sábado, 21 de maio de 2011
Estrada para Ythaca em pré-estreia hoje, no Cinema da Fundação
A busca pela liberdade criativa levou quatro diretores à Estrada para Ythaca. Vale invocar Rogério Sgarnzela: os cearenses Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti nos apresentam hoje às 20h20, em pré-estreia no Cinema da Fundação, um autêntico “filme de cinema”. Após a sessão, os irmãos Pretti conversam com o público.
Ythaca conta a história de quatro amigos (os próprios diretores, com barbas postiças), que após bebedeira pegam a estrada para prestar condolências a Júlio, companheiro que acabara de falecer. Destemido, o filme acerta e erra. Consequência de quem arrisca.
Luiz Pretti diz que o cerne de Ythaca está no fortalecimento da amizade entre os realizadores. “A melhor forma para isso seria fazer um filme juntos, sobre o encontro feliz de quatro pessoas”. A ideia de fazer um filme viajando, sem compromisso com mais nada, surgiu quando discutiam a montagem de um curta.
“As locações eram encontradas ao longo da viagem. Às vezes a gente tinha dúvidas se ia realmente virar um filme”. Virou, antes de tudo, uma espécie declaração de princípios estéticos e processuais. “Para lá é o cinema desconhecido, o cinema da aventura; Por aqui, o cinema do terceiro mundo, um cinema perigoso, divino e maravilhoso”, anuncia o personagem Júlio, numa encruzilhada. Palavras ditas originalmente por Glauber Rocha em O vento do leste (1970), de Godard. “A cena tem função narrativa, mas também implicações políticas e históricas importantes pra gente, pois fizemos o filme em condições precárias”, conta.
Os irmãos Pretti e primos Parente (como eles se apresentam nos créditos) integram o coletivo Alumbramento, um dos núcleos de renovação do cinema nacional. Seu longa mais recente, Os monstros, segue pelo mesmo caminho. Eles também participam de outros focos criativos do cinema independente: no Recife, os Pretti trabalham com Marcelo Pedroso no curta Câmara escura. Em Belo Horizonte, Luiz monta um filme da produtora Teia. Em Fortaleza, os irmãos montam o novo documentário de Ivo Lopes de Araújo e Pedro Diógenes. A conexão é tida por Luiz como natural e saudável. “Mais do que identificação estética, acho que há um intercâmbio de ideias, de vontade de realização, de mundo”.
Distribuido pela Vitrine Filmes, Estrada para Ythaca inaugura no Recife uma nova estratégia, que reveza filmes independentes em oito capitais, que ficam em cartaz por uma semana em oito cidades. No mesmo pacote estão, entre outros, Um lugar ao Sol, de Gabriel Mascaro e Pacific, de Marcelo Pedroso, Estrada Real da Cachaça, de Pedro Urano e Morro do Céu, de Gustavo Spolidoro.
(Diario de Pernambuco, 21/05/2011)
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