domingo, 3 de abril de 2011

A morte não lhe cai bem


Ruim que doi

Aos 30 minutos de Fúria sobre rodas (Drive angry, EUA, 2011), um Nicolas Cage loiro faz sexo com uma garçonete. Ele vestido, ela nua, enquanto atira em satanistas e entorna uma garrafa de Jack Daniel's. A música de fundo é thrash metal e espirra sangue para todo lado. Poderia um bom programa para fãs de filmes B, mas nem a isso chega o novo longa de Patrick Lussier. Ele, que já havia feito o remake de Dia dos namorados macabro, oferece agora essa mistura indigesta de Motoqueiro fantasma e Velozes e furiosos.

A história começa sem muita explicação e esclarece durante o filme, com gente morrendo a rodo, a cada novo cenário. Há John Milton (Cage), criminoso que sumiu do mapa e agora corre atrás da neta, um bebê raptado por satanistas liderados pelo assassino de sua filha. Há o Contador (William Fichtner), ser sobrenatural, mensageiro do inferno, que corre atrás de Milton. Lúcifer não gosta de criancinhas sacrificadas em seu nome e o Contador vai fazer de tudo para que o chefe não se irrite. No caminho Milton encontra Piper (Amber Heard), que se torna parceira disposta e boa de briga.

A perseguição de carros, de onde deriva o título (de olho no potencial lucrativo de Velozes e furiosos 5, que estreia em 29 de abril), é a única diversão que se salva. São coreografias e tanto, com troca de tiros entre veículos em queda livre e uma pirueta slow motion feita por caminhão de gás hidrogênio. O 3D cumpre a missão de disparar balas e vidro para todos os lados, carne moída inclusa. E para não atrapalhar armas apontadas para fora da tela, a legenda muda de lugar numa boa.

Norte-americanos adoram filmes com carrões, violência, seitas, sexo e rock. À prova de morte, de Quentin Tarantino, já nos lembrou disso de maneira exemplar. Nicolas Cage é afeito à temática. Seu histórico de filmes de ação é imenso e irregular. E Fúria sobre rodas arrisca ser o pior. Ele pode. Já fez pérolas como Coração selvagem (1990), A outra face (1997) e Vício frenético (2009). Como bem ensina o filme, não importa o que aconteça, pé na tábua.

* no Recife, Fúria sobre rodas está em cartaz nos cinemas Box Guararapes, Multiplex Boa Vista e UCI Casa Forte, Recife e Tacaruna.

(Diario de Pernambuco, 04/04/2011)

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