da UFPE, onde esteve sábado à noite, Antunes teve a estrutura de luz e som que precisava para apresentar a versão completa, nos moldes do gravado em DVD. Por isso, não importa quantas vezes o show passou pelo Recife. E muito menos que, antes e depois, seja nessário assistir a um comercial de biscoito.
No repertório composto quase que totalmente por canções de Saiba e Qualquer, os dois últimos álbuns de estúdio, não houve novidades. Para quem assistiu aos shows anteriores, o grande barato foi curtir o conceito visual do projeto, que investe em jogos de luzes laterais e sombras, muitas sombras projetadas num telão, atrás da banda, e sobre a própria banda, formada por Marcelo Jeneci (teclado, acordeon eefeitos eletrônicos), Chico Salem e Betão Aguiar (violão e guitarras).
Poucos movimentos agressivos restaram do tempo em que Arnaldo usava cabelo arrepiado e batia a cabeça ao som de AA-UU e Bichos escrotos. Vinte e cinco anos depois, sua desconstrução da estética punk parece ter chegado ao máximo. Pois se reinventa em canções de ninar e bossas de ruídos estranhos e aura tranquila.
Do disco novo (Iê, Iê, Iê, em que divide composições com Ortinho e Edgard Scandurra), Arnaldo apresentou somente uma música, Longe. Do tempo dos Titãs, cantou O quê, Não vou me adaptar e O pulso, todas com novos arranjos. Da primeira fase solo, vieram à tona O silêncio em versão forró e Judiaria em arranjo soft.
A passagem pelo Recife é também um pit-stop para a participação especial que Antunes fará no show de Nação Zumbi na próxima quinta-feira, em Garanhuns. Ao lado de Edgard Scandurra e Bnegão, eles comemoram os 15 anos do álbum Da lama ao caos. Por isso, é provável que a música Inclassificáveis, gravada por Chico Science e Antunes em 1996, faça parte do tributo.
(Diario de Pernambuco, 20/07/09)
* com alterações e acréscimos
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Um comentário:
não estava em recife, mas me lembrei...
janaina
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