domingo, 6 de março de 2011

Garanhuns Jazz Festival 2011 - 1ª noite



Metaleiros dançando blues é a imagem que melhor resume a primeira noite do Garanhuns Jazz Festival. Tudo a ver com o objetivo democrático do evento. O maior responsável se chama Andreas Kisser. Apesar de ter vindo sem o Sepultura, o guitarrista atraiu uma legião de fãs, que se misturou à gente boa que tomava uísque nas mesas em frente ao palco. Estes curtiram bastante os shows anteriores. Mas começaram a sumir na medida em que as notas distorcidas de Kisser e Artur Menezes convocavam cada vez mais jovens com garrafas de vinho barato, camisetas pretas, tatuagens e cabelos coloridos. Nem todas as barreiras podem ser quebradas de uma vez.

O show dos guitarristas com a Uptown Band ateou fogo em uma noite que foi esquentando aos poucos. Às 21h, quando o grupo Grupo Afro Estrela abriu as atividades, nem havia tanta gente. Logo depois, Dom Angelo Jazz Combo atraiu atenção com standards famosos na voz de Frank Sinatra, interpretadas por Arthur Philipe. O projeto é instrumental mas para o festival investiu em músicas facilmente reconhecíveis. Mais animosidade despertou Atiba Taylor, que entre outras cantou Take me to the river e Unchain my heart. Norte-americano radicado em Alagoas, Taylor ocupa posto ocupado que ano passado foi de Karl Dixon, só que com mais talento musical e menos presença de palco.

Quanto a Don Angelo, fica a impressão de que o talento dos músicos talvez tenha sido desperdiçado em repertório óbvio demais. Após o show, Angelo Mongiovi disse que a oportunidade de conferir suas músicas autorais será no próximo dia 19, em show no Santander Cultural.

Caso à parte foi o Quinteto Violado, que apesar de ter passado o dia na maratona do Galo da Madrugada, chegou em tempo e fez um show de classe baseado em música nordestina e também no samba paulista, em arranjo jazzy para Trem das onze, de Adoniran Barbosa, um dos melhores momentos da noite. No backstage, Dudu Nobre disse que os 40 anos do Quinteto serão comemorados a partir de maio, em exposição no Centro Cultural Correios, lançamento de livro e gravação do DVD em outubro, no Teatro da UFPE.

Ao som dos primeiros riffs de Heartbreaker, do Led Zeppelin, Andreas Kisser provocou assim que subiu no palco. Talvez a melhor síntese entre o metal e o blues, Whole lotta love, também do grupo britânico, eletrizou a plateia e caiu como uma luva para entender a presença de Kisser no festival. Seu único rival foi Artur Menezes, jovem prodígio que esbanjou talento e agilidade em solos que remetem a seus ídolos BB King, Albert Collins e Stevie Ray Vaughan. O público deliroue continuou a se manifestar por quase uma hora depois do show terminar. Sinal de que o Garanhuns Jazz começou bem.

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