sábado, 17 de outubro de 2009

Paisagem do abandono



A abertura do Janela acabou de acontecer e saio no calor do momento com o filme de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz na cabeça. Viajo porque preciso, volto porque te amo é de longe o filme mais experimental da carreira dos dois diretores.

Antes da projeção, Gomes pediu paciência ao público. Nem foi preciso. Mesmo com o Cinema da Fundação lotado a ponto de - cena rara - haver gente sentada no chão, durante a sessão não se ouviu um ruído sequer além dos que saíam das caixas de som.

(para quem perdeu a sessão: amanhã (domingo), às 14h20, no Cinema da Fundação, haverá uma sessão extra do longa)

Na platéia estavam realizadores, de iniciantes a veteranos, e pessoas ligadas a demais atividades do audiovisual. E jovens, muitos jovens. Sabiam exatamente o que estavam procurando.

Estavam atentos à narração de José Renato (Irandhir Santos), geólogo que parte para o sertão com a missão de encontrar o melhor local para passar o canal que conduzirá as águas do São Francisco, de acordo com o projeto da transposição.

Ao longo do filme, ele conversa com seu amor, Joana, que ficou em Fortaleza. A dor da separação aos poucos se espalha por tudo.

As imagens choram cores e sangram luz. Estamos de volta ao sertão existencial de Cinema, aspirinas e urubus (de Gomes) e O céu de Suely (de Aïnouz). Cada um tem o seu.

Só que ainda mais radical e sem medo de arriscar. Que costura linguagens.

Depois da exibição, Marcelo Gomes, Irandhir Santos e os músicos do Chambaril (que assinam a trilha sonora) conversaram com o público. Gomes disse que sua busca é fazer cinema de invenção: filmes de baixo orçamento que procuram novas formas de contar uma história.

Hoje, às 15h, ele retoma a conversa com jovens realizadores convidados pelo Janela Internacional de Cinema do Recife. O encontro será no na Castigliani Cafés Especiais (Fundaj - Derby), por iniciativa do próprio diretor, que pretende compartilhar seu processo de criação.

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