quinta-feira, 4 de março de 2010

Cantos e contos com Xangai e Maciel Melo



Parceiros de longa data, Xangai e Maciel Melo se reencontram hoje e amanhã no palco do Manhattan Café Theatro. A dinâmica dos shows não poderia ser outra senão cantar, contar histórias e conversar com o público. No repertório estão clássicos como Matança, de Xangai, e Retinas, de Melo e Virgílio Siqueira, além de músicas novas e menos conhecidas. As apresentações integram o projeto Cantoria em Manhattan. Os Garçons Cantores fazem as honras de abertura.

"Um dá a deixa e o outro pega. É um formato bem interativo", resume Maciel Melo, do estúdio onde finaliza seu novo álbum, Duas caravelas. A última vez que a dupla se apresentou foi em setembro, no Piauí. Antes, no Recife, eles se encontraram no Teatro Guararapes, em show com Renato Teixeira em homenagem ao compositor Zito. "Eu sou das parcerias. Ao longo da vida sempre gostei de trabalhar só ou bem acompanhado", diz Xangai. Mesmo por telefone, ele não esconde a alegria em compartilhar o palco com Maciel. "Ele é um fenômeno, é de uma produtividade qualitativa equantitativa".

Maciel lembra que passou a colaborar com Xangai na época do lançamento do álbum Cantorias (1984), em que participam Xangai, Elomar, Geraldo Azevedo e Vital Farias. "Desde o começo da minha carreira fiz amizade com ele. Hoje, além de mestre, ele se tornou uma espécie de irmão mais velho", diz Maciel, que conta com o companheiro em participações especiais no DVD Isso vale um abraço (2008) e no CD Sem ouro e sem mágoa (2009). Maciel fez fama no forró, mas nunca deixou esmaecer seu lado cantador. "É uma forma de fazer poesia com responsabilidade e principalmente cantar por prazer".

Para a suíte que fazem no Recife, a dupla garante que não repetirá performances. "Cada show tem uma energia diferente. Muitas pessoas voltam para assistir. A gente vê no momento qual música mais adequada para a expressão da plateia", resume Xangai. Questionado sobre o futuro da tradição da cantoria, o compositor baiano se mostra preocupado. "A mídia está envolvida em pseudonovidades. As rádios tocam sempre as mesmas músicas. Se elas fossem comprometidas, valorizariam o repentista Pinto do Monteiro, que não deve nada aos grandes poetas."

E cita Bráulio Tavares, Juraílde da Cruz, Ivanildo Vilanova, Chico César e Cátia de França como artistas que poderiam ter maior destaque nos canais da cultura. Maciel também faz seu lamento: "deve ter muita gente boa por aí, sem aparecer. Eles devem desanimar, pois a gente liga a TV e lá tem coisas muito ruins como o Rebolation. Isso desestimula bastante. Tem gente por aí que prefere mudar de ramo, mas eu não. Vou continuar sendo o Caboclo Sonhador".

Serviço
Xangai e Maciel Melo em noite de cantoria
Quando: Hoje e amanhã, às 21h
Onde: Manhattan Café Theatro (Rua Francisco da Cunha, 881 - Boa Viagem)
Quanto: R$ 50 (hoje) e R$ 60 (amanhã). Mesas limitadas, a partir de quatro pessoas.
Reservas e informações: 3325-3372

(Diario de Pernambuco, 04/03/2010)

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