quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Olhar crítico sobre a violência
Hoje, à meia-noite (23h no Nordeste), a TV Brasil leva ao ar a série Lutas.doc, que discute a violência implícita e explícita no dia a dia dos brasileiros. Produção independente da Gullane e Buriti Filmes, a série questiona mitos recorrentes na mídia, políticos e livros escolares, de que o Brasil é o país do futuro, predestinado à grandeza, sem guerras ou conflitos raciais. A intenção dos diretores Luiz Bolognesi e Daniel Augusto é despertar o olhar crítico, inclusive do público jovem. Para isso, utilizam recursos como clipes de ação animados, citação a filmes da cinematografia nacional e trilha sonora à base de guitarras, baixo e bateria.
Em cinco capítulos, o programa entrevista personalidades que abordam o assunto sem rodeios: da política, participam o presidente Luís Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a senadora Marina Silva; entre os intelectuais, há depoimentos do historiador Luís Mir, o economista Eduardo Giannetti, a filósofa Márcia Tiburi, o cronista Ferrez,o psicanalista Contardo Calligaris e o jornalista Gilberto Dimenstein. Cada capítulo será transmitido nas terças-feiras, às 23h (22h no Nordeste), com reprise nas quintas-feiras, às 0h (23h no Nordeste).
O primeiro episódio, Guerra sem fim?, busca as raízes da cultura da violência no massacre dos índios iniciado pela Coroa Portuguesa. O segundo, Recursos humanos, continua a desenvolver o tema, desta vez com foco na exploração dos negros. O programa ganha profundidade e relevância ao conectar a cultura escravista, que aparentemente ficou no passado, com o nosso cotidiano. Por exemplo, eles apresentam a Rodovia Bandeirantes, assim batizada para homenagear os paulistas que partiam em "expedições civilizatórias", que atravessa ruas com nomes de povos indígenas por eles exterminados. Assim, afirma o que poucos querem admitir: que as relações servidão / exploração estão no DNA do brasileiro como uma herança maldita, inconsciente e disfarçada pela eterna imagem do homem cordial.
(Diario de Pernambuco, 07/01/20100
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