Em Hollywood, uma quarta continuação só se justifica com muito dinheiro em jogo ou por determinação pessoal, no caso, a do ator Johnny Depp. Assim se explica Piratas do Caribe: navegando em águas misteriosas. O papel do pirata afetado Jack Sparrow significa muito para Depp, que pretende que a série continue indefinidamente. O sinal é verde-musgo: os três filmes anteriores somaram a quantia de US$ 2,6 bilhões. No Brasil, o longa estreia em 730 salas.
Nesse contexto, a mudança de diretores foi apenas um detalhe. Sai Gore Verbinski (Rango), entra Rob Marshall (Chicago, Nine). O quarto episódio traz personagens, cenários e situações novas, mas não acrescenta ao espírito da série, além do que já foi mostrado. Por outro lado, para quem gosta da franquia, também não há deméritos.
Agora em 3D, sequências de ação são o melhor das duas horas e 13 minutos de projeção. O ritmo é de aventura, pontuado por tentativas não consumadas de romance. Da fuga entre carruagens nas ruas de Londres ao motim entre cordas do navio do Barba Negra (Ian McShane), Sparrow enfrenta novamente a rivalidade de Barbossa (Geoffrey Rush) na busca pela fonte da eterna juventude.
Há, no todo, um verniz que não deixa o filme respirar. Aditivos que poderiam gerar interesse extra, como a presença de zumbis e sereias, são explorados de forma apressada. A beleza de Penélope Cruz, que entra na história como um caso antigo de Sparrow, insinua uma dimensão sexual que nem de longe se realiza. É o padrão Disney, que de tão puritano pasteuriza a violência para o consumo familiar.
As espadas são afiadas, pessoas morrem a rodo, mas não se vê escorrer um pingo de sangue sequer. Diversão com normas de segurança. O que mais esperar da adaptação de um parque temático?
(Diario de Pernambuco, 20/05/2011)
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