Premiado em quatro categorias principais, O discurso do Rei é o grande vencedor do 83º Academy Awards, consagração máxima concedida por Hollywood às produções e profissionais que se destacaram no último ano. A cerimônia de entrega do Oscar foi transmitida ontem à noite, ao vivo do Kodak Theatre, em Los Angeles. Desde o início, o clima foi de nostalgia. Grandes produções do cinema norte-americano foram evocados: E o vento levou, Casablanca (cuja trilha, As time goes by, foi lembrada em vídeo por Barak Obama) e Titanic. Durante pouco mais de três horas (a cerimônia terminou à 1h40) outros clássicos musicais ressurgiram, entre eles Somewhere over the rainbown, tema de O Mágico de Oz e Ain’t misbehavin’, um dos mais tradicionais standards do jazz, utilizado para lembrar a primeira edição do Oscar, em 1929.
Nada mais coerente que O Discurso do Rei, filme mais convencional impossível, tenha vencido nas principais categorias. Por outro lado, há o impulso para a inovação tecnológica, traduzido em quatro prêmios técnicos para o vazio perfeito de A origem, de Christopher Nolan.
Durante as três horas de duração, o que se viu foi um evento solene demais, quase sempre morno e previsível, mérito dos apresentadores James Franco e Anne Hataway, que deram à festa um ar bem comportado. Os melhores momentos foram logo no começo, graças a presença de Kirk Douglas, que anunciou Melissa Leo (O vencedor) a melhor atriz coadjuvante. “Me tiraram da caverna”, disse o bem humorado ator de 94 anos, lançando elogios a todas as beldades a seu redor. Logo depois, o cantor Justin Timberlake, que em A rede social interpreta o fundador do Napster, Sean Parker, brinca com a ausência do diretor do documentário indicado Exit through a gift shop, proibido de entrar disfarçado na festa para proteger sua identidade: “Eu sou Banksy”.
Ao anunciar o grande vencedor, Steven Spielberg lembrou que grandes filmes ficaram sem o Oscar, como Cidadão Kane e Touro indomável. O tempo ainda dará conta de dizer se A rede social e seu diretor, David Fincher, será um deles.
Aos 50 anos, o inglês Colin Firth foi coroado com justiça por Hollywood. Desde 2009, sua notável performance em Direito de amar (A single man) o gabaritou à estatueta, então concedida a Jeff Bridges por ter vivido o embriagado compositor country em Coração louco. Um ano depois, chegou a vez de Firth, que fez questão de agradecer ao estilista Tom Ford, diretor de Direito de amar, pela conquista.
Antes de proferir seu discurso, Firth cumprimentou Geofrey Rush, que no filme de Tom Hooper interpreta o terapeuta que dá confiança ao Rei George VI. Ao microfone, o ator foi polido e confessou estar com frio na barriga. “Acho que pode ser problemático se isso chegar às minhas pernas”.
Bridges pode ter perdido o Oscar para Firth, mas teve seu momento na noite de ontem ao entregar o Oscar para Natalie Portman, a bailarina atormentada de Cisne negro. O xerife decadente de Bravura Indômita teceu observações sobre a performance de cada uma das candidatas. Grávida de Benjamin Millepied, coreógrafo e ator do filme, Natalie agradeceu a vários nomes, chamou Daren Aronofsky de “visionário” e a Millepied por propiciar a ela a maternidade. “É o papel mais importante de minha vida”.
A academia também consagrou Trent Reznor (melhor trilha sonora orginal), que de fato fez um belo trabalho em A rede social. Desde 1997, o fundador do Nine Inch Nails já feito história ao produzir a estranha música de A estrada perdida, de David Lynch.
OS VENCEDORES
Melhor filme
O discurso do rei
Melhor diretor
Tom Hooper – O discurso do rei
Melhor ator
Colin Firth – O discurso do rei
Melhor atriz
Natalie Portman – Cisne negro
Melhor ator coadjuvante
Christian Bale – O vencedor
Melhor atriz coadjuvante
Melissa Leo (O vencedor)
Melhor roteiro original
David Seidler (O discurso do rei)
Melhor roteiro adaptado
Aaron Sorkin (A rede social)
Melhor longa-metragem de animação
Toy Story 3
Melhor direção de arte
Alice no País das Maravilhas
Melhor fotografia
Wally Pfister (A origem)
Melhor figurino
Alice no País das Maravilhas
Melhor montagem
A rede social
Melhores efeitos visuais
A Origem
Melhor maquiagem
O Lobisomem
Melhor documentário (longa-metragem)
Trabalho interno
Melhor documentário (curta-metragem)
Strangers no more
Melhor filme de língua estrangeira
Em um mundo melhor (Dinamarca)
Melhor trilha sonora original
Trent Reznor e Atticus Ross (A rede social)
Melhor canção original
We belong together, de Toy Story 3
Melhor curta-metragem
God of love
Melhor curta-metragem de animação
The lost thing
Melhor edição de som
A origem
Melhor mixagem de som
A origem
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