domingo, 18 de outubro de 2009
Cinema a golpes de Taekwondo
Jet Li que se cuide. Inspirado nele e nos ídolos Bruce Lee e Jackie Chan, um professor de artes marciais de Jaboatão dos Guararapes vem dirigindo uma série de filmes de ação ambientados na própria cidade.
No mais recente, O policial kickboxer, ele não só dirige, como produz, escreve e atua como o agente Lin, convocado pela polícia para desbaratar uma máfia que assalta caminhões. O maior inimigo de Lin é Beterraba, implacável chefe da máfia que barbariza mocinhas e aterroriza as transportadoras de Jaboatão.
O policial kickboxer é a terceira obra de Rosiel Santos, que nos últimos anos dirigiu os curtas Missão arriscada (ainda como Ozzy Lee) e O motoboy kickboxer. Com o último, chamou atenção da mídia local. Frequentou quase todos os jornais e TVs, que geralmente adotam o viés burlesco para apresentar a história.
Com 35 anos de idade, Rosiel é faixa-preta em três tipos de luta: Kickboxing, Taekwondo e Hapikdô. Ganhou 32 campeonatos. Até agora, garante a vida dando aulas particulares para jovens e crianças dos bairros da Madalena, San Martin, Parnamirim e onde mais for chamado. Para completar o orçamento, todos os domingos trabalha como entregador da Pizzaria Siciliano, em Candeias.
Mas a vida de professor e entregador de pizza não é suficiente. Seu objetivo é crescer e aparecer como ator e coreógrafo de cenas de luta. Quer apoio para realizar novos roteiros como o curta O policial kickboxer 2 (sobre a corrupção na polícia, inspirado em Tropa de elite) e seu primeiro longa, Inimigo imortal, em que ele precisa enfrentar um rapaz que morre em acidente de carro e volta à vida imbatível, graças a uma experiência de laboratório. Diferente dos filmes anteriores, neste não haverá somente lutas. "Vou fazer uma cena em que estou na piscina, com dez mulheres", afirma, sem medo de represálias da esposa. "Já contei isso a ela".
Para Rosiel, o melhor desfecho possível seria deixar a produção dos próximos filmes na mão de profissionais. "Tenho ideias para encher um rio. Mas o primordial é mostrar minha arte, o talento que Deus me deu". Até agora, conta com o apoio do amigo e advogado Djailton Melo, que no Policial kickboxer fez mais do que dar uma força na produção. Atuou no papel do delegado.
Auxílio de Djailton à parte, os filmes de Rosiel são feitos a custo zero. A câmera? Uma Panasonic bitola VHS-C. O elenco? Lutadores amigos, felizes em aparecer num filme. Até o filho, Rosiel Lee Santos, 5 anos, dá uma canja em uma das cenas. Edição e créditos? O computador de um amigo "desenrolado", da Imbiribeira. Distribuição? Locadoras e camelôs de Prazeres, bairro onde mora. Venda direta ao consumidor? 8836-4914 ou 3462-6988. O DVD custa simbólicos R$ 5.
Há dez anos, quando decidiu se aventurar no cinema, Rosiel sofreu críticas de diferentes pessoas. Não se deixou abater. "Quebrei essa barreira. Sei que não está 100%, mas os filmes têm alguma qualidade. Aprendi que, se eu tenho um sonho, é para colocar em prática com garra e deteminação. Se baixar a cabeça, não vou a lugar nenhum". Se o plano de Rosiel der certo, será a realização do slogan de divulgação de O policial kickboxer: "Jaboatão dos Guararapes nunca mais será a mesma".
(Diario de Pernambuco, 18/10/09)
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