sexta-feira, 27 de maio de 2011
Cavani Rosas vai ao cinema
Três curtas-metragens marcam a estreia do artista plástico Cavani Rosas no cinema: Sob a pele, de Pedro Sotero e Daniel Bandeira; O ex-mágico, de Olimpio Gonçalves da Silveira Costa; e Deixem Diana em paz, de Júlio Cavani. Todos estão em fase de pré-produção e até o fim do ano devem estar prontos para circular em festivais. A sincronia dos projetos é pura coincidência e se explica porque todos foram aprovados pelo último edital do Funcultura. Cavani também trabalhará no próximo videoclipe de Jr. Black.
“Antes disso, o máximo que tinha feito foi o desenho de produção de Recife de dentro para fora, de Kátia Mesel”, conta o artista, enquanto termina de desenhar um dos 70 cenários da animação O ex-mágico. Com uma caneta esferográfica, ele desenha o ambiente interno de um casarão, um dos vários que compõem uma cidade imaginária, com fachadas que remetem à década de 1930.
Baseado no conto O ex-mágico da Taberna Minhota, de Murilo Rubião, o curta usa técnicas de animação quadro-a-quadro, 3D, cenários feitos à mão e personagens em rotoscopia. O preto e branco predomina, mas há alguns detalhes coloridos. A produção mobiliza cerca de dez pessoas, que trabalham em estúdio recém-inaugurado na Ilha do Retiro. A trilha sonora é de Cláudio N (Chambaril).
Sob a pele é uma ficção com atores, com argumento e fotografia de Sotero, roteiro de Bandeira, direção de arte de Juliano Dornelles e Thales Junqueira, som de Pablo Lamar. Cavani está criando duas tatuagens que serão transpostas para o corpo da atriz, Rita Carelli (Décimo segundo), que contracena com Mariano Mattos Martins (do Teatro Oficina) em uma única locação, o apartamento em que moram Sotero e Dornelles. “As ilustrações são a essência da ideia do filme, mas falar sobre isso agora seria um spoiler muito grande”, diz Sotero. As filmagens começam em julho.
Cavani trabalha também na animação Deixem Diana em paz, HQ de sua autoria, feita a partir de história do jornalista Fred Navarro. A produção é de Débora Brennand e a direção de Júlio Cavani, filho do artista e repórter do Diario. A personagem é uma mulher com histórico de eficiência profissional, mas que passa cada vez mais tempo dormindo. A ideia é que a adaptação traga o aspecto bidimensional dos quadrinhos, por isso, usará a técnica tradicional da animação quadro a quadro, que ficará a cargo de Marcos Buccini. A música será de Cláudio N e Carlos Montenegro, que participaram da trilha de Viajo porque preciso, volto porque te amo.
Fantástico através do realismo - Artista plástico e ilustrador, Cavani Rosas começou a carreira na década de 1960. No Diario de Pernambuco foi ilustrador do suplemento infantil e da página de humor. Colaborou para publicações como Folha de S. Paulo, Caros amigos e Le Monde Diplomatique. Ele trabalha com mosaicos, murais e esculturas (algumas podem ser vistas em edifícios do Recife, shoppings e na Praça dos Lanceiros, em Nazaré da Mata).
Como desenhista, busca o fantástico através do realismo das formas humanas, da natureza e da arquitetura. “Era rato de biblioteca, vivia na Faculdade de Arquitetura. Gosto de desenhar prédios antigos, já desenhei livros de anatomia e no Butantã trabalhei com animais. Isso ajuda a trazer mais realismo para os desenhos”, diz Cavani.
Nos quadrinhos, sua obra dialoga com Paolo Serpieri, Moebius e Alejandro Jodorowsky. De Winsor McKay, criador de Little Nemo, tirou inspiração para o personagem Voyager, que faz meditação e viagens astrais. “Cresci em família espírita, isso me ajudou a sonhar e me aproximar do ocultismo”. Nas artes plásticas, ele cita M.C. Escher, Albert Dürer (Aula de anatomia) e a série Bico de pena, de Paul Klee.
Desde 1978, ele vive entre o Recife e São Paulo, onde mantém ateliê no bairro do Morumbi e atualmente é tema da exposição Mágico Desenho, na Galeria 3058 de Anna Guerra. Agora, pretende reabrir ateliê no Recife. “Os projetos estão me trazendo pra cá”.
(Diario de Pernambuco, 27/05/2011)
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Um comentário:
Valeu, Dib
(julio)
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