domingo, 19 de julho de 2009

Pólo Cinematográfico de Paulínia // Cinema forjado a barris de petróleo



Paulínia, uma pequena, jovem e milionária cidade do interior paulista, caminha a passos largos para ser o maior centro de produção audiovisual do país. Cinema forjado a barris de petróleo da Replan, refinaria da Petrobras instalada ali há quase 40 anos. A grande produção de barris rende cerca de R$ 10 bilhões em impostos. Uma fatia desse bolo possibilita o investimento, surreal para o padrão do país. Somente o festival custa R$ 8 milhões (são 650 mil em prêmios). Assim que ficar pronto, o Polo Cinematográfico de Paulínia terá custado a bagatela de R$ 100 milhões.

Cientes de que não basta investir somente em estrutura, a secretaria de cultura municipal, gestora do polo, traçou uma estratégia irresistível para atrair produtoras e artistas: construiu escolas para formação de mão de obra, disponibiliza estúdios a 10% do valor praticado pelo mercado e lança editais que patrocinam produções rodadas parcialmente no local. Desde 2006, mais de 40 produções foram atraídas paraPaulínia, entre elas, Hotel Atlântico, de Suzana Amaral, Salve geral, de Sérgio Rezende, Ensaio sobre a cegueira, de Fernando Meirelles e Quanto dura o amor?, de Roberto Moreira. O edital mais recente destina R$ 9 milhões para dez longas, entre eles, As vidas de Chico Xavier, de Daniel Filho; Filme de estrada, de Selton Mello; À beira do caminho, de Breno Silveira; e Transeunte, de Eryk Rocha.

A opção por investir na cultura - o cinema é foco principal, mas há atividades ligadas à música (mês que vem o teatro municipal recebe a Orquestra Filarmônica de Israel regida por Zubin Mehta) e dança - não é gratuita. De acordo com Albert Moreira, diretor do departamento de cinema da secretaria municipal de cultura, Paulínia não arrecada tanto quanto antes. Nas próximas décadas, diz ele, decrescerão as atividades ligadas ao petróleo. "Fizemos um estudo e constatamos que o cinema é o segmento de mercado com o maior retorno financeiro", diz Moreira.

Tudo está sendo construído num enorme terreno desapropriado pela prefeitura, pois pertencia a uma empresa falida há muitos anos. Neste momento, estão em atividade a Paulínia Film Comission, a Escola Magia de Cinema (com 2 mil metros quadrados que já formou 520 alunos), uma escola infantil de animação stop motion e um estúdio de 600 metros quadrados (atualmente alugado para a produção de Daniel Filho). Nos próximos meses, mais quatro estúdios entrarão em funcionamento. O maior deles terá 900 m2, grids eletrônicos e 14 metros de altura.

Estúdio 3D é o maior da América Latina

Na última terça-feira, o Polo de Paulínia inaugurou um estúdio de animação 3D, anunciado como o maior e mais bem equipado da América Latina. Baseado no modelo da Industrial Light and Magic de George Lucas, o Paulínia Animation Studio conta com estúdios de computação gráfica e animação capazes, de acordo com o diretor de design Rodrigo Eustáquio, de produzir efeitos semelhantes a dos filmes 300 e Sin city. "Não queremos concorrer com outros estúdios. Nosso foco é cinema de longa-metragem".

Sob os auspícios do consultor israelense Effi Wizen, um dos pioneiros da animação em 3D, o estúdio de três pavimentos está equipado a mais recente tecnologia do mercado: são 120 workstations, ilhas de edição e montagem, auditório para exibição e correção de cor. "Nosso equipamento se equipara a qualquer estúdio norte-americano", diz Eustáquio. Alguns dos trunfos do estúdio são as salas com edição Maya, Lustre, Smoke e Flame, software que renderiza em tempo real e permite acompanhamento via satélite, ligado a uma rede de 10 terabytes que permite acesso a arquivos de 50 gb em 15 segundos. Ainda este ano, estará em funcionamento um scanner 3D capaz de digitalizar seres humanos, técnica utilizada no filme Beowulf, de Robert Zemeckis.

Além de viabilizar produções locais com o preço 80% abaixo do praticado no mercado, o objetivo é atrair estúdios internacionais para as facilidades do Polo de Paulínia. "Aqui, o custo com estrutura e mão de obra é mais baixo. Parece pouco, mas numa produção de R$ 100 milhões isso faz muita diferença", diz Eustáquio.

Como estratégia de divulgação, a prefeitura de Paulínia convidou "arautos" como Alan Brewer, representante da The Weinstein Company e o diretor de arte Laurent Ben-Mimoun, que tem no currículo filmes como O senhor do anéis e Moulin rouge e o recente Terra perdida (Land of the lost), que estreia em agosto.

A mão de obra ainda é uma das poucas, senão a única defasagem do estúdio de Paulínia. Há capacidade para 200 funcionários, mas apenas seis ocupam as cadeiras. "Precisamos de modeladores, profissionais de textura e principalmente operadores Flame", diz Eustáquio. Candidatos às vagas devem enviar currículo para o email juliana@qfx.com.br. Ao que parece, os profissionais de animação finalmente encontraram um playground à altura.

(Diario de Pernambuco, Caderno Viver, 19/07/09)

3 comentários:

michiy disse...

Voces sabem se o Paulinia Animation Studios tem website?

Oliver disse...

Sou de Salvador e fiz parte do teatro pelorinho.. quero muito fazer teatro,cinema ou até mesmo um teste!! irei mora ai só prá realiza meu sonho. vcs podem mim ajuda?
Robelio_cruz@hotmail.com grato.

Anônimo disse...

P.. Animation S... Isso é Brasil. Por isso que não vai pra frente. Já arrumaram um nome em inglês pra dizer que não são de nada mesmo. Eu, hem...